Revista Exame

Victor Civita, o fundador da Abril

Victor Civita, o fundador do grupo Abril, se recusava a ouvir um não como resposta. Com persistência e ousadia, inventou o negócio de revistas no país. Roberto Civita, presidente do grupo Abril, é seu filho

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 13h22.

Como todos os grandes empreendedores, meu pai era munido de extraordinária persistência, ousadia e total incapacidade de aceitar um "não". Quando o primeiro lançamento da Abril - O Pato Donald, de 1950 - vendia pouco, ele não hesitou em encolher o formato da revista para um tamanho nunca antes visto nas bancas do país, reduzir seu preço e aumentar sua periodicidade. Deu certo.

E assim foi indo, de lançamento em lançamento, como os de Capricho (que "VC", como o chamávamos, tornou a maior revista brasileira da época, substituindo as tradicionais fotonovelas em capítulos por fotonovelas inteiras, nunca antes vistas no planeta); Quatro Rodas (que resolveu publicar um mapa rodoviário em todas as suas edições quando só havia um punhado de auto-estradas no Brasil); Claudia (a primeira revista a enfrentar as "regras" que até então amarravam a mulher brasileira) e - naturalmente - EXAME (a primeira revista de negócios do país) e Realidade (responsável pela derrubada de mais tabus num só ano do que qualquer outra publicação que jamais conheci).

Lembro-me até hoje de uma reunião que ele convocou no meio da década de 60 para perguntar a opinião de 11 jovens dirigentes a respeito de uma novidade que queria lançar: grandes obras em fascículos semanais. Votamos contra por unanimidade, achando que ninguém colecionaria enciclopédias semana após semana durante anos. Ele sorriu e sentenciou: "Sendo que eu tenho a maioria nesta reunião, vamos lançar já. Mas vocês podem escolher qual a primeira obra..."

Também me lembro de sua decisão de se endividar para comprar uma nova rotativa quando todos os amigos dele estavam vendendo suas empresas, no fim do governo Goulart. E da coragem necessária não só para deixar que um grupo de jovens sonhadores lançasse Veja em plena ditadura mas também para agüentar os pesados prejuízos (e pressões) correspondentes durante seis longos anos...

Isso tudo sem falar de seu entusiasmo contagiante, seu incrível "faro", sua capacidade de sempre pensar grande sem nunca subestimar a fundamental importância dos detalhes e sua inabalável confiança no futuro do Brasil e na nossa capacidade de ajudar a mudá-lo para melhor.

Com um fundador assim, só nos resta continuar!

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