Em protesto contra a Igreja da Cientologia, em 2008, grupo apareceu com máscaras (Vincent Diamante/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2011 às 10h01.
São Paulo — O Anonymous apareceu em 2003 como um conjunto de iniciativas dispersas na web. De 2008 em diante, sua atuação como grupo hacker ativista se tornou cada vez mais nítida. Nos últimos anos, o nome do grupo tem sido relacionado a diversas ações contra sites públicos e privados. Confira os principais episódios
1 Igreja da Cientologia
O Anonymous começou a ganhar fama em 2008, em meio a protestos contra a Igreja da Cientologia, fundada na década de 1950 e que arrebanhou fiéis entre estrelas de Hollywood. Na época, chegou ao YouTube um vídeo em que o ator Tom Cruise, adepto da igreja, fazia uma pregação que pode ser resumida da seguinte forma: só a Cientologia salva. A igreja pediu que o conteúdo fosse retirado do ar, alegando violação de direitos autorais. Ganhou a causa. O Anonymous considerou o episódio um ato de censura e iniciou ataques aos sites da igreja. Simultaneamente, outras manifestações contra a Cientologia ganharam as ruas dos Estados Unidos: em muitas delas, manifestantes usavam máscaras do protagonista dos quadrinhos V de Vingança, símbodo do grupo. Em janeiro de 2010, dois jovens assumiram a responsabilidade pelos ataques aos sites da Cientologia e foram condenados a um ano de prisão.
2 Austrália
Em setembro de 2009, o grupo invadiu o site do primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, em retaliação a uma proposta do governo que previa a instação de filtros de conteúdo na internet. O objetivo era banir da rede endereços eletrônicos que promoviam pedofilia e pornografia. O Anonymous, contudo, alegou que o projeto pretendia instalar uma censura no país comparável à existente na China.
3 Silvio Berlusconi
O site do governo italiano foi atacado pelo Anonymous em fevereiro de 2011. O grupo alegou que agia em resposta à intenção de Roma de restringir a liberdade de imprensa no país, conforme sugeriam documentos publicados pouco antes pelo site WikiLeaks - responsável pelo vazamento de dezenas de milhares de documentos oficiais do governo americano. De acordo com os dados, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi pretendia criar nova legislação para controlar conteúdos na internet.
4 Zimbábue e Robert Mugabe
Em dezembro de 2010, o Anonymous tirou do ar sites do governo depois que a mulher do ditador Robert Mugabe processou um jornal que publicara documentos secretos vazados pelo site WikiLeaks. "Estamos atacando Mugabe e seu regime, que proibiram a imprensa livre e ameaçam processar qualquer um que divulge dados do WikiLeaks", disse o Anonymous, em nota publicada em seu site. O portal do governo e o site do Ministério das Finanças ficaram indisponíveis durante 24 horas.
5 Mastercard e Visa
Em dezembro de 2010, mais de mil hackers se organizaram por meio de fóruns e redes sociais na internet para tirar do ar todos os sites de organizações que aplicassem alguma forma de sanção ao site WikiLeaks. O primeiro alvo foram os endereços eletrônicos de operadoras de cartões de crédito, que haviam bloquedo doações para o WikiLeaks. Por algumas horas, Visa e Mastercard ficaram fora do ar – o que não prejudicou clientes, de acordo com as duas companhias.
6 PayPal
Um dia após alvejar as redes de cartão de crédito Visa e Mastercard, o Anonymous atacou o serviço de pagamentos on-line PayPal, que intermediava doações para o WikiLeaks. A empresa disse que seu site estava funcionando normalmente, mas admitiu que o serviço havia “desacelerado durante breves períodos”.
7 PostFinance
A exemplo de Mastercard, Visa e PayPal, o site do banco suíço PostFinance foi alvo do Anonymous em dezembro de 2010. Pouco antes, o braço financeiro dos Correios da Suíça afirmara que havia encontrado dados falsos no cadastro de Julian Assange, criador do site WikiLeaks. A descoberta levara ao congelamento dos recursos de Assange. Os crackers reagiram, tirando ao ar o sistema do banco por onze horas.
8 Tunísia
Em janeiro de 2011, sites do Ministério da Indústria e da Bolsa de Valores da Tunísia, entre outros, foram alvo do Anonymous. O grupo alegou que a ação pretendia forçar o governo local a garantir a liberdade de expressão via web no país. O governo central tunisiano caiu dias depois.
9 Iêmen
Apesar de a grande maioria da população iemenita não ter acesso à internet, o Anonymous desferiu, em fevereiro de 2011, um ataque contra os sites públicos do país, uma forma de criticar o autoritarismo do governo local e seu crescente controle sobre a rede. Caíram os endereços do Ministério da Informação e do presidente Ali Abdullah Saleh.
10 Egito
Ampliando sua ação entre as nações islâmicas, o Anonymous atacou, em fevereiro de 2011, o site do Ministério da Informação e o do partido do então presidente, Hosni Mubarak. O grupo cracker alegou que agia em solidariedade aos manifestantes que protestavam contra o governo do Cairo. A exemplo do que ocorrera na Tunísia, o poder central caiu dias depois.
11 HBGary Federal
Também em fevereiro de 2011, o Anonymous atacou o sistema da HBGary Federal, empresa de segurança de informática que colabora com o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos. Os crackers teriam obtido acesso a milhares de e-mails de funcionários da corporação. Na época, a HBGary estava disposta a vender ao FBI dados preciosos sobre a identidade dos membros do Anonymous.
12 PSN
A PlayStation Network, rede on-line de jogos da Sony, foi invadida no começo de abril deste ano: milhões de dados de usuários foram furtados. A empresa culpou o Anonymous, que negou a ação. Para a Sony, o ataque era uma retaliação a um processo movido pela companhia contra o famoso cracker George Hotz, o americano de 21 anos que desbloqueou o console de games PlayStation 3. Desde o episódio, outro grupo reivindica o ataque: LulzSec, conhecido como o "fanfarrão da web".
13 Turquia
Em junho de 2011, o Anonymous se voltou contra o governo da Turquia. A razão: a votação de um projeto, no Parlamento local, que previa a adoção de um sistema de filtragem na internet, banindo conteúdos impróprios para crianças e jovens. Os crackers derrubaram sites do Ministério de Telecomunicações e da Previdência. Poucos dias depois, a polícia turca prendeu 32 suspeitos de participar das ações.