A bateria utiliza isótops de Níquel-63 para gerar corrente elétrica
Redatora
Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 16h07.
A startup chinesa Betavolt desenvolveu uma bateria nuclear que, segundo eles, pode gerar energia por até 50 anos sem a necessidade de recarga. Do tamanho de uma moeda, o último anúncio da empresa, feito em janeiro do ano passado, era de que a tecnologia estava em fase de testes, com planos de produção em massa para o mercado.
A startup destacou na época que a inovação irá ajudar a China a obter vantagem na competição pela inteligência artificial.De acordo com o CEO da Betavolt, Zhang Wei, a BV100 será o primeiro produto lançado pela startup e a primeira bateria nuclear do mundo a ser produzida em massa.
Ela terá potência de 100 microwatts, tensão de 3 volts e tamanho de 15 x 15 x 5 milímetros. Por dia, a bateria produz 8,64 joules. No início do ano passado, a empresa informou que pretendia lançar em 2025 uma bateria com potência de 1 watt.
Ainda segundo a empresa, a potência de geração de bateria atômica não é afetada por condições ambientais e funciona em temperaturas que variam de 120ºC até -60ºC. Além disso, as baterias são seguras e não apresentam radiação externa.
Para tal funcionamento, a bateria nuclear conta com um semicondutor produzido pela própria empresa de diamante de quarta geração, material semicondutor de alta eficiência.
Se cumprir o que a empresa prometeu, a bateria poderá ter aplicações na indústria aeroespacial, dispositivos de IA, equipamentos médicos e sensores avançados. Hoje, baterias nucleares existem no setor aeroespacial, mas são grandes, pesadas, de alto custo e operam em temperaturas elevadas. Por isso, não podem ser usadas em aplicações civis, como marcapassos e corações artificiais.
A Betavolte já registrou patente do dispositivo em Pequim, na China. A bateria produzida pela empresa usa isótopos níquel-63, mas a startup começou pesquisas com o estrôncio-90, promécio-147 e deutério para desenvolver baterias de maior potência e durabilidade.
Baterias nucleares não são uma novidade. Elas surgiram em 1950 e são uma tecnologia bem-estabelecida, afirma artigo do Live Science. Esses dispositivos utilizam a energia liberada por isótopos radioativos que se desintegram em outros elementos. Enquanto os isótopos continuarem se desintegrando, a bateria irá a continuar a gerar energia.
Tipicamente, esses dispositivos conseguem durar mais tempo e, por isso, são bastante utilizadas em naves espaciais, por exemplo, que precisam ficar longo tempo sem serem recarregados.
A Betavolt usa o isótopo níquel-63 como fonte de energia. Uma camada ultrafina semicondutora de diamante captura o elétron liberado quando o isótopo decai e o converte em corrente elétrica.
De acordo com a startup, após o período de decaimento, o níquel-63 se transforma em um isótopo estável de cobre, sem risco de radioatividade ou de poluição.
No caso da BV100, um problema listado é o tamanho da bateria, o que significa que contém poucos isótopos e produz apenas 0,01% da energia necessária. Nesse caso, o dispositivo poderia ser usado, por exemplo, em um marcapasso, mas pode não ter energia suficiente para um smartphone.