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A capital dos negócios digitais

A infra-estrutura e o grande mercado põem São Paulo no topo do comércio eletrônico

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h37.

A Grande São Paulo foi responsável por praticamente 80% das transações de comércio eletrônico feitas no Brasil no ano passado, movimentando mais de 15 bilhões de reais. Os números são da pesquisa Info100, da revista Info Exame, que lista os maiores nomes brasileiros do comércio pela internet.

As empresas com sede na região metropolitana lideram o ranking tanto na venda direta ao consumidor final (o chamado business-to-consumer, ou B2C) como nas transações entre empresas (business-to-business, ou B2B). Na primeira modalidade, as empresas paulistanas movimentaram juntas mais de 1,6 bilhão de reais em 2001. No B2B, o volume de transações ultrapassou 13,5 bilhões de reais (veja quadro abaixo). Em todo o país, o B2C contabilizou um movimento de 2 bilhões de reais no ano passado, segundo o ranking da Info. O B2B foi responsável por 16,5 bilhões de reais.

Quem achava que vender bens de consumo de alto valor pela internet era uma roubada caiu do cavalo. Ou melhor, do automóvel. Os maiores mercadores digitais da região metropolitana foram a Ford e a General Motors. Na venda direta aos internautas, a GM conseguiu fazer nada menos que 79% das vendas do Celta em 2001, o que corresponde a quase 7 000 veículos por mês. É um resultado extremamente significativo, mesmo levando-se em conta que a GM computou não só os pedidos feitos pelos consumidores em suas casas ou locais de trabalho como também as vendas fechadas nas concessionárias e formalizadas pelo computador. "O site do Celta não é apenas uma página de vendas, mas um canal de relacionamento que envolve toda a cadeia produtiva da empresa", diz Daikichi Yoshinaga, diretor de comércio eletrônico da montadora. Até o fim do ano, a GM planeja colocar novos modelos de automóveis para venda no site.

No comércio eletrônico entre empresas, quem se deu bem foi a Ford. Há dois anos ela vende caminhões, automóveis e autopeças pela internet para mais de 400 distribuidores. O volume de negócios pela web no país em 2001 foi o maior entre todas as filiais da montadora espalhadas pelo mundo -- perdeu só para a matriz, nos Estados Unidos. "Além do volume significativo de faturamento, nossa operação de B2B trouxe ganho de tempo e produtividade para distribuidores e fornecedores", afirma Roseli Marossi, gerente executiva de e-business da companhia.

Bits e bytes concentrados

Diversos fatores explicam a concentração do comércio eletrônico brasileiro em São Paulo. O primeiro é a infra-estrutura de telecomunicações, de longe a mais avançada do país. Além da grande penetração de linhas telefônicas (a densidade é de 27 linhas por 100 habitantes, superior à média nacional de 20 linhas para cada 100 pessoas), a metrópole conta com uma moderna rede de cabos de fibra óptica, o que torna a comunicação pela internet melhor e mais rápida. Uma prova disso é que os três maiores provedores de acesso à internet do país -- Universo Online (UOL), Terra Lycos e iG -- estão sediados na cidade. O fato de São Paulo possuir o maior mercado consumidor do Brasil também ajuda a explicar a concentração dos negócios online na região metropolitana. Não é à toa que a maior parte dos grupos estrangeiros que atuam na web brasileira foi atraída pelo gigantesco mercado consumidor de São Paulo -- em alguns casos, maior que o mercado de seus países de origem.

A infra-estrutura de qualidade e o grande mercado consumidor resultam numa quantidade expressiva de internautas e compradores online. Uma parte significativa do total de pessoas que acessam a internet no país (16 milhões, segundo o instituto Ibope eRatings) e dos que compram produtos e serviços pela internet (2 milhões de pessoas, segundo a consultoria E-Bit) mora na Grande São Paulo. "A região representa pelo menos 40% de qualquer métrica da web brasileira, seja em volume de negócios, seja em número de usuários ou em quantidade de transações online", diz Stelleo Tolda, principal executivo do Mercado Livre.com e do iBazar, os maiores sites de leilões do país.

São Paulo lidera também as operações bancárias pela internet. As dez primeiras instituições financeiras paulistanas do ranking Info100 de internet banking representaram 58% do volume nacional de movimentação de saldos e investimentos em 2001. Liderados pelo Bradesco e pelo Itaú, os bancos sediados na Grande São Paulo foram responsáveis pela circulação de 21,6 bilhões de reais pelo mundo online. O Bradesco apostou na filosofia de que internet banking é muito mais banking do que internet. "Em bom português, isso significa que o usuário quer objetividade e clareza na hora de transacionar pela web, e não ficar perdido no meio de firulas", diz Cândido Leonelli, diretor de produtos especiais do Bradesco. Em 2001, o primeiro banco brasileiro a entrar na internet contabilizou quase 200 milhões de transações online. Só o site de investimentos do banco, o ShopInvest, movimentou 1,2 bilhão de reais.

Dificilmente os 30 maiores nomes do comércio eletrônico de São Paulo deixarão de crescer em 2002. "A tendência é de crescimento nos próximos anos, pois as empresas ainda consideram a internet um simples canal de promoção e vendas", afirma o professor Alberto Albertin, da Fundação Getulio Vargas. "Quando começarem a usar a web para criar novos produtos e serviços, as transações online devem aumentar." Seja qual for o cenário, São Paulo permanecerá no topo.

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