Saúde

Cigarros eletrônicos: Anvisa estuda revisar proibição; para AMB, liberação seria retrocesso

A fabricação, a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas desde 2009

Vape: dispositivo é vetado pela Anvisa. (Jane Khomi/Getty Images)

Vape: dispositivo é vetado pela Anvisa. (Jane Khomi/Getty Images)

Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 06h07.

A regulamentação de cigarros eletrônicos pode ganhar novos rumos nesta sexta-feira, 1. Diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) terão uma reunião ordinária para discutir a proposta de consulta pública para revisar a resolução que proíbe a fabricação, a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar — a RDC 46/2009. A proposta será analisada e, dependendo do parecer, poderá ir a para consulta pública. Se a etapa de consulta for aprovada, o texto ficará disponível para envio de contribuições dos interessados e, no limite, a regulação poderia ser revista.

Também conhecidos como cigarros eletrônicos, vapes ou pods, os dispositivos são proibidos no Brasil desde 2009. Em 2019, a Anvisa iniciou um processo regulatório para a discussão e a atualização de informações técnicas sobre o tema. Em junho de 2022, a agência aprovou o relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR).

Para o presidente da Comissão Antitabagismo da Associação Médica Brasileira (AMB), Ricardo Meirelles, a liberação do cigarro eletrônico seria um retrocesso.

"O programa brasileiro de controle ao tabagismo é muito exitoso. Mas isso pode mudar caso haja a revisão da proibição. Quando as pessoas começaram a fumar, lá no início do século passado, ninguém tinha conhecimento dos malefícios do cigarro. Na década de 1950, surgiram os primeiros estudos que comprovaram que o hábito causava câncer de pulmão. Hoje, sabemos que mais de 50 doenças estão relacionadas ao tabagismo", afirma.

Liberar o uso do dispositivo eletrônico, na opinião de Ricardo, abriria margem para que, no futuro, o país tenha uma população de jovens com doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e vários tipos de câncer.

"Temos que cortar o mal pela raiz. Por isso a AMB apoia que se mantenha a proibição da fabricação, comercialização, importação e a propaganda dos cigarros eletrônicos", diz, salientando também a importância da fiscalização e educação sobre o assunto. 

O cigarro eletrônico faz mal à saúde?

"Não existe nenhum benefício no uso dos cigarros eletrônicos. Foi comprovado que o seu uso é um fator independente para doenças respiratórias, como asma, e doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio", afirma o presidente da Comissão Antitabagismo.

Isso porque o vapor do dispositivo contém substâncias tóxicas e cancerígenas e, segundo estudo com cobaias, o seu uso eleva o câncer de pulmão e bexiga.

E o médico é enfático: "Essa história de que o uso do cigarro eletrônico é uma forma de redução de danos também não é verdade. Não existe isso no tabagismo. A partir do momento que a pessoa troca o cigarro tradicional pelo eletrônico, ela continua inalando substâncias tóxicas e estando dependente da nicotina".

Existe, inclusive, uma doença relacionada exclusivamente aos vapes e pods, a EVALI, sigla em inglês para lesão pulmonar associada a cigarros eletrônicos ou vaping.

Acompanhe tudo sobre:Cigarros eletrônicosAnvisa

Mais de Saúde

Agência Nacional de Mineração monitora formação de trincas em barragem em Ouro Preto

Governo investiga mais de 20 pessoas por incêndios florestais no Rio

Nunes tem 24%; Marçal, 22%, e Boulos, 22%, em São Paulo, aponta pesquisa Real Time Big Data

Marçal tem 32,1%, Boulos, 26%, e Nunes, 18,1%, aponta pesquisa Veritá