Tecnologia

5G depende de preço baixo e boa cobertura, diz Ericsson

Anders Thulin, CIO da Ericsson, fez uma visita ao Brasil e a EXAME.com conversou com ele sobre internet das coisas, 5G e muito mais. Veja a entrevista


	Anders Thulin: "Nós acreditamos que nós podemos ter um impacto sobre as coisas sem sermos vistos."
 (Divulgação/Ericsson)

Anders Thulin: "Nós acreditamos que nós podemos ter um impacto sobre as coisas sem sermos vistos." (Divulgação/Ericsson)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2015 às 14h17.

São Paulo – Em 2020, 90% dos usuários terão cobertura móvel e o número de smartphones chegará a 6,1 bilhões. Esses dados, somados ao crescente número de dispositivos conectados pela internet das coisas, têm chamado a atenção da Ericsson. 

A multinacional sueca está se transformando para se adaptar a essas mudanças da tecnologia. Ela está focando seus esforços no desenvolvimento de soluções de software que melhorem a cobertura móvel e os serviços de nuvem.

Anders Thulin, CIO e vice-presidente global de excelência de negócios da Ericsson, esteve no Brasil nesse mês. Tive a oportunidade de conversar com Thulin sobre internet das coisas, compartilhamento de dados na nuvem, big data e internet 5G.

Veja abaixo a conversa.

EXAME.com: A Ericsson está se transformando mais em uma empresa de software. Por que esta mudança e como isso afeta o usuário?

Anders Thulin: As antigas companhias eram negócios integrados de hardware. Agora, o que importa não é apenas o dispositivo, mas os usuários e os aplicativos. No futuro, os usuários não vão mais reservar hotéis ou comprar carros como hoje. As pessoas vão se comunicar de maneiras completamente diferentes.

A digitalização e a transformação da Ericsson são impulsionadas pelos usuários. Nós estamos respondendo ao que pensamos que é uma fantástica oportunidade não apenas para as empresas e os consumidores, mas para a sociedade crescer.

Uma dessas mudanças é a internet das coisas. Quais são os benefícios dessa tecnologia?

Historicamente, as redes foram construídas para a voz. Agora, são construídas para dados e, no futuro, serão construídas por dados ligados à internet das coisas.

A internet das coisas está proporcionando melhor desempenho, melhor comunicação, menor custo, maior eficiência, soluções inteligentes para residências, para distribuição, etc. Há tantas coisas que podem ser feitas com a internet das coisas que você não pode nem imaginar. Porém, ela precisa estar conectada a algum tipo de plataforma.

E qual é essa plataforma?

Acreditamos que as redes 4G e 5G devem ser as plataformas para a internet das coisas. A próxima era de 4G que estamos desenvolvendo terá soluções especiais para isso.

Uma coisa importante é que um dispositivo conectado à internet das coisas precisa ser barato. É preciso ter uma boa bateria, que não precisa ser substituída em 10 anos. Desta forma, o custo da bateria será baixo e o custo desta conexão não pode ser mais alto do que o custo de um aparelho. Outro ponto é a cobertura, pois é preciso uma boa cobertura para a internet das coisas funcionar.

Cobertura, velocidade de conexão e o preço dos serviços são grandes problemas no Brasil. Como ultrapassar esta barreira para tornar a internet das coisas uma realidade?

Nós temos soluções especiais usando 2G, pois muitos dispositivos ainda estão conectados a essas redes. Em certos países e mercados, a cobertura 2G pode continuar a ser atraente e uma plataforma para a internet das coisas. O que nós iremos fazer é diminuir custos com uma melhor cobertura a partir de atualizações da 2G.

Algo importante com relação à rede 5G é que acreditamos que ela deve ser construída em um tom diferente. Uma parte significativa para o sucesso da internet das coisas é o custo-benefício. Eu acredito que a cobertura 5G precisa ser de qualidade industrial, com garantia absoluta. Esse é o tipo de flexibilidade que estamos construindo com a 5G.

A nuvem é parte essencial para internet das coisas. Qual é o plano da Ericsson em relação a ela?

Nós oferecemos soluções na nuvem hoje e pensamos que essa área vai crescer. Como um operador, você pode decidir se certos aplicativos estarão em seu centro de dados ou se quer oferecer este tipo de serviço na nuvem.

Mas também fornecemos isso para não-operadores. A Volvo é um de nossos clientes. Quando um consumidor comprar um carro deles, pode fazer isso em casa usando um aplicativo. Pode escolher o modelo, a cor e depois comprar o carro. É possível configurar todos os serviços, como travamentos de portas e localização do carro. Toda essa informação nós fornecemos como uma solução em nuvem para a Volvo.

Como vocês estão usando o big data para melhorar os serviços?

Uma área que está se beneficiando do big data é a de satisfação do cliente. Nós fornecemos a análise em profundidade para operadores para que eles possam ver como o sistema e aplicativos estão funcionando para seus usuários. É assim que eles podem ver se têm problemas de qualidade ou se têm o preço certo com base no comportamento de uso.

No passado, você tinha que analisar a rede manualmente. Agora, construímos análises de dados que permitem que a rede analise o seu próprio desempenho e tome medidas para evitar uma piora. Chamamos isso de análise integrada. Assim, não há limites com o que você pode fazer com a análise de big data.

Qual o futuro das empresas de telecomunicações?

No passado, as operadoras foram mais homogêneas do que hoje. Os serviços eram mais tradicionais e o que está acontecendo agora é que elas tomaram caminhos diferentes.

Não é que uma está fazendo a coisa certa e outra não. É uma escolha que pode ser baseada na competência da operadora ou nas oportunidades em alguns países.

É possível fornecer uma ótima conectividade com preço baixo para empresas e consumidores. Também é possível fornecer serviços finais, como apps. Depende do mercado. Em alguns mercados você pode ser uma operadora completa, em outros você está bem em fornecer apenas uma coisa.

Como a Ericsson pretende competir com o WhatsApp e outros apps de telecomunicação, que são de graça e atingem uma grande quantidade de usuários?

Se eles são de graça, nós devemos ser capazes de cobrar a conectividade do cliente. Eu não vou cobrar os usuários para que tenham a capacidade de enviar mensagens ou falar no smartphone. Eu vou cobrá-los para que estejam conectados.

A Ericsson vai oferecer serviços ou produtos para o usuário final?

Nós costumávamos estar neste negócio, mas vendemos nossa parte para a Sony. Por outro lado, existe uma série de coisas que vão estar indiretamente ligadas com o usuário final, que é a experiência. Esse é o tipo de coisa que o usuário não saberá.

Nós gastamos muito tempo para certificar de que a experiência de uso de qualquer tipo de aplicação é a melhor possível. Ela não diz que é Ericsson, mas nós que estamos fornecendo a partir de soluções de rede. Nós acreditamos que nós podemos ter um impacto sobre as coisas sem sermos vistos.

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