Novo campus da Escola de Negócios Saint Paul, na região da Avenida Paulista (Leandro Fonseca/Exame)
Redação Exame
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 21h59.
Imagine se um médico do século 21 entrasse numa sala de cirurgia do século 19. Dificilmente ele conseguiria se encontrar, tão grande o avanço dos equipamentos e da arquitetura. Mas um professor que voltasse no tempo encontraria salas de aula muito parecidas com as de hoje em dia. Por que as escolas mudaram tão pouco?
Essa provocação está por trás da visão da Pitá Arquitetura para o novo campus da Escola de Negócios Saint Paul, em São Paulo.
“A sociedade e a tecnologia caminharam muito, mas o ensino se cristalizou em tradições”, diz Heloisa de Santis, sócia da Pitá. “A nova sede da Saint Paul valoriza a tradição, mas entende que ela precisa estar conectada às demandas de um mundo novo.”
O principal objetivo dos 12.000 metros quadrados de espaço, divididos em três andares, será a conexão entre os estudantes e a comunidade EXAME Saint Paul. A escola terá espaços vivos de estudo, que podem começar na sala de aula e terminar no café, sem aqueles ambientes rígidos dos centros de ensino tradicionais.
A sensação será de fazer parte de uma enorme biblioteca expandida, um convite ao estudo e também à interação.
“A escola vai preparar os estudantes para uma nova fase da vida já no ambiente universitário, com espaços que incentivam as conexões tão valiosas no ambiente de trabalho”, diz Rafael Urbonas, da Pitá.
O escritório de arquitetura tem experiência em projetos de ensino, mas são raras as oportunidades de pensar espaços do zero, com conexão total a uma nova metodologia educacional.
O espaço concebido pela Pitá: cores neutras e uma elegância que remete a galerias de arte (Saint Paul/Divulgação)
A solução criada para a Saint Paul foi uma escola com estética minimalista, cores neutras e uma elegância que remete a galerias de arte. A ideia é que o público C-level, habituado a frequentar a EXAME e a Saint Paul, se identifique e se sinta convidado a interagir.
Para os alunos da graduação, por sua vez, o ambiente com união de sobriedade e obras de arte será um convite à inovação. As conexões com empresários e executivos acontecerão de forma natural, como parte do dia a dia.
Os ambientes terão a linha de frente da tecnologia, com luzes que se adaptam à leitura de telas ou equipamentos que identificam a voz do professor e gravam as aulas, por exemplo. Mas o principal da tecnologia, explica Heloisa de Santis, será permitir a interação. Ou seja, soluções que facilitem a rotina, aumentem a produtividade e ampliem os momentos de trocas.
O novo campus fica na Rua da Consolação, com acesso também pela Rua Bela Cintra, na região cultural da capital paulista, e terá também ampla conexão com o entorno.
Um terraço no terceiro andar será uma janela para o mundo, na altura das copas das árvores. O térreo, aberto, convidará a cidade a entrar na escola.
“Levar a universidade para onde a infraestrutura está é uma gentileza urbana em termos de ESG”, diz De Santis. Nascer com a sustentabilidade integrada ao projeto: um simbolismo poderoso para a nova escola.