Hospital em São Paulo: discussão sobre administradoras de plano de saúde | Fabiano Accorsi /
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2017 às 05h01.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2018 às 18h30.
Uma ação direta de inconstitucionalidade contra administradoras de planos de saúde vai colocar o Partido Social Liberal (PSL) e duas Unimeds no centro de uma investigação. A ADI 5756 foi ajuizada pelo PSL no Supremo Tribunal Federal no dia 15 de agosto com o argumento de que a existência das administradoras — que fazem a intermediação entre pacientes e operadoras de saúde — causa uma distorção no mercado ao inviabilizar a contratação direta de planos coletivos de saúde por parte das empresas.
A Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab) pediu para entrar como parte interessada na ação, o que está em análise pelo relator do caso, o ministro Gilmar Mendes. EXAME apurou que a entidade prepara um pedido de investigação sobre o processo em que se deu a ação direta de inconstitucionalidade, uma vez que a associação teve conhecimento de documentos que demonstrariam que o texto apresentado pelo PSL foi discutido, preparado e revisado com executivos da Central Nacional Unimed e da Seguros Unimed.
Parte do material, a que EXAME teve acesso, indica que as discussões se deram por quase três meses, entre junho e o início de agosto deste ano. As suspeitas, nesse caso, apontam para o chamado “aluguel de partido”, quando um partido político assume interesses privados — a investigação indicaria se houve algum benefício para isso. Procurada, a Anab diz que “não é parte no processo, mas requereu seu ingresso nos autos” e que pode “auxiliar o Tribunal com informações relevantes”. O PSL não retornou o pedido de entrevista. Seguros Unimed e Central Nacional Unimed afirmam que “apoiam todas as iniciativas para aperfeiçoar o marco regulatório da saúde suplementar” e que questionam, desde 2009, “de forma aberta e transparente, as resoluções que determinaram a intermediação dos contratos coletivos por administradoras de benefícios”.
INVESTIMENTOS
PÉ NO ACELERADOR
Com a venda de participação para o o grupo Globo, há quatro meses, a plataforma de investimentos Órama está pisando no acelerador. A empresa pediu autorização ao Banco Central para abrir uma corretora de seguros e vender apólices online. Também vai entrar no segmento de ações (até agora, a Órama só distribui fundos e títulos de renda fixa). Na esteira de concorrentes maiores, como XP e Guide, começou ainda a procurar agentes autônomos de investimento para sua expansão — fechou parceria com 82 escritórios de agentes.
SHOPPINGS
OFERTA DE AÇÕES NO FORNO
A gestora de recursos Hemisfério Sul Investimentos (HSI) está preparando uma oferta de ações de sua divisão de shoppings. A Saphyr, sociedade da HSI com a administradora homônima fundada em 2002, tem dez shoppings no país, como o Super Shopping Osasco e o Shopping Pátio Maceió. A Saphyr está em discussão para a aquisição de outros empreendimentos, procurando ganhar corpo antes de chegar à bolsa.
INFRAESTRUTURA
O CAIXA DA ANDRADE GUTIERREZ
A empreiteira Andrade Gutierrez colocou à venda sua participação na rede de distribuição de água São Lourenço, parceria público-privada feita em 2012 com investimentos de mais de 2 bilhões de reais. Em setembro, o grupo já havia desvinculado do bloco de controle as ações que possui da empresa de energia Cemig, para vender uma parte em bolsa — vendeu 3% de participação em outubro e ainda tem 16%. Além de fazer caixa, a Andrade Gutierrez começou a discutir com credores a rolagem de parte da dívida de 500 milhões de dólares em títulos que vencem no ano que vem. Procurada, a Andrade Gutierrez confirma a tratativa de venda de São Lourenço, mas diz que não tem a intenção de renegociar o prazo dos títulos de dívida.
IMÓVEIS
TE CUIDA, OLX
O portal de classificados de imóveis Zap, do grupo Globo, e a startup do mesmo setor Viva Real estão negociando uma fusão. A americana LionTree foi contratada como assessora financeira. Lucas Vargas, presidente da Viva Real, é o executivo mais cotado para assumir a nova empresa, com faturamento anual estimado em cerca de 200 milhões de reais. A possível fusão é uma resposta ao crescimento da concorrente OLX, controlada pelo grupo sul-africano Naspers. Além de ter mais de 1,5 milhão de anúncios de imóveis em sua plataforma, a OLX lançou em fevereiro o Storia Imóveis — site que, além das informações do imóvel, traz características dos bairros.
TELEFONIA
SEM CHEQUE
Investidores chineses têm participado das discussões com o governo para uma solução sobre a Oi — mas, efetivamente, não apresentaram à administração da empresa ou aos acionistas nenhuma proposta financeira.
CALÇADOS
OUTRA DA AREZZO
A empresa mineira de calçados Arezzo vai lançar sua sexta marca, agora de sapatos confortáveis. É nessa seara que concorrentes como a Usaflex estão se dando bem. Comprada pelo fundo Axxon Group em 2016, a Usaflex fatura cerca de 350 milhões de reais por ano.
BANCO DIGITAL
DE CASA NOVA
O cofundador da corretora Guide Investimentos, Jean Sigrist, é o novo diretor de operações do banco digital Neon. O Neon quer lançar produtos tradicionais no mercado bancário, mas pouco explorados na internet, como conta conjunta e crédito para microempresas.
AUTOMÓVEIS
O NOVO PLANO DE CAOA
O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono da Caoa, redefiniu suas estratégias com a compra de metade da montadora chinesa Chery em novembro. A concorrente sul-coreana Hyundai, parceira da Caoa, pressionava há anos por uma revisão do contrato de importação e fabricação de veículos da marca — a Hyundai quer assumir de vez sua operação no Brasil. Na renegociação deste ano, as duas empresas definiram que a Caoa vai sair aos poucos da fabricação e da importação de veículos da Hyundai, mas manterá a rede de concessionárias. Por isso, vai usar a fábrica em Goiás para começar a produzir veículos da marca Chery. Procurada, a empresa Caoa nega a mudança e afirma que a “parceria vencedora” com a Hyundai vai se manter.
CONSTRUÇÃO
A DESILUSÃO DO GRINGO
Quando trouxe sua incorporadora Related para o Brasil em 2013, o bilionário americano Stephen Ross pretendia investir aqui 600 milhões de dólares até este ano. Mas não colocou nem metade disso, e está difícil convencê-lo a topar novos projetos. Um dos investimentos da Related foi o Parque Global, um complexo imobiliário em São Paulo que, com todas as licenças na mão, foi embargado pelo Ministério Público. Sem previsão de solução, teve de devolver o dinheiro dos clientes que tinham comprado apartamento ali. Em eventos em Nova York, Ross aproveitou para reclamar da situação com o governador Geraldo Alckmin e com João Doria, prefeito de São Paulo. O Ministério Público não arreda o pé.