Cavalgadas pelo mundo: o executivo de origem espanhola fez viagens a cavalo nos cinco países em que viveu (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Casual
Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 06h00.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2025 às 11h01.
Filmes costumam inspirar espectadores com histórias e personagens, sejam fictícios, sejam reais. Para Alvaro Gutierrez, country manager do Grupo Oniverse no Brasil, as produções de velho oeste despertaram o fascínio por caubóis montados em cavalos e o sonho de ter um animal. “Eu tinha 5 ou 6 anos quando comecei a montar. Sempre amei o cinema de faroeste e os cavalos que apareciam nos filmes. Desde criança, sentia uma afinidade especial com esses animais”, diz. Aos 7 anos, ele iniciou aulas de equitação e, ainda adolescente, participou de campeonatos de salto e doma na Espanha, seu país natal.
Ainda que nunca tenha possuído um cavalo, o executivo sempre esteve próximo dos animais nos cinco países em que já viveu. Sua dedicação o levou a montar cavalos de terceiros, muitas vezes exibindo-os em competições para venda.
“Aos 12 anos, eu me lembro de colocar uma placa ao lado do picadeiro escrito: ‘Alvaro monta o seu cavalo grátis’. Com 15 anos, em vez de estar na balada, eu montava quatro ou cinco vezes por semana. Essa disciplina me ajudou a criar um vínculo com os cavalos”, afirma Gutierrez, que até considerou seguir a carreira de médico veterinário.
Entre suas experiências mais marcantes o executivo destaca uma cavalgada de travessia nos Andes, do Chile à Argentina. “Foram seis dias nas montanhas, a quase 5.000 metros de altitude. É uma experiência que exige preparo e conexão com o cavalo. Dormimos em temperaturas abaixo de zero, mas o contato com a natureza é indescritível.”
A próxima viagem em vista é voltar para os Andes, próximo ao local em que ocorreu a queda do avião vindo do Uruguai em 1972, retratada no filme Sociedade da Neve. “É um lugar muito espiritual, muito bonito. Tentarei ir neste ano.”
No Brasil há mais de 11 anos, Gutierrez tem entre suas memórias uma cavalgada em Minas Gerais. “As pessoas são incríveis. Lembro de parar em fazendas onde ofereceram café, pão de queijo e almoço. Foi especial”, diz. Durante a viagem, ele teve a oportunidade de nadar com cavalos em um lago. “O cavalo afunda e então começa a galopar na água. Foi maravilhoso, fiz três, quatro vezes seguidas.”
Cavalgadas pelo mundo: o executivo de origem espanhola fez viagens a cavalo nos cinco países em que viveu (Leandro Fonseca/Exame)
Apesar da rotina como country manager das marcas Intimissimi, Calzedonia e Intimissimi Uomo, Gutierrez encontra tempo para as cavalgadas, ainda que em menor frequência. Ele acredita que o hobby é essencial para renovar suas energias.
“O contato com a natureza funciona como meu psicólogo. Depois de uma cavalgada, volto com energia renovada e ideias para a empresa”, conta. Hoje, o grupo possui 143 lojas no país, sendo 89 da Intimissimi, 51 da Calzedonia e 3 da Intimissimi Uomo. Recentemente, a marca masculina tem ganhado destaque, com planos de expansão com seis lojas em 2025.
Com foco em lingeries e night-wear, as modelagens italianas precisaram se adaptar ao mercado local. “No Brasil, ajustamos modelos de calcinhas e sutiãs e lançamos produtos exclusivos, como lingeries e pijamas que também servem para ocasiões sociais. Isso tem sido um diferencial competitivo.” Gutierrez vê resiliência e adaptabilidade como as principais características para o trabalho e para as cavalgadas.
“No fim das contas, eu tive de aprender uma língua nova em um país novo. Sem esquecer do que passamos durante a pandemia. É necessário ter disciplina não apenas para o trabalho mas também em momentos com os cavalos, como passar 8 horas em montaria. Essa resiliência, esse esforço, essa disciplina que tenho a cada dia no meu trabalho me ajudam na montanha. Se você sabe aproveitar a paisagem, os cavalos, a natureza, as pessoas, tudo flui bem. É como quando se está com uma pessoa de que gosta: o tempo passa mais rápido.”
*Agradecimento ao Haras Cantareira