São Paulo - Como será o carro do futuro? A pergunta que intriga motoristas e especialistas tem várias respostas, mas poucas certezas. Com a evolução de gadgets e outras tecnologias, o mais provável é que veículos se transformem em plataformas interativas ambulantes - fornecendo dados técnicos e conectividade com outros dispositivos. Com as novidades, surgem novas preocupações - como a proteção contra o ataque de hackers. É interessante perceber que muita coisa já vem sendo implementada e que, aos poucos, o futuro está chegando a nossos carros sem que percebamos. Em entrevista à EXAME.com, Jeffrey Miller falou sobre o tema. Ele é membro da IEEE (Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos) e professor da Universidade de Alasca Anchorage. A seguir, veja seis tendências que prometem conquistar os veículos nos próximos anos.
Na opinião de especialistas, plataformas móveis como smartphones e tablets terão no futuro um papel mais importante do lado de fora do que dentro dos carros. "Eles serão úteis para fechar portas, acionar alarmes e mesmo dar a partida nos veículos", afirma Miller. Segundo o especialista, outra utilidade é o monitoramento de problemas técnicos - que também poderá ser feito por meio desses dispositivos. "Pode ser que seu mecânico faça a revisão do seu carro com um tablet na mão", afirma ele. Para Miller, tablets e smartphones não serão tão importantes internamente nos carros, uma vez que tecnologias muito semelhantes a essas virão embutidas - na forma de painéis eletrônicos que exibirão dados relacionados ao veículo.
A conectividade é uma das principais tendências do carro do futuro. A inovação já aparece em aparelhos como o Nissan NISMO Watch (relógio inteligente que consegue se conectar aos carros da Nissan, exibindo dados como velocidade média e consumo de combustível) e veículos - como iBeetle, carro desenvolvido pela Volkswagen em parceria com a Apple com suporte para iPhone e outros gadgets da empresa. De acordo com especialistas, a tendência é que entradas USB e tecnologias como Bluetooth estejam cada vez mais presentes nos carros. "No caso do Bluetooth, é uma tecnologia madura, que permite uma boa comunicação entre dispositivos, com baixo consumo de energia", afirma Miller. Para conectar os dispositivos, o acesso à internet se torna essencial.
Desde 2011, carros com internet já circulam pelas ruas do Brasil. O número de veículos com essa funcionalidade deve crescer nos próximos anos, já que a presença da internet em carros hoje é uma tendência. Em geral, o sinal de rede é fornecido por um modem e distribuído dentro do carro por um roteador. "No futuro, o sinal que hoje é 3G poderá ser 4G ou 5G, oferecendo uma internet mais rápida", afirma Miller. O especialista acredita que uma lógica parecida vai reger o desenvolvimento de sistemas operacionais para carros.
O Google anunciou recentemente uma parceria com Audi, GM, Honda e Hyundai para levar o sistema operacional Android aos carros dessas montadoras. O acordo foi uma resposta à Apple - que já havia fechado parcerias com Chevrolet e GM para inclusão do iOS em alguns veículos dessas empresas. Os dois sistemas operacionais são os mais difundidos em tablets e smartphones hoje - e é provável que, em breve, estejam nos carros também. De acordo com Miller, o que deve é acontecer uma customização dessas plataformas - com o foco voltado para obtenção e exibição de informações relativas ao funcionamento do carro. "Ninguém vai querer jogar Angry Birds dirigindo", explica Miller.
Carros capazes de se mover sem motoristas já são uma realidade. Na última CES, um dos grandes destaques foi um sistema da empresa francesa Valeo, capaz de fazer com que um carro estacionasse sozinho - por exemplo. Além do caráter futurista, essa inovação torna a operação dos carros mais segura e econômica. Entretanto, o motorista ainda promete ser figura indispensável por um tempo. "Às vezes, as coisas dão errado e a presença de um motorista se torna essencial", afirma Miller. Ele usa como exemplo os aviões - que, ainda que sejam capazes de voar sozinhos, mantêm pilotos por segurança.
Mais do que uma tendência, a segurança promete se tornar uma grande preocupação em relação aos carros do futuro. Podendo andar sozinhos e se conectar a outros dispositivos, os veículos se tornam vulneráveis ao ataque de hackers. Para evitar esse tipo de problema, o ideal é que os carros não possam ser totalmente controlados por meio de comunicação externa - como tablets e smartphones. "O mais seguro é que esses dispositivos sejam capazes de oferecer apenas informações técnicas sobre o veículo", afirma Miller.
8. Agora, veja os carros de hoje que já estão no futurozoom_out_map
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