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Como a Sony Music manteve sua liderança no Brasil

Para o presidente da Sony Music no Brasil, o meio digital agora é sinônimo de mais dinheiro — com cada vez mais downloads, canais na web e streaming

Logo da Sony (David Ramos/Getty Images)

Logo da Sony (David Ramos/Getty Images)

NB

Naiara Bertão

Publicado em 10 de dezembro de 2016 às 05h55.

Última atualização em 10 de dezembro de 2016 às 05h55.

São Paulo — Em 2015, a indústria fonográfica mundial faturou 15 bilhões de dólares, 3,2% mais do que o registrado no ano anterior. Esse foi o primeiro crescimento significativo desde 1995. A região de maior destaque nessa recuperação foi a América Latina, com alta de 12%. Neste ano, a receita do setor no mundo também deve fechar com elevação.

Primeiras vítimas da revolução digital, empresas como Sony Music, Warner Music e Universal Music tiveram de se reinventar. Em entrevista a EXAME, o presidente da Sony Music no Brasil, o português Paulo Junqueiro, conta como sua empresa pretende manter a liderança na América Latina.

Exame - A internet deixou de ser a vilã para ser a saída da indústria fonográfica?

Junqueiro - No passado, queríamos “matar” a internet. Todos no setor ficaram revoltados. Agora percebemos que a internet apenas mudou a forma como se consome música. Hoje geramos muita receita na web. Ganhamos com publicidade e royalties. Mais de 65% das receitas do mercado fonográfico brasileiro já vêm do digital. Em 2014, 65% vinham de produtos físicos. Em dois ou três anos, acreditamos que o digital possa chegar a 90%.

Exame - Seu principal desafio hoje é aumentar a receita do meio digital?

Junqueiro - A América Latina é a única região do mundo onde a Sony Music é a número 1 e o Brasil é um mercado importante. Assumi recentemente para desenvolver novos negócios e tornar a empresa mais ágil. Fizemos uma reestruturação não por economia, mas por agilidade. Acabamos com posições em áreas que não têm mais tanta demanda, como a de designers de capa de disco.

Exame - O digital dá dinheiro?

Junqueiro - A tendência é que a receita cresça. Mas é verdade que dificilmente voltaremos aos patamares de antes do ano 2000.

Exame - O que faz o senhor pensar que estamos no começo de uma fase de crescimento sustentado no mercado fonográfico?

Junqueiro - Hoje temos mais canais de divulgação, como Facebook, YouTube, Spotify, Deezer, Apple Music... Isso sem contar que o próprio consumidor passou a ser um grande agente de divulgação de música porque segue e compartilha playlists.

Exame - Por que o Brasil caiu tanto no ranking dos maiores mercados?

Junqueiro - Anos atrás, o Brasil já foi o quinto maior mercado em faturamento. Hoje é o décimo. O país sofre por causa da alta inflação, que afeta o consumo. A instabilidade da moeda também não ajuda. Ainda assim, há boas novidades. Os serviços de streaming já estão mais consolidados por aqui e o mercado começa a ficar saudável financeiramente.

Exame - O senhor acha que o disco físico vai acabar?

Junqueiro - Países como Japão, Alemanha, França, Itália e México ainda consomem muitos produtos físicos. Acredito que a erosão do mercado físico deve estancar. Não há dúvida de que haverá espaço para todos. Mesmo sabendo disso, não deixamos de pensar em novos negócios.

Exame - Por que a Sony lançou recentemente um festival de música próprio?

Junqueiro - O festival Filtr, que acontecerá em 2017, é uma das iniciativas da divisão de novos negócios que criei. Vamos usar nossa expertise de divulgação para obter uma receita extra.

 

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