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Vestido para casar: o ateliê que fatura R$ 10 milhões com bordados 'bem brasileiros'

Mesmo com menos casamentos no Brasil, o setor cresce com festas maiores e mais caras. Marcas como Martha Medeiros ganham espaço com vestidos sob medida

Gelio e Gabriela Medeiros no ateliê Martha Medeiros, em São Paulo: 30 noivas atendidas por mês e vestidos que levam até um ano para ficar prontos  (Leandro Fonseca /Exame)

Gelio e Gabriela Medeiros no ateliê Martha Medeiros, em São Paulo: 30 noivas atendidas por mês e vestidos que levam até um ano para ficar prontos (Leandro Fonseca /Exame)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 26 de junho de 2025 às 06h00.

A jornada de uma noiva, desde o momento em que entra na mansão dos Jardins, em São Paulo, onde fica o ateliê de alta-costura Martha Medeiros, até o dia da prova final do vestido leva um ano. O desenho que Gabriela Medeiros, nora da fundadora, Martha, e atual diretora criativa da marca, faz a lápis chega primeiro às mãos de uma das 300 rendeiras do sertão nordestino. Ali começa o trabalho de bordar, fio por fio, a renda renascença, conhecida pela técnica artesanal e cheia de detalhes.

Depois de seis meses de trabalho, a renda volta para São Paulo, onde mais meio ano de costura e acabamento transforma aquele traço inicial em um vestido exclusivo, com preço a partir de 39.980 reais.

O ateliê Martha Medeiros é referência em vestidos de noiva bem brasileiros.

Fundado em 2008 pela estilista alagoana que dá nome à marca, o negócio ganhou projeção pela mistura de renda artesanal com tecidos nobres, como a seda pura. Depois da abertura da loja nos Jardins, passou a vestir artistas, celebridades e noivas dispostas a pagar por uma peça feita à mão. Até a cantora Beyoncé e a atriz Sofía Vergara já vestiram a marca.

Todos os meses, 30 vestidos bordados e sob medida saem do ateliê. Trata-se de um número que cresce com o mercado de casamentos no Brasil. O setor se recuperou do baque da pandemia com mais festas e mais investimentos nas comemorações. Não à toa, mesmo com menos pessoas casando — o último levantamento do IBGE apontou queda de 3% nos registros de casamento em 12 meses —, o setor movimenta mais dinheiro: uma cerimônia custa hoje, em média, 67.000 reais. E a noiva, quando pode, gasta. Ou noivas. O número de casamentos homoafetivos também bateu recorde, chegando a 11.200 registros. Desde 2013, o crescimento foi de 200%.

Aposta no mercado de noivas

A Martha Medeiros acompanhou essa movimentação de perto. Em 2023, a marca inaugurou uma loja dedicada exclusivamente ao público de noivas. “Quando a gente separou este espaço, o número de clientes cresceu sozinho”, diz Gelio Medeiros, CEO da empresa e filho da fundadora, hoje aposentada. Na nova loja, a cliente pode experimentar diferentes modelos e tecidos, testar a maquiagem e organizar provas com a mãe, a sogra ou as madrinhas. Hoje, a operação de vestidos de noiva representa o braço de crescimento mais acelerado da empresa, com previsão de faturar 10 milhões de reais neste ano. Ao mesmo tempo, a marca ampliou o portfólio atual, incluindo desde alfaiataria e moda praia até casacos de esqui. “A cliente entra pela noiva e depois continua com a gente”, diz Gabriela. A festa é só o início do relacionamento.

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