Agronegócio: 5G deve ser determinante para análise de dados e avanço tecnológico do setor (Kiko Ferrite/Exame)
Thiago Lavado
Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 06h00.
Em meio a polêmicas políticas, 2020 vai chegando ao fim sem um sinal definitivo de quando as frequências para a tecnologia 5G serão leiloadas no Brasil.
Apesar disso, há iniciativas e testes em andamento e, um deles começa a valer a partir de hoje, para um setor que deve aproveitar bem a nova geração de comunicação móvel: o agronegócio. Nesta quinta-feira, 3, a fabricante chinesa Huawei e a operadora Claro lançam uma rede 5G em caráter experimental no município de Rio Verde, em Goiás.
O teste servirá para antecipar algumas das tecnologias que poderão ser usadas pela agroindústria com a chegada de uma rede de conexão com baixa latência e boa capacidade de transmissão de dados, o que deve ajudar a medir qualidade do solo, desenvolvimento da lavoura e acompanhar dados sazonais de temperatura, chuva. Testes com drones e hovers estão previstos durante o evento.
O evento, que será transmitido ao vivo pelo canal do Governo de Goiás no YouTube, contará ainda com autoridades locais e nacionais, como o governador do estado, Ronaldo Caiado, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Como o parceiro técnico nas intalações da rede é a Huawei, há ainda uma questão política. O presidente Jair Bolsonaro vem se alinhando aos americanos na escolha das empresas que poderão participar da construção da infraestrutura, e há uma expectativa de que a Huawei, embora seja a maior fabricante global de equipamentos de telecomunicações, possa ser excluída ou ter escopo reduzido no 5G brasileiro, como já está acontecendo em outros países, como no Reino Unido, por exemplo.
O presidente já disse que a tecnologia será lançada no Brasil com empresas que zelem pela segurança dos dados. As declarações e a aproximação do Brasil com os EUA no tema do 5G levaram a Huawei a contratar um escritório especializado com atuação em Brasília para se preparar para um cenário de litígio, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Globo. A empresa afirma ser transparente com sua tecnologia e se coloca à disposição do governo para auditoria e checagem das soluções.
O Brasil prevê para o ano que vem seu leilão do 5G, que estava marcado para este ano mas foi adiado — a previsão é que aconteça entre abril e maio do ano que vem. Os entraves políticos ainda são incertos durante a gestão de Joe Biden, eleito em novembro o novo presidente dos EUA. Assim como o leilão das frequências da rede, a participação ou não da Huawei, deve ficar para o ano que vem.