Revista Exame

Aos 76, o bilionário Julio Bozano volta ao mercado

Treze anos depois de vender seu banco para o Santander, o bilionário Julio Bozano volta ao mercado financeiro com uma empresa que vai investir em companhias de aviação, educação e petróleo e gás

Julio Bozano (sentado) com seus sócios: aposta em especialização para investir (Germano Lüders/EXAME.com)

Julio Bozano (sentado) com seus sócios: aposta em especialização para investir (Germano Lüders/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2013 às 06h00.

São Paulo - "Rei das privatizações”, “barão do aço”, “Warren Buffett do Sul.” O gaúcho Julio Bozano já foi chamado de tudo isso ao longo de cinco décadas de atuação no mercado financeiro — e nunca se soube ao certo se gostava dos apelidos.

Avesso a entrevistas, Bozano passou os últimos 13 anos administrando sua fortuna estimada (e provavelmente subestimada) em 1,8 bilhão de dólares, segundo o ranking da revista Forbes. Boa parte do patrimônio veio da venda de seu banco, o Bozano, Simonsen, ao Santander em 2000.

O restante é formado, principalmente, por ações da fabricante de aviões Embraer, compradas quando a empresa foi privatizada, e por uma participação na companhia aérea Azul. Aos 76 anos, Bozano decidiu começar de novo. Com cinco sócios principais, ele acaba de montar uma nova empresa, a Bozano Investimentos — e, desta vez, abriu uma exceção em sua histórica reclusão.

“O mercado brasileiro tem sofrido rápidas transformações nos últimos anos  e há uma demanda para que o sistema financeiro entre na economia real”, disse Bozano a EXAME.

Criada por meio da união de três gestores de recursos — a BR Investimentos, a Mercatto e a Trapezus, todas cariocas — com a empresa de investimentos do ex-banqueiro, a Bozano terá quatro áreas centrais.

Uma vai cuidar da gestão de fundos de ações, renda fixa e multimercados; a segunda cuidará de fundos de private equity por meio de equipes especializadas para investir em empresas de educação, petróleo e gás, transporte aéreo, logística e varejo.

A terceira cuidará de investimentos imobiliários e a quarta prestará serviços de aconselhamento financeiro a investidores. Inicialmente, não há nada de muito original na estratégia — ou no capital que a empresa já tem, de 4 bilhões de reais, formado, basicamente, pelo dinheiro de investidores que já aplicam nos fundos de ações, renda fixa, multimercados e de private equity das três antigas gestoras.

“O que vai nos diferenciar é a especialização. Temos profundo conhecimento das áreas em que atuamos”, diz Paulo Guedes, fundador da BR Investimentos, que deixa de existir, assim como as demais gestoras.

Seus antigos donos viraram sócios da Bozano. Guedes montou o maior fundo de investimento em empresas de educação do país e também um fundo que aplica em companhias de consumo, como a varejista Hortifruti e a rede de estacionamentos Estapar. 


Os investimentos em transporte aéreo ficarão sob o comando de Sérgio Eraldo Pinto, presidente da Bozano, que trabalha com o ex-banqueiro há 25 anos. Ele participou do aporte feito na Azul. A Jet Blue, empresa de aviação americana do empresário David Neeleman, era grande cliente da Embraer.

Quando Neeleman decidiu investir no Brasil e criar a Azul, em 2008, procurou o ex-banqueiro e negociou com Eraldo. Para atuar na área de petróleo e gás, a Bozano terá um fundo que aplica na Ouro Preto, empresa de exploração de petróleo fundada por Rodolfo Landim, ex-executivo da Petrobras e da OGX.

A Mercatto será o braço de gestão dos fundos, e a Trapezus, especializada em investimento quantitativo, que recebeu capital semente da empresa de investimentos do ex-banqueiro no passado — foi selecionada para integrar a nova companhia. A Bozano também está montando uma área de fundos imobiliários.

Estão confirmadas as contratações de executivos egressos das incorporadoras Cyrela e Rossi. No passado, seu grupo de investimentos atuou no setor. Por quase 30 anos, foi sócio da Multiplan, empresa que administra alguns dos maiores shoppings do país, como o Morumbi, em São Paulo, e o BarraShopping, no Rio de Janeiro. 

Na época em que atuou nas privatizações da Embraer e da siderurgia — nos anos 90, comprou fatias relevantes da Cosipa, da CST e da Usiminas —, Bozano tinha o objetivo de sanear as empresas e vender suas participações com lucro algum tempo depois. Hoje, pretende usar o conhecimento adquirido ao longo dos anos para “tomar decisões de investimento ainda mais embasadas”.

Nem pensa em montar outro banco porque acredita que o mercado bancário é consolidado demais e dominado por grandes instituições. Julio Bozano não terá um cargo executivo na nova empresa que acabou de criar. Mesmo antes de vender seu banco ao Santander, já não participava do dia a dia dos negócios, cuidando apenas de decisões estratégicas de investimento.

Casado pela segunda vez e com um filho de 11 anos, é um dos maiores criadores do país de cavalos puros-sangues ingleses. Suas aparições públicas, aliás, costumam se restringir a eventos como o Grande Prêmio Brasil, a corrida de cavalos mais importante do país. Na última edição do evento, que ocorreu no início de agosto, no Rio de Janeiro, seu cavalo Aerosol ficou em primeiro lugar.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasBilionáriosEdição 1047EmpresáriosFundos de investimentofundos-de-acoesGestores de fundosMercado financeirorenda-variavel

Mais de Revista Exame

Aprenda a receber convidados com muito estilo

"Conseguimos equilibrar sustentabilidade e preço", diz CEO da Riachuelo

Direto do forno: as novidades na cena gastronômica

A festa antes da festa: escolha os looks certos para o Réveillon