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Volvo e Baterias Moura: pente-fino para economizar recursos

Volvo e Baterias Moura trabalham com afinco para reduzir o consumo de recursos, energia e água valem ouro

Carlos Ogliari, vice-presidente da Volvo: a queda do consumo no país faz parte de uma meta de redução global feita pela matriz sueca (Leandro Fonseca/Exame)

Carlos Ogliari, vice-presidente da Volvo: a queda do consumo no país faz parte de uma meta de redução global feita pela matriz sueca (Leandro Fonseca/Exame)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 05h42.

Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 19h53.

A Volvo, fabricante sueca de ônibus e caminhões, decidiu iniciar uma caça ao tesouro na fábrica de Curitiba, no Paraná. O objetivo é encontrar possibilidades de economia de energia. Como a companhia mantém há muitos anos programas de melhoria de eficiência energética, a saída encontrada para aprimorar os índices foi olhar mais de perto em busca de brechas pontuais. Ou seja, passar um verdadeiro pente-fino nas instalações.

Os maiores responsáveis pela inspeção são os próprios funcionários, que fazem varreduras nas linhas de produção para identificar e acabar com desperdícios sem ter de investir em grandes mudanças. A média tem sido de 35 ideias implantadas por ano — nos mais variados setores — para cada colaborador do chão de fábrica da montadora. Mesmo sem reconhecimento financeiro, em 2016 os metalúrgicos viabilizaram 54 000 melhorias na Volvo, entre elas as que têm como objetivo mais eficiência energética. Maior produtividade e economia de insumos mudam a última linha do balanço e acabam refletindo na participação dos lucros dos colaboradores.

As ações da caça ao tesouro colocadas em prática têm grau baixo de complexidade e vão desde o desligamento completo dos monitores dos computadores até a automatização do processo de liga e desliga de alguns equipamentos e a ajustes em máquinas que operavam na capacidade máxima, mas que poderiam ter a capacidade reduzida sem perda de eficiência. O programa, iniciado em agosto de 2015, apresentou uma redução de 5,6 GWh por ano nos processos produtivos até o final de 2016, o que representa 15% do consumo total de energia do complexo fabril. A economia anual já representa 1,6 milhão de reais por ano.

O projeto é uma das iniciativas adotadas no Brasil para contribuir para o compromisso global que o Grupo Volvo assumiu com a ONG World Wild Foundation (WWF) para a redução de 160 GWh por ano de energia em suas fábricas até 2020. O projeto na unidade de Curitiba acaba de entrar na terceira fase e, com as buscas constantes por melhoria, fica cada vez mais difícil encontrar oportunidades.

Nos últimos 12 anos, a Volvo reduziu 37% do consumo na unidade paranaense. Mesmo assim, Carlos Ogliari, vice-presidente de RH e assuntos corporativos da Volvo, garante que o programa não tem data de validade. Atualmente, a caça acontece nas três áreas fabris e no centro de distribuição e logística de Curitiba. “Vamos ampliar a atuação para a empresa como um todo. Está em nossa essência buscar melhorias, nem que seja com conta-gotas”, afirma.


seca do agreste pernambucano não é exatamente uma novidade, mas em 2016 a situação atingiu níveis devastadores. Os dois reservatórios de Belo Jardim, em Pernambuco,  responsáveis por abastecer cerca de 75 000 habitantes da cidade e outros milhares de moradores de três municípios vizinhos, simplesmente secaram. Com o fornecimento de água restrito por caminhões-pipa e com o revezamento de consumo, o cenário impactou a vida dos moradores — e também das empresas instaladas na região.

A Baterias Moura, maior fabricante de baterias da América do Sul, tem um parque fabril na cidade e só conseguiu enfrentar a seca com um plano de economia e reúso de água implementado em 2014. Três anos depois de criar uma diretoria de sustentabilidade, a companhia definiu a meta de diminuir o consumo de água da operação em 50% até 2019. “Mais do que a questão da sustentabilidade, sabemos que essa medida é vital para a manutenção do nosso negócio”, diz Arnolfo Menezes, diretor de sustentabilidade da Moura. Ainda assim, no ano passado a companhia gastou cerca de 600 000 reais por mês para abastecer as fábricas com caminhões-pipa. “Para nós, a água é vital: os 7 milhões de baterias fabricadas  por ano têm 30% de água em sua composição”, afirma Menezes.

Nos últimos três anos, a companhia investiu cerca de 3,5 milhões de reais em várias frentes para economizar o recurso hídrico, além de campanhas de conscientização com os 5 400 funcionários, quase metade em Belo Jardim, e com as comunidades onde atua. Entre as iniciativas está a aquisição de dois sistemas de tratamento, os quais permitem reutilizar 50% da água usada no complexo, além da recente compra de sistemas de geladeiras a ar para substituir torres de refrigeração, o que diminuirá em 30% o consumo de água no processo.

Até agora, a companhia já conseguiu uma economia total de 36% em relação ao consumo de 2014. Enquanto busca outras fontes de ganho, a Moura está construindo uma nova fábrica no parque de Belo Jardim para a produção de baterias de carros elétricos e híbridos, com investimento estimado em 150 milhões de reais. A unidade já nascerá sustentável, com reutilização do efluente, baixo consumo de água e de olho na eficiência energética. Mesmo que os reservatórios estejam com a capacidade em ascensão, ficou a lição: não dá mais para contar com a sorte. “Estamos colocando tudo de mais moderno nessa fábrica e seguimos aprimorando os processos para garantir que a torneira nunca mais seque por aqui”, afirma Menezes.

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