Biochip: implantado na mão, um chip NFC pode ter implicações interessantes (Divulgação/Kaspersky)
Lucas Agrela
Publicado em 31 de janeiro de 2016 às 07h00.
São Paulo – Evgeny Chereshnev, vice-presidente de marketing da empresa de segurança digital Kaspersky Lab, implantou um biochip com tecnologia NFC em sua mão esquerda. A ideia é pesquisar cenários de uso e potenciais riscos desse eletrônico quando alojado no corpo humano.
Chereshnev contou em entrevista a EXAME.com durante a nona edição da Campus Party Brasil, em São Paulo, que decidiu não tomar anestesia e, sim, apenas duas doses de rum antes de um aplicador de piercing colocar o biochip pouco maior do que um grão de arroz em sua mão.
"Em breve, não estaremos falando em internet das coisas, mas em internet das pessoas", afirmou o executivo.
Em sua pesquisa, Chereshnev identificou algumas coisas que serão possíveis de se fazer no futuro com um biochip. Confira a seguir.
Uma das primeiras coisas que mudou na rotina de Chereshnev foi que ele deixou de usar cartões para abrir as portas na Kaspersky. Ele simplesmente aproxima a mão do sensor.
"Os humanos são muito preguiçosos. Na Kaspersky, me acostumei a abrir portas usando o chip da minha mão. Então, agora passo por uma situação estúpida em que eu chego em uma porta sem o leitor correto, passo a mão no sensor e nada acontece", conta o executivo, em meio a risadas.
Fechaduras que funcionam por NFC podem ser encontradas à venda em sites de ecommerce chineses, por exemplo.
Che chegou a fazer uma brincadeira com uma porta e seu biochip, abrindo-a à distância.
https://youtube.com/watch?v=Qde7IwVvZzU
O vazamento de senhas é um problema desde que os serviços web se tornaram populares, em especial, as redes sociais, como MySpace, Orkut e Facebook. Muitas empresas tentam resolver isso com métodos diferentes e autenticação em dois fatores.
Mas Che acredita que o biochip pode ser uma solução viável de login, já que o chip não tem acesso à internet por conta própria (é preciso que haja um leitor adequado próximo para que os dados sejam transferidos).
Nesse caso, o biochip funcionaria como um formulário de cadastro automatizado.
Muitos terminais de pagamentos em lojas físicas têm suporte para a tecnologia NFC. Isso, aliás, é um dos motivos para a Apple e da Samsung terem lançado seus serviços de pagamentos móveis.
No entanto, com um biochip na mão, seria viável autorizar pagamentos apenas com um toque.
"Você poderia, por exemplo, usar o seu chip implantado para pagar sua conta no Starbucks", segundo Che.
Ele ressalta que ainda é preciso que essa tecnologia amadureça mais. "O problema é que esse chip NFC não é tão seguro assim. Ele não tem um processador para viabilizar a criptografia. Para que ele tivesse isso, seria precisa energia elétrica e não podemos ligar pessoas a uma tomada", disse Che.
Dados como o número da carteira de motorista ou o do passaporte podem ser lidos a partir de um biochip NFC.
Utilizando leitor adequado, um policial poderia, por exemplo, saber nome, número e tipo de habilitação de condução de um determinado motorista.
Só que, nesse caso, mais uma vez a tecnologia esbarra na falta de criptografia. Caso houvesse essa codificação, seria possível que somente um oficial com determinado nível de autoridade visualizasse esses dados, de maneira a garantir a privacidade da pessoa.
A aplicação do biochip em autenticação pode proteger um smartphone ou notebook, desde que ele tenha um leitor NFC.
Se o seu aparelho for roubado, o ladrão pode, por sorte, desvendar a senha e acessar todos os seus dados armazenados ali.
Com a autenticação por chip, a pessoa precisaria estar presente.
Che chegou a demonstrar isso na Campus Party. Confira o vídeo abaixo.