Revista Exame

Seu Dinheiro – Uma estratégia para ganhar na bolsa

Onde vale a pena investir num cenário em que as previsões de lucro das empresas não são animadoras

Ferrovia da Vale em Carajás, no Pará: estado foi o menos afetado pela crise (Germano Lüders/Exame)

Ferrovia da Vale em Carajás, no Pará: estado foi o menos afetado pela crise (Germano Lüders/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2018 às 05h02.

Última atualização em 19 de julho de 2018 às 05h03.

AÇÕES

Com a piora nas perspectivas para a economia, os analistas estão reduzindo as previsões para o lucro das empresas — mas não de maneira drástica. Em janeiro, quando a maioria dos economistas acreditava que o produto interno bruto cresceria 3% no ano, a corretora XP projetava que, na média, o lucro das companhias de capital aberto aumentaria cerca de 30%. “Agora, trabalhamos com uma faixa de 15% a 20%, já que esperamos que a expansão do PIB fique entre 1% e 1,5%”, diz Karel Luketic, analista-chefe da XP.

Embora menor, um crescimento de lucros na casa dos 20% torna atraente o investimento em ações de empresas que têm um histórico de distribuição de dividendos, segundo os especialistas consultados por EXAME. Entre as mais indicadas estão as companhias de energia elétrica. “Essas costumam gastar pouco com investimentos, porque já têm a infraestrutura instalada. Sobra mais para distribuir aos investidores por meio de dividendos”, diz Luis Gustavo Pereira, estrategista da corretora Guide.

A mineradora Vale, que melhorou sua política de distribuição de dividendos e é pouco afetada pelos rumos da economia brasileira por exportar boa parte da produção, também é considerada uma boa aposta. Uma vantagem de investir agora é o fato de que muitas ações desvalorizaram nas últimas semanas e ficaram mais baratas. Como a perspectiva ainda é de aumento de lucro, o ganho com dividendos tende a ser maior. No início do ano, os analistas previam que os investidores que aplicassem nas ações das empresas participantes do índice de dividendos da bolsa conseguiriam rendimento de 5% com o recebimento de dividendos. Hoje, a projeção está em cerca de 6%.


PARA LEMBRAR

Ações de bancos

Os resultados dos bancos no segundo trimestre começarão a ser divulgados neste mês. Com a queda da inadimplência e um leve crescimento da carteira de crédito, a expectativa é que os números sejam positivos. Por isso, os analistas sugerem aos investidores que se antecipem e comprem ações do setor antes do anúncio dos balanços. Os papéis de Bradesco e Banco do Brasil são os mais indicados, segundo a empresa de informações financeiras Thomson Reuters, que reúne recomendações de corretoras.


ATENÇÃO

Embraer

As ações da fabricante de aeronaves Embraer caíram desde que a companhia anunciou, em 5 de julho, um acordo para criar uma empresa de aviões comerciais em parceria com a americana Boeing. Como ainda há dúvidas sobre os detalhes do negócio — por exemplo, o volume de dívidas da Embraer que será transferido para a nova empresa —, os investidores têm vendido os papéis. Atualmente, nenhum analista recomenda a compra.


TÍTULOS PÚBLICOS

Investindo de graça

Lazari, do Bradesco: o banco seguiu a onda das corretoras independentes e parou de cobrar taxas | Ana Paula Paiva/Valor/Agência O Globo

Cerca de 40% das instituições financeiras aboliram as taxas cobradas dos investidores na compra de títulos públicos pelo Tesouro Direto. É possível investir nesses papéis sem pagar nada em 26 delas. As primeiras a oferecer o serviço de graça foram as corretoras independentes, mas, recentemente, alguns grandes bancos entraram na onda. É o caso do Bradesco, presidido por Octa-vio de Lazari: o banco tinha uma taxa de 0,50% ao ano sobre os valores investidos no Tesouro Direto, mas zerou a cobrança em junho. Independentemente da instituição financeira, todos os investidores continuam pagando uma taxa de custódia de 0,30% ao ano à B3 (novo nome da bolsa), parceira do governo no sistema.


APOSENTADORIA

Um rendimento sofrível

Operadores na bolsa brasileira: maior instabilidade | Germano Lüders

Apenas 4% dos planos de previdência privada (PGBL e VGBL) renderam mais do que o certificado de depósito interbancário no primeiro semestre. O desempenho sofrível foi consequên-cia do aumento da volatilidade na bolsa e no mercado de títulos públicos, e isso acabou causando perdas à maioria dos planos. No primeiro semestre do ano passado, 26% dos fundos tinham rendido mais do que o CDI. Os dados consideram cerca de 1 200 carteiras e foram compilados pelo site GuruPrev, especializado no mercado de previdência privada. Na média, os fundos renderam 1,4% de janeiro a junho, o que representa em torno de 43% do CDI no período.


ENTREVISTA

A cotação do dólar começou o segundo semestre ultrapassando a marca de 3,90 reais. Adriana Dupita, economista do banco Santander, uma das instituições que mais acertaram projeções para a moeda em junho, segundo um ranking do Banco Central, diz por que espera que o dólar caia para 3,50 reais até o fim do ano.

A projeção média do mercado financeiro aponta que o dólar fechará o ano em torno de 3,70 reais. Por que a senhora pensa diferente?

O dólar é uma mercadoria, que encarece quando fica em falta. E não faltam dólares no Brasil, porque recebemos investimentos estrangeiros, conseguimos rolar a dívida externa e temos reservas cambiais na casa de 380 bilhões de dólares. Não há razão para o câmbio permanecer tão distante de sua média histórica, de cerca de 3,50 reais.

Por que, então, o dólar continua subindo?

A explicação externa é a elevação dos juros nos Estados Unidos: o temor de que isso tire mais recursos de países emergentes valoriza o dólar. O problema interno é a eleição presidencial, ainda indefinida. Minha impressão é que o mercado está atribuindo uma chance razoável de que o próximo presidente mude a política econômica e não faça reformas. Não trabalhamos com esse cenário.

Como os investidores podem se proteger do vaivém do câmbio?

Quem precisa de dólares no curto prazo, para uma viagem, por exemplo, deveria comprar aos poucos ou investir num fundo cambial, porque a moeda ainda pode oscilar. Mas uma desvalorização adicional duradoura do real não parece provável.


PESQUISA

Como é difícil deixar de ser conservador

A queda dos juros levou mais brasileiros a repensar os investimentos. Um levantamento feito pelo aplicativo de serviços financeiros GuiaBolso mostra que, de janeiro de 2017 até o início deste ano, houve uma migração das aplicações tradicionais de renda fixa oferecidas pelos bancos — como os certificados de depósitos bancários, que passaram a render menos — para fundos, entre eles os multimercado e os de ações.

Mas a instabilidade da bolsa de valores e das moedas nos últimos dois meses fez a turma dar um passo atrás. Em maio, os investimentos em renda fixa voltaram a crescer. “A volatilidade recente gerou desconforto e atraiu investidores de volta aos produtos com rentabilidade mais previsível, mesmo não sendo saudável ficar trocando de aplicação no curto prazo”, diz Thiago Alvarez, sócio do GuiaBolso. Mesmo rendendo pouco, a caderneta de poupança ainda é vista como um porto seguro e concentra um terço dos recursos dos usuários que responderam à pesquisa. O levantamento considerou os investimentos bancários de cerca de 20.000 usuários do aplicativo.

Toque para ampliar.
Acompanhe tudo sobre:AçõesInvestimentos-pessoaisMercado financeiro

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda