Talim, capital da Estônia: a meta é ter um governo quase invisível na vida do cidadão | Marcelino Ramírez/AGB Photo
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2019 às 05h04.
Última atualização em 27 de junho de 2019 às 16h25.
Thomas Paine foi um filósofo e ativista político que, embora nascido na Inglaterra, esteve ao lado dos americanos na Guerra da Independência contra seu país, no século 18. Suas ideias libertárias inspiraram alguns dos “pais fundadores” dos Estados Unidos, como George Washington e Thomas Jefferson. Paine é autor de um pequeno panfleto, Common Sense (“bom senso”), no qual fez reflexões sobre a tirania inglesa e o papel do governo. “O governo, mesmo em seu melhor estado, é apenas um mal necessário; em seu pior estado, é intolerável”, escreveu.
Quase dois séculos e meio depois, a frase de Paine continua bem atual. Mundo afora, não faltam exemplos de governos que fazem a população desejar ardentemente que chegue a data da próxima eleição — menos mal, porque em alguns países não há nem mesmo essa possibilidade. Governos ruins existiram e existem em todas as partes do mundo, mas não precisa ser assim. A reportagem de capa de EXAME mostra, por exemplo, o caso da pequena Estônia, uma ex-república soviética cujo ideal é ter, com o uso da tecnologia, um governo quase invisível — de tão eficiente, os cidadãos nem sentem sua presença. É algo parecido com o que todo apreciador de futebol diz quando vê seu time prejudicado por uma atuação desastrada do árbitro: “Juiz bom é aquele que ninguém precisa falar dele”.
No Brasil dos últimos dez anos, a imprensa tem precisado falar muito do governo, e não é por falta de outro assunto. Afinal, o governo está no centro das decisões mais importantes que afetam todos os brasileiros. Tem um papel insubstituível para levar adiante temas como as reformas previdenciária e tributária. São agendas importantes, claro, mas tão básicas que o Brasil já deveria ter tirado da frente faz muito tempo.
O alento, como mostra EXAME, é que há várias iniciativas no mundo todo, inclusive no Brasil, que atestam o nascimento de um novo tipo de gestão pública — o governo 4.0 —, que promete melhorar a qualidade do serviço público, reduzir os custos da máquina estatal e ampliar a transparência. Tudo isso está sendo possível com a ajuda de novas tecnologias digitais, como big data, blockchain e inteligência artificial. É uma revolução ainda incipiente e silenciosa, mas a torcida é para que ela faça cada vez mais barulho e facilite a vida das pessoas.
Nota: Redações como a de EXAME vivem do talento e do esforço de jornalistas que se sucedem na tarefa de formar e informar o público, razão única de nossa existência. Nesse sentido, cada geração recebe os ensinamentos da anterior e tem, por sua vez, a tarefa de guiar a próxima. Assim forjamos nossa cultura: a apuração cuidadosa, a escrita elegante, o esmero no acabamento visual, o respeito à verdade e aos nossos leitores. Joaquim Castanheira, recém-falecido, foi um editor marcante de EXAME e responsável por orientar uma safra de jornalistas de grande destaque na revista. É lembrado pelos que conviveram com ele com enorme admiração pela seriedade e dedicação. Fica nosso reconhecimento por sua marca em nossa história e uma mensagem de apoio aos familiares neste momento de despedida.