Leo Apotheker nasceu na Alemanha e foi CEO da SAP antes de se tornar o principal executivo da HP no final de 2010 (ChinaFotoPress / Getty Images)
Maurício Grego
Publicado em 21 de setembro de 2011 às 18h01.
São Paulo — A gestão de Leo Apotheker à frente da HP tem sido desastrosa. Desde que ele se tornou CEO, há menos de um ano, a empresa perdeu metade do seu valor de mercado. E o CEO é apontado como principal responsável por essa decadência rápida e inesperada. Agora, o mercado tem como certo que ele será demitido.
O nome mais cotado para sucedê-lo é Meg Whitman, que foi CEO do EBay. Ela não tem experiência no negócio de computadores e sua passagem pelo EBay teve altos e baixos. Mesmo assim, desde que essa notícia começou a circular, ontem, as ações da HP subiram mais de 10%, o que mostra como Apotheker anda desacreditado. Confira três erros graves cometidos pelo executivo alemão na HP.
1 Indecisão sobre a divisão de PCs
Quando a HP anunciou que pretendia fazer um spin-off ou, quem sabe, vender sua divisão de PCs, muita gente achou que era como se o MacDonald’s estivesse vendendo sua divisão de hambúrgueres. Afinal, a área de PCs é a origem de 31% do faturamento da HP, 40 bilhões de dólares por ano.
Mas o mercado de PCs tem margens apertadas, muito menores que as das áreas de impressão, servidores, software e serviços corporativos, em que a HP também atua. Assim, eliminar a divisão de computadores pessoais deveria aumentar a rentabilidade da empresa. O problema é que, ao divulgar a notícia, no dia 18 de agosto, Apotheker nunca deixou claro o que aconteceria. Disse que a HP estava “avaliando todas as opções possíveis”.
Um mês se passou e nenhuma definição veio. O conselho de administração da HP agora avalia se vai mesmo se livrar da divisão de PCs. A sensação que fica é que a HP não tinha um plano definido. Essa indecisão é ruim para qualquer pessoa que receba a mensagem. Para os consumidores, é um desestímulo à compra de produtos com a marca HP, já que eles poderão ser descontinuados em breve. Para os investidores e canais de revenda, gera inevitável desconfiança.
2 A enganação do TouchPad
Se houve indecisão da HP no caso dos PCs, o fechamento da área de smartphones e tablets da empresa gerou acusações ainda mais pesadas. Desenvolvedores de aplicativos, investidores e consumidores sentiram-se enganados.
A HP comprou a Palm em abril de 2010, muito antes da chegada de Apotheker a Palo Alto, na Califórnia, onde fica a sede da companhia. Mas, durante meses, ele passou ao mercado a mensagem de que tinha grandes planos para os produtos derivados da linha Palm, como o tablet TouchPad e seu sistema operacional WebOS. Executivos da HP chegaram a dizer que roubariam a liderança da Apple em tablets. Obviamente, um objetivo tão audacioso exige tempo e muito investimento.
Mas a empresa encerrou essa linha de produtos menos de dois meses depois do lançamento do TouchPad, que teve vendas fraquíssimas. Os tablets encalhados no estoque foram liquidados por um quinto do preço original. Obviamente, consumidores que compraram o tablet, desenvolvedores que criaram aplicativos para ele e investidores que acharam que a HP teria bons lucros nessa área não ficaram nada contentes.
3 A Autonomy e seu preço exorbitante
Junto com o anúncio de que a HP deixaria de fabricar PCs, smartphones e tablets, em agosto, Apotheker divulgou que a empresa compraria a produtora de software britânica Autonomy por 10,3 bilhões de dólares. O reforço da área de software corporativo seria outra medida para elevar a lucratividade.
Esse é um mercado com margens elevadas e que Apotheker, como ex-CEO da SAP, conhece bem. Mas a avaliação unânime do mercado é que o preço pago pela Autonomy foi alto demais e que a compra não trará retorno compensador para HP. Resumindo, foi um péssimo negócio. A compra já está praticamente concretizada e dificilmente será desfeita.