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Apresentado por SIEMENS

7 perguntas para entender o caminho da energia no Brasil

Conhecer o trajeto da eletricidade é importante para entender o que acontece de errado e como a tecnologia pode melhorar esse percurso

Eletricidade: produção brasileira costuma acontecer longe dos principais centros de consumo (Jevgeni_Tr/Getty Images)

Eletricidade: produção brasileira costuma acontecer longe dos principais centros de consumo (Jevgeni_Tr/Getty Images)

Eletricidade: produção brasileira costuma acontecer longe dos principais centros de consumo (Jevgeni_Tr/Getty Images)

O trajeto percorrido pela energia elétrica, desde a sua geração até as residências e as empresas, ainda é um processo pouco conhecido pela população em geral. Antes de se transformar em eletricidade para ligar uma lâmpada ou um equipamento, a energia percorre um longo caminho, cruza centenas de quilômetros de linhas de transmissão pelo país e sofre mudanças a todo momento.

Embora seja considerada um recurso essencial para os cidadãos, a eletricidade ainda não é acessível a todos. Entender como funciona o caminho da energia é um dos primeiros passos para formar indivíduos bem informados, capazes de fazer um consumo consciente e aptos até a produzir sua própria eletricidade. Listamos perguntas e respostas comuns sobre como funciona a geração, transmissão e distribuição da energia no Brasil. Veja a seguir.

1. Como a eletricidade chega até a minha casa?

Podemos dividir esse processo em algumas partes. Confira, abaixo, o trajeto percorrido pela eletricidade desde o momento de sua geração:

- (Estúdio ABC)

1_ A maior parte da energia é produzida em hidrelétricas distantes dos centros de consumo, o que exige longas linhas de transmissão e dificulta o acesso à energia em regiões remotas.

2_ A energia é transformada e passa a ter alta-tensão para percorrer distâncias extensas. Isso resulta em perdas que reduzem a qualidade da energia.

3_ As distâncias dos cabos aumentam o risco de imprevistos, causam perdas e podem tornar a rede instável em algumas regiões.

4_ A energia ganha o formato ideal de consumo. Para residências, ela sofrerá uma redução em sua tensão. Já para empresas e indústrias, é transformada, mas permanece com tensão elevada.

5_ É quando a energia chega aos locais de consumo. Se estiver instável, pode comprometer equipamentos mais sensíveis.

2. Por que acontecem apagões?

“No Brasil, a maior parte da energia é produzida longe dos principais centros de consumo. Toda vez que se percorrem longas distâncias, as chances de acontecerem imprevistos aumentam”, diz José Aquiles Baesso, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Os apagões representam, portanto, a fragilidade no sistema de transmissão das redes elétricas e podem ser causados por falhas nos equipamentos de proteção dos cabos de transmissão ou até mesmo por um eventual pico de consumo.

Mas o principal motivo são os fenômenos naturais, como quedas de árvores e descargas elétricas. Todo o fornecimento é prejudicado quando tempestades provocam um desligamento na rede, por exemplo. Com o risco de o resto do sistema não suprir toda a demanda, o abastecimento é interrompido para proteger a rede de danos maiores.

“Dependendo de onde ocorrer a falha, ela criará uma reação em cadeia. É possível acontecer um apagão em um bairro, em uma cidade, em uma região inteira ou até mesmo em todo o sistema do país porque a rede está interligada”, explica Aquiles.

Para evitar esses problemas, existe no Brasil, desde 2013, a Rede de Gerenciamento de Energia (Reger). Trata-se de um sistema operacional inteligente que unifica os quatro centros de operação regional do país com o centro do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão responsável por coordenar a geração e a transmissão de energia elétrica em todo o Brasil.

Se um imprevisto acontece em uma região, o sistema é capaz de se reorganizar para suprir a demanda com a energia produzida em outro centro regional, o que ajuda a evitar interrupções indesejadas. Isso só é possível graças à gestão automática da energia elétrica que trafega no país realizada pela Reger.

3. A qualidade da energia muda de acordo com as regiões do país?

A quantidade do recurso que é dissipada no caminho feito pela energia afeta diretamente a qualidade da eletricidade fornecida em algumas regiões. “Perdemos 17% de tudo que produzimos. Isso equivale a uma usina hidrelétrica de Itaipu e tem um custo muito grande para a sociedade porque cria a necessidade de gerar mais energia do que o necessário”, explica Agostinho Pascalicchio, professor de engenharia elétrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Nossa tarifa elétrica é uma das mais caras do mundo. Por isso a importância de projetos que produzam a energia próximo dos centros de consumo.”

