Central da Hermes: a rede varejista do Rio de Janeiro cresceu mais de 70% e entrou no grupo das empresas bilionárias (André Valentim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2011 às 08h45.
A elite empresarial do país soube aproveitar bem o excepcional momento da economia em 2010, quando o PIB brasileiro cresceu 7,5%, a maior expansão desde 1986.
No ano passado, as 500 maiores empresas do Brasil faturaram mais de 1,2 trilhão de dólares e lucraram mais de 80 bilhões de dólares, de acordo com dados preliminares de MELHORES E MAIORES, edição especial de EXAME que chega às bancas em 7 de julho. O total de lucros foi o maior já registrado desde 1974, quando foi lançada a publicação.
“Temos recordes em diversos indicadores, e isso é resultado da combinação de economia aquecida em 2010 com real valorizado”, diz Ariovaldo dos Santos, coordenador técnico da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), da Universidade de São Paulo, responsável pelas análises de Melhores e Maiores.
Um dos recordes que chamam a atenção é o do número de empresas com faturamento acima de 1 bilhão de dólares. São 50 a mais que no ano anterior. Ao todo, 291 companhias atingiram a marca — 57 delas pela primeira vez. A maioria das novas bilionárias atua em setores que tiveram forte crescimento graças à ampliação da oferta de crédito e ao aumento da renda.
Entre os setores mais beneficiados estão autoindústria, varejo, construção e serviços. A gaúcha Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus, figura entre as companhias que estrearam no grupo de bilionárias. A ascensão de uma nova classe média impulsionou o turismo rodoviário e incentivou as empresas de ônibus a renovar suas frotas.
Em 2010, a Marcopolo produziu 27 500 ônibus, 42% mais que no ano anterior. Seu faturamento atingiu 1,5 bilhão de dólares, com crescimento real de 38%. “Foi o melhor desempenho que tivemos em nossa história de 62 anos”, diz José Rubens de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo.
As vendas no mercado brasileiro foram responsáveis por 65% do faturamento, invertendo a situação de sete anos atrás, quando as exportações chegaram a representar dois terços da receita. “Desde 2003, triplicamos nossa produção no exterior, mas é no Brasil que fabricamos os ônibus de maior valor”, afirma De La Rosa.
Num ano marcado pela força do mercado interno, o setor de varejo foi um dos mais vigorosos. A rede carioca Hermes, por exemplo, mudou de patamar. Atuando com vendas porta a porta e pela internet, faturou 1,2 bilhão de dólares, 73% mais que no ano anterior. Sua taxa de crescimento é uma das mais altas entre as empresas analisadas por MELHORES E MAIORES.
O comércio eletrônico, por meio da loja virtual Comprafacil, representa 70% do faturamento da Hermes. “A popularização dos computadores e o aumento do acesso da população à rede são as principais alavancas de nosso crescimento”, afirma Gustavo Bach, executivo que assumiu a presidência da Hermes há dois meses.
Após estimular os consumidores a comprar mais em 2010, o governo começou no início do ano a puxar o freio, elevando a taxa básica de juro para conter a inflação. Na Hermes, surgiram os primeiros efeitos do aperto monetário, embora de forma ainda tênue.
Em abril, seu faturamento caiu 10% em relação à média dos três primeiros meses do ano. A queda, no entanto, ocorreu em comparação com uma base elevada: as vendas da Hermes no primeiro trimestre foram 60% superiores às do mesmo período de 2010.
Mesmo que a economia desacelere, Bach mantém o plano de aumentar o número de vendedores, de 600 000 para 700 000 no decorrer deste ano. “Nossa meta neste ano é crescer 70%”, diz Bach. “Estamos confiantes de que vamos continuar a crescer.”