Loja da Vivo: uma das ações mais indicadas pelos analistas para quem busca empresas que pagam dividendos elevados | Alexandre Battibugli /
Patrícia Valle
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 05h55.
Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 05h55.
Com as margens de lucro espremidas em razão da crise, as empresas brasileiras estão distribuindo menos dividendos. Um levantamento da empresa de informações financeiras Economatica mostra que o rendimento médio obtido com dividendos por quem investe em ações do Ibovespa ficou em 1,3% nos últimos 12 meses até agosto, o nível mais baixo desde 1995. Mas a expectativa dos analistas é que esse cenário comece a mudar com a retomada da economia.
Com essa perspectiva, mais investidores passaram a aplicar em ações de empresas conhecidas por pagar dividendos elevados, como as companhias de energia elétrica. Esses papéis são reunidos no índice de dividendos da bolsa, que subiu quase 50% em 12 meses (enquanto o Ibovespa valorizou 32%). Para quem decidir apostar, as ações mais recomendadas por nove corretoras consultadas por EXAME são as da geradora de energia elétrica AES Tietê e as da empresa de telefonia Vivo. A principal vantagem da AES Tietê, segundo os analistas, é o fato de ter contratos que garantem a compra de 50% a 83% da energia que produz entre 2017 e 2019.
Para o banco Citi, apenas os dividendos distribuídos pela empresa deverão gerar um retorno aos investidores de cerca de 10% neste e no próximo ano. Já a Vivo aumentou sua geração de caixa e, segundo o banco Bradesco, o retorno com dividendos deverá ficar em 5% em 2017 e 8% em 2018. As corretoras consultadas são: Bradesco, Citi, CoinValores, Genial, Guide, Santander, Socopa, Rico e XP.
PARA LEMBRAR
AÇÃO DA BRASKEM
As ações da Braskem, petroquímica controlada por Odebrecht e Petrobras, voltaram a ser recomendadas pelos analistas. O lucro aumentou 310% no segundo trimestre, em relação a 2016, para 1,1 bilhão de reais. As ações já subiram 115% nos últimos 12 meses, mas o banco UBS acredita que haja espaço para novas altas. Principais motivos: a valorização do real, que reduz a dívida em dólares da Braskem, e a recuperação da economia, que tem aumentado a demanda.
ATENÇÃO
TÍTULOS DE INFRAESTRUTURA
Os analistas recomendam cautela antes de investir em títulos de renda fixa atrelados a projetos de infraestrutura. Em dificuldades financeiras, algumas empresas estão atrasando o pagamento de dívidas, o que tem gerado prejuízo aos investidores. Por exemplo: as debêntures de infraestrutura Termelétrica de Pernambuco III e Concessionária Rodovias do Tietê desvalorizaram 53% e 29% em 12 meses, respectivamente.
STARTUPS
NOVO INVESTIMENTO A PARTIR DE 1.000 REAIS
A Comissão de Valores Mobiliários regulamentou em julho o investimento de pequenos poupadores em startups de capital fechado. Popular nos Estados Unidos e na Europa, esse tipo de aplicação é conhecido como equity crowdfunding e, em geral, reúne investidores que querem apoiar empresas na criação de produtos ou serviços inovadores e lucrar com isso. O investidor ganha dinheiro se a empresa for vendida ou abrir o capital (como aconteceu com a ReWalk, empresa americana que fabrica próteses robóticas). Mas, como são empresas iniciantes, o risco é alto: se o negócio der errado, o investidor poderá perder tudo.
No Brasil, a aplicação mínima é de 1.000 reais e, como esse tipo de aplicação ainda é novo, não existem dados sobre rentabilidade. Uma das principais plataformas de crowdfunding do mundo, a britânica Seedrs, informa que seu rendimento médio é de 14% ao ano.
FUNDOS
TAXA MENORES
Está mais barato investir em fundos DI. A taxa média de administração cobrada pelos gestores de fundos de alta renda caiu pela metade em dois anos: saiu de 0,8%, em 2015, para 0,4%, neste ano, segundo o Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas. A principal explicação é o aumento da competição causada por empresas de investimento, como Guide e XP, que tornam mais acessíveis fundos de gestoras não ligadas a grandes bancos. Ainda assim, em razão da redução de juros promovida pelo Banco Central, presidido por Ilan Goldfajn, o rendimento médio dos fundos está parecido com o da poupança. Em 12 meses, os fundos renderam 6,2%, em média (já descontado o imposto de renda); e a caderneta, 5,8%.
ENTREVISTA
A gestora Western tem o fundo de renda fixa mais rentável dos últimos 12 meses no Brasil.A rentabilidade foi de 22,5%, enquanto o CDI ficou em 11,8%. Nicolas Saad, gestor desse fundo, diz como pretende continuar ganhando dinheiro na renda fixa, apesar da queda dos juros.
Em que o fundo que o senhor administra está investindo?
Em títulos públicos prefixados que vencem entre 2021 e 2023, porque os rendimentos são maiores do que os de papéis com prazos mais curtos. Também fazemos operações no mercado de derivativos que garantem um rendimento real de 6% ao ano, acima dos 4,9% dos títulos públicos atrelados à inflação.
Com a queda dos juros, vale a pena continuar investindo na renda fixa?
É natural que mais investidores comprem ações em busca de rendimentos maiores. Mas todo mundo deve ter uma parte do patrimônio em renda fixa, ainda mais num ano eleitoral como o de 2018.
Como se preparar para 2018?
O ano deverá ser bastante volátil em razão das eleições, mas isso pode ser bom, porque cria novas oportunidades de investi-mento. Em maio, aproveitamos o estresse provocado pela delação premiada dos donos da JBS para comprar títulos prefixados com rendimentos maiores.
A inflação poderá voltar a subir em 2018 com a retomada da economia?
Sim, porque está bastante baixa neste ano. Mas deverá ficar abaixo da meta, que é 4,5%. Isso não deverá gerar nova alta de juros no ano que vem.
AÇÕES
AS PEQUENAS EMPRESAS CRESCEM MAIS
Quem investiu em small caps, como são chamadas as ações menos negociadas da bolsa brasileira, teve um rendimento médio de 49% neste ano, quase o dobro do Ibovespa. Seis das 69 ações de empresas que fazem parte do índice de small caps da B3 (antiga BM&F Bovespa) subiram mais de 100% em 2017, entre elas as da incorporadora Rossi, da companhia aérea Gol e da fabricante de calçados Arezzo. Ainda assim, os analistas acreditam que haja oportunidades no mercado.
Segundo um levantamento da empresa de tecnologia e informações Thomson Reuters, 53% das small caps da bolsa têm recomendações de compra. As ações mais indicadas são as da rede de laboratórios Alliar — todos os analistas que acompanham a companhia recomendam comprar seus papéis. As ações da Alliar subiram apenas 16% neste ano, apesar de a empresa apresentar bons resultados.