A eletricidade é avaliada por meio da tensão com que chega à casa das pessoas e pelo número de interrupções que sofre mensalmente. Uma concessionária que deseja permanecer no mercado deve cumprir uma série de exigências da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que determina a qualidade da energia.

Para uma concessionária aumentar a tarifa e ter mais lucro, ela precisa apresentar relatórios que comprovem melhorias nos indicadores do fornecimento. “Existe um esforço em melhorar o serviço prestado. Mas as empresas das regiões Sul e Sudeste são as que têm melhores indicadores. E isso impacta na qualidade do fornecimento”, diz Aquiles, da Poli.

4. A energia que abastece residências é diferente da que vai para empresas?

Não há distinção na qualidade da energia que é entregue para companhias e casas de uma região. A diferença é a forma como ela é entregue. A tensão com a qual chega às indústrias é maior. Por isso, elas instalam equipamentos que controlam a energia em alta-tensão e a distribuem para as máquinas. Já em residências, as exigências de segurança são mais simples, pois elas recebem a energia em baixa tensão.

As empresas têm duas conexões com a rede. Se uma delas for rompida, o fornecimento não será cortado para não parar a linha de produção. Em residências, se os cabos se romperem, será preciso solicitar o reparo. “Se compararmos com uma indústria, não há grandes prejuízos para uma casa caso ela fique sem energia por um curto período”, diz Aquiles.

Além disso, segundo Pascalicchio, a energia precisa ser transmitida em alta-tensão para percorrer grandes distâncias, o que resulta em perdas que poderiam ser evitadas caso a produção fosse próxima da região de consumo. Matrizes renováveis de energia, como a solar e a eólica, geram eletricidade em baixa tensão e podem ser instaladas pelos consumidores, que ganham independência para produzir eletricidade.

5. Por que a energia em algumas casas é tão instável?

A falta de investimentos na proteção e substituição de cabos de transmissão é uma das razões que tornam o fornecimento de energia vulnerável à ação de chuvas e quedas de árvores. Mas nem sempre uma instabilidade na rede pode ser considerada uma falha. “A luz piscar de vez em quando, por exemplo, é um tipo de interrupção de milissegundos que pode acontecer por diversos motivos, como variações na frequência em que é gerada a energia. Isso é normal, desde que não sejam ultrapassados os limites estabelecidos pela Aneel”, explica Pascalicchio.

Caso exceda o tempo permitido, máquinas e equipamentos mais sensíveis podem ser afetados, o que reduz o tempo de vida útil dos aparelhos. A modernização das infraestruturas da rede para torná-la inteligente é a melhor solução para esse problema. Novas tecnologias de smart grid automatizam a distribuição e a transmissão de energia, além de serem capazes de monitorar os consumidores em tempo real, o que permite aos técnicos das concessionárias identificarem falhas no fornecimento.

6. Como tornar o caminho da energia mais seguro e eficiente?

Mesmo com soluções de grande porte para a rede nacional, como a Reger, os especialistas consideram que a energia mais segura e eficiente é aquela produzida o mais próximo possível do ponto de consumo. Com isso, as perdas no meio do caminho acabam e a energia ainda pode ser produzida na tensão de consumo, o que facilita a distribuição.

“Uma casa em um bairro residencial precisa que a energia chegue com tensão de 220 volts. Se já é produzida nessa tensão, ela é a mais segura que existe. As tecnologias têm caminhado para propor soluções nesse sentido, como a geração distribuída, que resulta em um caminho seguro para a energia, reduz muito as perdas e quase acaba com os riscos de apagões”, afirma Pascalicchio, do Mackenzie. Segundo o professor, o estímulo a uma energia segura, no Brasil, ainda está em fase inicial, mas existe uma tendência do mercado nessa direção.

7. Por que algumas áreas do país ainda não têm eletricidade?

Levantamento da Aneel divulgado este ano revela que há 1 milhão de residências sem luz no país, sendo que a maior parte está nas regiões Norte e Nordeste. Isso acontece porque considerava-se inviável economicamente construir quilômetros de cabos de transmissão para atender pequenas comunidades.

O cenário tende a mudar com a geração distribuída e por meio da instalação de painéis solares nas residências, por exemplo. “É uma questão humanitária. Mesmo se considerarmos a parte econômica, com as tecnologias que existem hoje no mercado, ficou mais barato implementar projetos de energia renovável que não dependem de baterias e nem de linhas de transmissão e distribuição. Não existem mais justificativas para comunidades ficarem sem acesso à energia”, diz Pascalicchio.

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