Israel Neto, da Kitembo: “Queremos levar a cultura negra para diferentes plataformas” (Idmar Oliveira/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 06h00.
O impacto cultural do filme Pantera Negra, de Ryan Coogler, foi além das telas e inspirou Israel Neto a criar a editora Kitembo, que dá vida a protagonistas negros.
A editora foi criada em 2018, mesmo ano do lançamento do filme, para explorar gêneros como ficção científica e fantasia, com foco em histórias que colocam a experiência e a ancestralidade negra no centro da narrativa.
“O filme coloca a cultura negra no centro da narrativa e me fez acreditar que era possível criar algo novo e relevante no Brasil”, diz o fundador.
Ao lado dos amigos Aisameque Nguenge e Anderson Lima, Neto deu os primeiros passos da editora e publicou a primeira obra, Amor Banto em Terras Brasileiras, romance entre dois jovens angolanos que enfrentam a escravidão e a busca por liberdade no Brasil. A estreia foi modesta, com vendas diretas nas ruas e para amigos. “Era tudo muito artesanal, mas isso nos deu confiança para continuar” diz.
Com o tempo, a editora expandiu suas operações, encontrando no financiamento coletivo uma forma de viabilizar novos lançamentos. A transição para o digital, em 2020, foi decisiva para a escalabilidade do negócio. Hoje, com 28 títulos no catálogo e mais de 60 autores de 11 estados, a Kitembo se consolidou como um nome referência na literatura negra fantástica.
Obras como Deuses de Dois Mundos e Ubuntu 2048 exploram temas que mesclam mitologia africana com questões contemporâneas.
“Queremos criar histórias que o mercado tradicional ignora, mas que tenham apelo”, diz o fundador.
A profissionalização da editora foi acelerada com a participação em iniciativas como o Vai Tec, programa de aceleração criado pela Ade Sampa, que ajudou a estruturar melhor a operação. “Aprendemos a pensar a Kitembo como um negócio sustentável”, diz o empreendedor.
Com um faturamento de 192.000 reais, a Kitembo planeja lançar seis livros no próximo ano e expandir para novos formatos. Obras audiovisuais, games e brinquedos temáticos estão no radar do fundador. “Queremos levar a cultura negra para diferentes plataformas e ampliar o alcance das nossas histórias”, diz Neto.