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Um sabor com história: como o Café Quilombo quer homenagear lideranças negras

Danilo Lessa Negrete fundou o Café Quilombo para resgatar a história de povos negros com o cultivo dos grãos

Danilo Lessa Negrete, do Café Quilombo: “Queremos fortalecer o black money, porque essa rede precisa ser forte” (Divulgação/Divulgação)

Danilo Lessa Negrete, do Café Quilombo: “Queremos fortalecer o black money, porque essa rede precisa ser forte” (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 23 de novembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 23 de novembro de 2023 às 12h51.

“O café é preto há muito tempo”, diz o empreendedor paulistano Danilo Lessa Negrete. “Não só na cor da bebida, mas por causa das mãos pretas que o cultivaram por anos.” Contador de formação, e com uma carreira sólida em times financeiros e de operações de grandes empresas, como BRMalls e Marfrig, Negrete nutre há tempos uma paixão pelos estudos sobre a relação entre a escravidão e o cultivo do café no Brasil. “Por muito tempo essa cultura usou mão de obra escrava”, diz ele. “Com a abolição, imigrantes ficaram com esse trabalho, e o elo da população negra com o café se perdeu.”

Em janeiro de 2020, Negrete abriu o Café Quilombo, uma marca de grãos selecionados de uma fazenda no Espírito Santo. A produção por ali é do tipo robusta, originária da África, e com sabor mais intenso que o grão arábica, comum nas lavouras brasileiras. A ideia de vender a produção numa cafeteria precisou ser adaptada na pandemia. “Fiquei meses parado, com os impostos rodando”, diz ele. “Tive até de estocar café no apartamento.”

Quem foi homenageado

O jeito foi apostar numa loja virtual. Hoje, os produtos do Café Quilombo chegam a todo o país pelo modelo de compra avulsa ou de assinatura para envio mensal de estoques. Na toada de celebrar a história negra, os produtos da Quilombo homenageiam personalidades como Tereza de Benguela, uma das principais guerreiras de um quilombo no interior de Mato Grosso, e Dandara, esposa de Zumbi dos Palmares, célebre na luta contra senhores de terras em Alagoas. Apesar dos desafios na pandemia, Negrete viu no propósito uma motivação para seguir com a marca. “Os prestadores de serviços são 70% negros”, diz ele. “Queremos fortalecer o black money, porque essa rede precisa ser forte.”

Daqui para a frente, a estratégia é expandir a venda em pontos físicos. A tática é entrar em varejistas voltados para a alta renda, como Carrefour, Santa Luzia e Eataly. Aberto há três anos com um investimento de menos de 3.000 reais, o Café Quilombo deve faturar 200.000 reais em 2023. No ano que vem, a meta é chegar ao primeiro milhão.

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