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Com US$ 650 milhões sob gestão, Fundo Aqua aposta no agronegócio

Com a estratégia certa, o setor, que não é muito popular no mercado financeiro, pode dar um bom retorno

Sebastian Popik, gestor do fundo de private equity Aqua: aposta não convencional de 650 milhões de dólares na vocação do Brasil  para produzir  alimentos (Divulgação/Divulgação)

Sebastian Popik, gestor do fundo de private equity Aqua: aposta não convencional de 650 milhões de dólares na vocação do Brasil para produzir alimentos (Divulgação/Divulgação)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 05h27.

O pequeno número de empresas do agronegócio listadas na bolsa brasileira B3 — cerca de 30 em um universo de 400 — é incompatível com a importância do setor para a economia brasileira. Responsável por aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB), o agronegócio costuma ter um bom desempenho mesmo nos momentos de pior crise.

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Nos quatro trimestres até setembro, o PIB do setor cresceu 1,8%, enquanto a economia brasileira encolheu 3,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Fica parecendo que as empresas de agricultura e pecuária não são um bom investimento.

Mas o apetite do fundo de private equity Aqua para se tornar sócio de companhias do setor indica o contrário. Com 650 milhões de dólares sob gestão, o fundo capitaneado por Sebastian Popik é atípico. 

Enquanto a maior parte dos veí­culos de investimento desse tipo distribui os recursos por empresas de diferentes segmentos, o Aqua é focado na cadeia do agronegócio. Tem ou teve participações em companhias de insumos, maquinário e venda de alimentos direto ao consumidor. Até distribuidora de vinhos está no port­fólio.

No final do ano passado, o fundo entrou na fabricante de comida natural Puravida. Agora, busca atrair investidores para uma de suas maiores apostas: a plataforma de comercialização de sementes e grãos e prestação de serviços Agrogalaxy, que acaba de protocolar na Comissão de Valores Mobiliários um pedido para fazer uma oferta inicial de ações na bolsa (um IPO, na sigla em inglês).

A empresa tem 93 lojas, 19 silos e 24.000 clientes cadastrados, em sua maioria pequenos e médios produtores rurais. “Acreditamos enormemente no Brasil. Existe um setor em que o país está entre os melhores do mundo: o agronegócio”, diz Popik.

“Nosso retorno vem da melhoria da gestão das empresas investidas — que escolhemos por serem bem estabelecidas e disruptivas — e da qualidade de vida dos colaboradores. Dar plano de saúde para todos os colaboradores de uma companhia do interior, por exemplo, mexe com a cidade inteira e garante comprometimento”, afirma.

O Aqua tem 40 funcionários diretos e cerca de 6.000 nas empresas investidas. Atualmente, cerca de 95% dos investidores no Aqua são estrangeiros, com destaque para os institucionais, como fundos de pensão. 

Para quem tem medo da volatilidade de um setor cuja produção está sujeita às forças da natureza, o gestor do Aqua explica que o segredo é escolher bem as companhias que receberão investimento. Produtoras de matérias-primas muito básicas, como trigo e café, ficam fora do foco.

Potencial para ampliar as operações e um jeito inovador e sustentável de atuar completam o conjunto de características desejáveis. “A equipe também faz a diferença. Os líderes das empresas em que investimos têm convicções e enxergam fora da caixa”, afirma Popik.

Otimista com as perspectivas para a recuperação da economia global, Popik diz acreditar que o setor agropecuário está entre os que se destacarão na retomada. “Os países emergentes, que produzem commodities agrícolas e metálicas, estão bem posicionados para esse novo ciclo”, afirma.

Um grande risco para o Brasil, em sua avaliação, é que as alianças e discussões sobre a eleição de 2022 sejam antecipadas e afetem a aprovação das reformas macroeconômicas necessárias à melhoria do ambiente de negócios. “O que o país precisa é de um choque de confiança. Duas décadas perdidas em 40 anos é demais, tem um custo social muito grande”, diz o gestor.


(Publicidade/Exame)

 

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