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Uma trajetória em V com Antonio Palocci

A foto oficial da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff, e de seus ministros, a ser feita no próximo dia 1o, deverá trazer pelo menos três pessoas também retratadas na posse de Lula, oito anos atrás. Uma delas é a própria presidente, nomeada ministra de Minas e Energia em 2003. A outra é o ministro […]

O ministro da Casa Civil, Antônio Palocci (Janine Moraes/EXAME.com)

O ministro da Casa Civil, Antônio Palocci (Janine Moraes/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h40.

A foto oficial da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff, e de seus ministros, a ser feita no próximo dia 1o, deverá trazer pelo menos três pessoas também retratadas na posse de Lula, oito anos atrás. Uma delas é a própria presidente, nomeada ministra de Minas e Energia em 2003. A outra é o ministro da Fazenda, Guido Mantega — naquela ocasião o titular do Planejamento. A terceira é o médico sanitarista Antonio Palocci, que há oito anos encarnava o papel de homem forte da economia e avalista do governo Lula perante o mercado. Deles, só Palocci viveu, entre os 2 922 dias que separarão uma foto da outra, o que se pode chamar de trajetória em V. Saiu do topo, caiu e, há pouco mais de um ano, voltou a ascender. Esse movimento culminou em sua nomeação para a pasta que desfruta de maior proximidade com o presidente, a Casa Civil.

Nesse meio-tempo, em março de 2006, quando deixou o cargo de ministro da Fazenda, era difícil acreditar que Palocci voltaria ao núcleo do poder nas atuais condições. Ele renunciou soterrado por denúncias de desvio de dinheiro enquanto era prefeito de Ribeirão Preto e de envolvimento na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que afirmou ter visto Palocci frequentar a mesma casa em que ex-assessores supostamente mantinham um esquema de tráfico de influência — a Justiça o inocentou de todas as acusações.

Educado, risonho até quando contrariado, com excelente trânsito entre os empresários, Palocci encanta principalmente o que se convencionou chamar de mercado. Como se sabe, sua notável capacidade de falar coisa com coisa a respeito de temas econômicos ajudou a acalmar os mercados em 2003, quando se temia que Lula abandonaria os fundamentos que garantiram a estabilidade do país. Embora suas visões causem desconforto, seu retorno consegue, curiosamente, agradar segmentos distintos. Para os desenvolvimentistas, sua nomeação para a Casa Civil é a forma encontrada por Dilma para contar com suas qualidades políticas, mas, ao mesmo tempo, limitar sua atuação na economia. Na leitura dos ortodoxos, Palocci será a voz do dissenso, e seu papel será diminuir o poder da ala da gastança pública. O Brasil ganhará se os ortodoxos estiverem certos.

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