Tecnologia

A corrida da inteligência artificial

“Há 100 anos, a eletricidade mudou as fábricas e as casas. Agora o mesmo vai acontecer com a inteligência artificial.” – Kevin Kelly Quando Kevin Kelly fala, o mundo da tecnologia para e presta atenção nele. Kelly é um dos pioneiros da internet, mas sua startup de maior impacto, a comunidade virtual Well, não é […]

CENA DO FILME 2001: a inteligência artificial, por enquanto, não é mais esperta que uma criança / DIVULGAÇÃO

CENA DO FILME 2001: a inteligência artificial, por enquanto, não é mais esperta que uma criança / DIVULGAÇÃO

DR

Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2016 às 16h26.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h40.

“Há 100 anos, a eletricidade mudou as fábricas e as casas. Agora o mesmo vai acontecer com a inteligência artificial.” – Kevin Kelly

Quando Kevin Kelly fala, o mundo da tecnologia para e presta atenção nele. Kelly é um dos pioneiros da internet, mas sua startup de maior impacto, a comunidade virtual Well, não é conhecida por muita gente. Mas a Well era reverenciada por um grupo que viria a ter enorme influência na década seguinte: os protagonistas da primeira grande onda da internet comercial, em meados dos anos 90. Kelly é considerado um dos maiores oráculos do Vale do Silício. Seu novo livro, The Inevitable (“O inevitável”, numa tradução livre), trata das 12 forças tecnológicas que vão moldar os próximos 30 anos. O livro só será publicado em junho, mas Kelly apresentou algumas de suas ideias no South by South West, maior evento de tecnologia dos Estados Unidos, em meados de março. A mais impactante delas, e talvez a mais próxima da realidade, é a inteligência artificial.

O termo inteligência artificial é muito carregado. Ninguém está falando no computador assassino HAL 9000, do filme 2001: uma Odisseia no Espaço ou num futuro distópico em que máquinas vão subjugar a humanidade. A inteligência artificial já existe hoje e não é muito mais esperta do que uma criança de 4 anos de idade — nem vai ser, segundo Kelly. O computador Deep Blue, que em 1997 venceu o então campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, era muito inteligente — para jogar xadrez. Um aplicativo para smartphone lançado pelo Google no ano passado é capaz de reconhecer objetos e animais em fotografias. Em vez de procurar uma imagem em meio às milhares armazenadas no celular, basta digitar “vinho” ou “gato”. O sistema é capaz de enxergar e entender o que é mostrado em cada imagem e apresentar o resultado correto. Como diz Kelly, uma criança seria capaz de fazer o mesmo.

A diferença é que os computadores serão extremamente especializados nas mais diversas tarefas. “Serão muitas mentes para muitos tipos diferentes de pensamento”, diz o futurólogo. O supercomputador Watson, também da IBM, já é capaz de analisar exames de imagem e detectar câncer com mais precisão do que humanos. Outras aplicações incluem analisar e extrair informações relevantes de documentos que fazem parte de processos judiciais, uma tarefa lenta e ineficiente quando realizada por humanos. E toda essa inteligência artificial estará disponível pela internet. Assim como ninguém tem de ter um gerador em casa para manter a geladeira funcionando, os aparelhos poderão ser simples: os supercomputadores estarão na nuvem.

Ninguém quer saber os detalhes da produção de energia, o importante é que chegue até sua tomada. Com a inteligência artificial, será o mesmo. “A parte mecânica da coisa é chata”, diz Kelly. Esse é um jogo para grandes empresas, capazes de montar enormes centros de dados e analisar quantidades sobre-humanas de informações. A tendência é que haja um número limitado de grandes fornecedores, pois, quanto maior o volume de dados, mais inteligentes são os computadores. Longe dos olhos dos usuários, empresas como Google, Amazon, Facebook e Microsoft estão disputando uma corrida para dominar esse novo tipo de serviço.

A inteligência artificial também vai significar que mais robôs e computadores farão o trabalho de humanos. “Sim, ela vai roubar empregos que dependem de simples produtividade”, diz Kelly. “Há 200 anos, 70% da população americana trabalhava na agricultura. Se nessa época você dissesse que no futuro somente 1% da população estaria trabalhando com a terra, as pessoas o chamariam de louco.” Mas Kelly enxerga com otimismo o futuro em que todas as máquinas serão inteligentes. “As pessoas vão aprender a trabalhar junto com a inteligência artificial.” E existe muito trabalho que não pode ser medido em homens/hora. Arte, ciência, inovação, saúde — o computador criativo não existe nem mesmo na ficção científica.

(Sérgio Teixeira, de Nova York)

Acompanhe tudo sobre:Exame Hoje

Mais de Tecnologia

EUA impõem novas restrições emchips avançados da TSMC para clientes chineses, diz agência

Tencent e Visa lançam pagamento por palma da mão em Cingapura; primeiro mercado fora da China

Mídia programática com influenciadores: o plano da BrandLovrs para distribuir R$ 1 bi em 4 anos

Canadá ordena fechamento do escritório do TikTok, mas mantém app acessível