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Um húngaro e um alemão apostaram no Brasil em crise. E acertaram na mosca

O húngaro Mate Pencz e o alemão Florian Hagenbuch chegaram ao país para abrir em 2012 uma gráfica online. A economia afundou, mas a empresa deu certo

Hagenbuch e Pencz, da Printi: expansão internacional no radar  | Germano Lüders /

Hagenbuch e Pencz, da Printi: expansão internacional no radar | Germano Lüders /

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Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2018 às 05h00.

Última atualização em 24 de maio de 2018 às 05h00.

As pessoas podem até passar mais e mais tempo olhando para a tela do celular, mas os empreendedores Florian Hagenbuch e Mate Pencz, ambos com 31 anos, apostam que elas continuarão precisando imprimir papéis, embalagens, cartões, canecas. A Printi, gráfica online fundada pelos sócios em São Paulo, faturou mais de 100 milhões de reais em 2017 e planeja superar os 200 milhões de reais em 2018. O negócio começou em 2012, como uma startup digital que ligava clientes a gráficas já existentes no mercado. O foco são pequenas e médias empresas que não têm volume para assinar contrato com grandes gráficas. Com o tempo, contudo, os sócios enxergaram a oportunidade de fazer da própria Printi uma gráfica. “Percebemos que era uma vantagem absorver parte da cadeia de produção, pois assim poderíamos trazer mais qualidade, rapidez, e baixar os custos”, afirma Pencz, que é húngaro e estudou economia na Universidade Harvard. Ele e o sócio, o alemão Hagenbuch, formado pela escola de negócios Wharton, conheceram-se na Inglaterra, quando trabalhavam no mercado financeiro, e decidiram empreender no Brasil. “O Brasil estava em alta e nós queríamos fazer parte dessa onda”, diz Pencz. Como se sabe, o futuro do país não se provou tão animador assim, mas o negócio da dupla prosperou.

O diferencial da Printi é a tecnologia. Todas as 50 máquinas de impressão estão conectadas à internet. No site da empresa, o próprio cliente customiza seu pedido, que é enviado direto para a impressora, sem intermediação humana. A automação permitiu à Printi baratear os custos unitários, um grande gargalo para pequenas tiragens. Cartões de visita de várias empresas podem ser impressos ao mesmo tempo, na mesma folha de papel, evitando desperdício e dividindo os custos de produção entre esses vários clientes. Da mesma forma, se uma empresa pedir apenas uma caneca personalizada, ela será impressa junto com as de outros clientes (custa a partir de 25 reais a unidade).

São mais de 1 000 itens disponíveis no site, cujas variações levam a cerca de 30 000 possibilidades — de camisetas a placas de sinalização. Ainda assim, o carro-chefe são impressões em papel, que respondem por 40% da produção. Nesse universo, flyers, fôlderes e cartões de visita são os principais produtos. Já o segmento que mais cresce na empresa é o de rótulos e adesivos. A demanda é principalmente de cervejarias artesanais, no caso dos rótulos, e de serviços de delivery, no caso dos adesivos. “Ninguém quer imprimir rótulos da cervejaria da esquina. E é justamente esse o parceiro que a gente quer”, afirma Pencz. A maioria de seus clientes é formada por pequenas e médias empresas. Porém, o negócio também atende profissionais liberais e, há pouco tempo, algumas grandes empresas. 

Hoje, a Printi tem 500 000 clientes cadastrados no Brasil, além de alguns milhares nos Estados Unidos. Em 2014, recebeu aporte da Vistaprint, uma das maiores gráficas online dos Estados Unidos e da Europa. De lá para cá, a Vistaprint já investiu 100 milhões de reais na Printi, e hoje é dona de 49% do negócio. O presidente da Vistaprint, Robert Keane, ocupa uma cadeira no conselho da brasileira. Mas Hagenbuch e Pencz afirmam que mantiveram a independência — tanto que, em agosto do ano passado, a Printi abriu um escritório nos Estados Unidos e passou a concorrer com a Vistaprint. Crescer rápido, aqui e lá fora, é essencial para firmar a liderança de um mercado que ganha novos concorrentes e tem empresas estabelecidas, como a AlphaGraphics. Em 2015, a Printi faturou 20 milhões de reais, com média mensal de apenas um décimo do que fatura hoje. Para manter o ritmo, a empresa vem crescendo em várias frentes.

No ano passado, a Printi comprou a AquarelaPrint, gráfica que trouxe clientes de grande porte, como Claro e Santander. A compra também ampliou a capacidade de produção — o parque gráfico da AquarelaPrint é o dobro do da Printi. Novas aquisições estão no radar. A empresa começou a investir em lojas físicas — tem uma, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, e espera chegar a 100 unidades nos próximos anos. “O cliente queria pegar o produto na mão e sentar com um designer para desenhar a arte. Então temos os produtos expostos na loja e uma equipe de designers à disposição”, diz -Pencz. O serviço, mais artesanal, não tem a eficiência nem a escala que trouxeram a Printi até aqui. A gráfica também tem olhado para países emergentes, em particular a Ásia. Os sócios investiram numa gráfica da Malásia e veem a região como uma nova fronteira de expansão. Eles mantêm escritórios na Romênia e na Índia.

Toque para ampliar

Apesar de trazer em seu site o slogan “A gráfica do futuro é online”, a Printi tem buscado ampliar o negócio para além das impressões para se posicionar como um “e-commerce de materiais personalizados”. A referência é a Amazon, que começou vendendo livros e foi ampliando a atuação. A Printi planeja ser um lugar para as empresas, sobretudo pequenas e médias, comprarem tudo de que precisam. O objetivo é chegar a um faturamento de 1  bilhão de reais em até cinco anos, e partir para a abertura do capital na bolsa. O risco é que os planos agressivos tirem o foco do bom negócio que a Printi é hoje — uma eficiente e lucrativa gráfica online.

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