Jim Rogers: “É saudável haver correções de 10% pelo menos uma vez ao ano” (Keith Bedford/Reuters)
Giuliana Napolitano
Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 05h00.
Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 08h49.
O investidor americano Jim Rogers tem feito previsões catastrofistas para as bolsas mundiais. Para Rogers, que foi sócio do gestor George Soros, as ações, especialmente nos Estados Unidos, subiram por tempo demais — e, em algum momento, vão cair de forma acentuada. De sua casa, em Singapura, ele falou a EXAME.
O que explica a forte queda da bolsa americana no começo de fevereiro?
A bolsa americana está vivendo uma anomalia histórica. Vem subindo praticamente sem parar por muitos anos. Era esperado que houvesse uma correção, e ela aconteceu. Por que em fevereiro? Não sei. É possível olhar para trás e tentar achar explicações que façam sentido — como o medo de uma alta maior dos juros nos Estados Unidos —, mas é difícil saber o que realmente aconteceu. O fato é que os investidores deixaram de ser cuidadosos, pararam de se preocupar e esqueceram que há riscos no mercado.
Eles se lembraram disso agora?
Talvez. Quando as condições são favoráveis, muitos investidores fazem suas projeções considerando que elas continuarão desse jeito indefinidamente, mas, claro, não é assim que o mercado funciona. Gostaria que fosse assim, seríamos felizes o tempo todo. Mas mercados e economias sempre passam por altos e baixos. Em qualquer mercado, é saudável haver correções de 10% pelo menos uma vez por ano.
O senhor já disse que as bolsas ainda cairão bastante. Podemos estar no início desse processo?
Não sei se este é o começo de uma queda prolongada das bolsas de valores. Não sou bom em adivinhar quando os mercados vão subir ou cair. Mas, pelo tempo que os mercados vêm subindo e pela quantidade de risco que os investidores correram, quando a direção mudar, não será uma desvalorização qualquer. Acredito que será o maior crash que já vivemos.