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Mudanças climáticas vão alterar o conceito do que se considera um bom vinho?

Mudanças climáticas afetam a indústria vitivinícola global, e as consequências para os rótulos premium são ainda mais desafiadoras para o setor

Produtores de vinho precisam se adaptar aos novos tempos. (Catarina Bessell/Exame)

Produtores de vinho precisam se adaptar aos novos tempos. (Catarina Bessell/Exame)

Victória Sarro Ferreira
Victória Sarro Ferreira

Head de Global Luxury Brands

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 10h46.

Com o termômetro global em alta, os vinhedos mundo afora enfrentam um futuro desafiador. As mudanças climáticas estão reescrevendo as regras da viticultura, exigindo uma resposta ágil e inovadora dos produtores. Afinal, não é apenas a produção que está em jogo, mas a própria essência do que consideramos um bom vinho.

No Chile, um dos pilares da indústria vitivinícola global, as consequências são palpáveis. Os viticultores veem-se diante de secas mais intensas e prolongadas, um fenômeno que está exigindo não só uma reavaliação do uso da água mas também um estudo aprofundado sobre como preservar a qualidade das uvas. A disputa por recursos hídricos torna-se cada vez mais acirrada, e a incidência de pragas e doenças, amplificada pelas condições climáticas extremas, desafia o manejo tradicional das vinhas.

O calor excessivo acelera a maturação das uvas, alterando o calendário da colheita e, potencialmente, o perfil aromático e gustativo dos vinhos. Para garantir que a qualidade não seja comprometida, os viticultores precisam adaptar suas práticas. Isso inclui a seleção de variedades mais resistentes e a implementação de técnicas agrícolas inovadoras, como o manejo preciso do solo e o uso mais eficiente da água.

Consistência

Os vinhos premium do Chile encaram um desafio ainda maior. Para eles, a consistência é chave, e qualquer variação no clima pode perturbar o delicado equilíbrio que define um vinho de alto calibre. Diante desse cenário, investir em tecnologia e inovação não é luxo, mas uma necessidade. Ferramentas como o gerenciamento avançado de água e o monitoramento climático precisam ser vistas como investimentos essenciais para o futuro da viticultura de qualidade.

Os consumidores de vinhos de alta gama têm expectativas elevadas, e atendê-las em um contexto de instabilidade climática é um verdadeiro teste para a indústria. É crucial que as vinícolas invistam em pesquisa e desenvolvimento para entender como as mudanças climáticas afetam as variedades específicas e para desenvolver estratégias que mitiguem esses impactos.

Alguns líderes do setor, como a chilena Concha Y Toro, já estão na vanguarda, comprometendo-se com práticas sustentáveis e objetivos ambiciosos, como emissões zero até 2040. Esses são exemplos de como a adaptação e a inovação contínuas são vitais para a sustentabilidade e a excelência dos vinhos no futuro.

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