Pier: empresa atua com o mercado de seguros e já expandiu seu negócio para além o setor de automóveis (Germano Lüders/Exame)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 27 de fevereiro de 2021 às 07h00.
Mais de 100 000 pessoas estão na fila de espera para contratar seguros para smartphone ou automóvel da Pier. Fundada em 2018, a startup prevê que sua base de clientes vá crescer 50 vezes até o fim de 2022 para chegar em 750 000 pessoas. A projeção é ousada, mas realista. Principalmente porque a companhia está com dinheiro de sobra para operar.
Em novembro, a insurtech levantou 14,5 milhões de dólares em uma rodada de investimentos liderada pelo fundo de capital de risco Monashees. A rodada ainda contou com a participação da Canary, o MELI Fund (do Mercado Livre), e do banco BTG Pactual.
Conforme apurado com exclusividade pela EXAME, a empresa vinha se reunindo mensalmente com potenciais investidores e o aporte atual foi negociado durante pelo menos seis meses. O plano é expandir a operação da empresa que já havia recebido outros 7,6 milhões de dólares em uma rodada em março do ano passado.
Parte do dinheiro será usado justamente com a missão de zerar a fila e ampliar os serviços – mas sem criar outras categorias, ao menos por enquanto. Mesmo endinheirada, a companhia continua adotando cautela – uma característica conhecida de quem contrata um seguro.
Para chegar neste patamar, a Pier apostou em dois pilares. O primeiro é facilidade. Todo o processo de contratação e uso do segundo é feito em minutos no site da empresa. “Já tivemos casos de clientes que receberam o reembolso em 38 segundos”, afirma Igor Mascarenhas, cofundador e presidente da empresa.
Além de Mascarenhas, a ideia do negócio é também de Lucas Prado e Rafael Oliveira. O trio se conheceu na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ainda em 2006. A ideia de montar uma empresa, porém, só veio uma década depois e a operação só saiu do papel mais de uma década depois, em setembro de 2018
A empresa surgiu inicialmente com um seguro para smartphones, que continua sendo o principal negócio. Já o seguro para automóveis, lançado no ano passado, ainda está sendo estruturado aos poucos, mas já começa a acelerar tem previsão de sair somente de São Paulo e Minas Gerais para desembarcar em outras regiões do Brasil ainda em 2021.
A ideia de entrar neste mercado leva em consideração que mais de 70% da frota de automóveis no Brasil não tem seguro. São mais de 48 milhões de carros, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras. O público-alvo, por isso, tem sido clientes que nunca realizaram a contratação de um seguro. Mais de 40% dos clientes da startup se encaixam neste perfil.
São pontos que fazem a Pier se destacar entre as mais de 110 insurtechs que operam no Brasil e lutam por uma fatia de um mercado que movimentou 270 bilhões de reais no ano passado, como as rivais Pitzi e Minuto Seguros, que já levantaram centenas de milhões de dólares em aportes.
Fora do Brasil vale destacar a Bright Health, uma empresa fundada em 2016 e que já tem receita bilionária, e a Lemonade, que abriu capital em agosto e já está perto de triplicar seu valor de mercado (8,2 bilhões de dólares no início de fevereiro. A prova de que a cautela também pode ser lucrativa.