5 formas de dar superpoderes aos dejetos dos animais
Os cientistas têm descoberto novas formas de reaproveitar o lixo. Muitas delas têm potencial para gerar soluções tecnológicas para os dejetos de animais.
Dente feito com urina humana (PKMousie/Flickr)
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2013 às 14h13.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h58.
Um grupo de cientistas da Academia Chinesa de Ciências criou dentes rudimentares a partir da urina humana. Os pesquisadores esperam que a técnica possa ajudar na reposição de dentes perdidos pela idade ou por má higiene bucal.
Os pesquisadores descobriram que a urina pode ser usada como fonte de células-tronco capazes de se transformar em pequenas estruturas parecidas com os dentes humanos. Então, usaram um novo sistema para cultivar células em minúsculas estruturas semelhantes a dentes. É como se alterassem as células expelidas pelo corpo pela urina em células-tronco.
A mistura dessas células com outros materiais orgânicos retirados de camundongos foi implantada nos roedores. Depois de três semanas, o grupo de células começou a se parecer com a estrutura de um dente. Mas não ficou tão rígido quanto um dente natural.
Mesmo que o resultado não seja uma opção viável para os dentistas, os pesquisadores defendem que pode ajudar em estudos aprofundados com o objetivo de possibilitar a reposição de dentes humanos por meio da medicina regenerativa.
O zoológico Francês Beauval anunciou planos de transformar as fezes dos pandas em energia. Dois pandas da China poderão produzir 25 quilos de combustível por dia. Eles comem 35 quilos de bambu em um dia e defecam aproximadamente 30 quilos por dia.
Uma nova planta será capaz de processar e purificar essa enorme quantidade de dejetos e transformá-los em energia. A eletricidade será gerada, portanto, pela queima de biogás coletado a partir de excrementos dos pandas.
A instalação da planta de processamento custará 3 milhões de dólares. A estimativa do zoológico é que a novidade corte seus custos de energia em até 40%.
Uma equipe de cientistas britânicos conseguiu criar um mecanismo capaz de recarregar parcialmente a bateria de um telefone celular usando urina. Segundo o estudo, a energia elétrica é suficiente para enviar mensagens de texto, usar a internet e fazer uma rápida ligação telefônica.
De acordo com o artigo publicado pela revista da Real Academia de Química, os especialistas pretendem criar a tecnologia das baterias com combustível microbiano que permitam recarregar totalmente um celular.
A tecnologia das baterias de combustível microbiano permite produzir eletricidade através da degradação da matéria orgânica. Isso abre o caminho para a criação de combustíveis de baixíssimo custo ou gratuitos, como a urina. Neste caso, a urina permite estimular os micróbios que geram eletricidade.
Cientistas de Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), de Cingapura, criaram o No-Mix Vacuum Toilet. O vaso sanitário consegue transformar a urina e as fezes em adubo e combustível por meio de um sistema que economiza água.
O vaso tem duas câmaras. Elas recolhem e separam os dejetos líquidos e sólidos. A urina recolhida vai para uma instalação de processamento onde se decompõe em nitrogênio, fósforo e potássio, elementos usados como adubo.
Por sua vez, as fezes vão para um biorreator. Ele faz o processamento e transforma os dejetos em biocombustível de metano. Esse gás é inodoro e pode ser usado para substituir o gás natural no fogão ou como gerador de eletricidade.
O "Poopy Power" é um projeto desenvolvido na Grã-Bretanha que pretende transformar as fezes de cachorros em energia limpa com um baixo custo. A ideia é do ex-banqueiro de Manhattan Gary Downie, que resolveu converter as fezes em biogás. Além de abastecer a rede de iluminação pública, o sistema colabora para a limpeza das ruas britânicas.
Os donos de cachorros podem contribuir para a geração de energia limpa ao depositar os dejetos dos animais em um coletor especial, conectado ao sistema biodigestor, instalado no subsolo. O sistema faz diversas reações químicas para processar as fezes até virarem metano e gás carbônico.
O biogás gerado pode, então, ser usado para alimentar uma turbina de geração de energia, enquanto que o calor e o gás carbônico vão para uma estufa comercial para cultivar plantas. O sistema deve ser capaz de alimentar até 60 casas de uma vez e gerar 200 mil horas de quilowatts de eletricidade por ano. Cada tonelada de fezes mantidas fora de aterros deslocará 450 quilo de gases causadores do efeito estufa.