Revista Exame

Em 2016, Vale bateu recorde de produção - e de resultados

No ano, mineradora teve um lucro de 3,8 bilhões de dólares, o maior obtido entre as empresas não financeiras do país

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2017 às 05h41.

Última atualização em 10 de agosto de 2017 às 05h41.

Há dois anos, a mineradora Vale teve o maior prejuízo des­de sua privatização, ocorrida duas décadas atrás: perdeu 15 bilhões de dólares em valores corrigidos. O resultado se deveu aos efeitos da depreciação do real ante o dólar e às baixas contábeis feitas para ajustar o valor dos ativos à nova realidade de preços mais baixos do minério de ferro.

Mas nada como um ano depois do outro. Em 2016, os preços do minério voltaram a subir, o real reagiu diante do dólar e a Vale bateu recorde de produção. Resultado: um lucro de 3,8 bilhões de dólares, o maior obtido entre as empresas não financeiras do país.

Fábio Schvartsman, presidente da Vale: o desafio é fazer uma empresa com ações pulverizadas e mais transparente | (Germano Lüders/EXAME)

Não poderia haver melhor momento para a Vale lançar-se a mais um desafio: tornar-se uma empresa “sem controle definido”, em uma iniciativa que visa aumentar sua transparência. “A Vale está pronta para escrever uma nova história”, diz Fábio Schvartsman, executivo que assumiu a presidência em maio com a missão de fazer dela uma empresa com ações pulverizadas no mercado.

Os principais acionistas hoje estão agrupados na holding Valepar, da qual fazem parte, entre outros, os fundos de pensão Previ e Petros e o ­BNDESPar. A diluição do controle ajudará a limitar as interferências do governo na empresa e melhorará sua governança, um processo que deverá culminar no ingresso da Vale no Novo Mercado da B3 (novo nome da bolsa brasileira), nível que reúne companhias com as melhores práticas de governança, mais transparência e cuidados com investidores minoritários. A previsão é que o processo seja concluí­do em 2020.

Esse é o ano também em que a S11D, maior mina construída pela Vale em seus 70 anos, deverá alcançar plena capacidade de produção: 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Localizada na Serra Sul de Carajás, no Pará, a mina começou a produzir em dezembro de 2016. Segundo a Vale, o minério da S11D tem alto teor de ferro e o menor custo de produção entre ­suas operações. Mas ela não está sozinha nesse mercado.

Recentemente, entraram em produção os projetos de concorrentes da Vale na Austrália (Roy Hill, da Hancock, com capacidade de 55 milhões de toneladas por ano, e Jimblebar, da BHP Billiton, com 45 milhões) e no Brasil (Minas-Rio, da Anglo American, com potencial para 26,5 milhões de toneladas). O perigo é de excesso de oferta.

Nesse negócio, cada dólar faz diferença — a queda de 1 dólar por tonelada no preço médio do minério pode diminuir o lucro da Vale em 325 milhões de dólares. Schvartsman minimiza o risco. “Há excesso de oferta, mas de minério de baixa qualidade”, afirma.

Por isso, a Vale, cujo minério é considerado um dos melhores do mundo, com alto teor de ferro, deve reativar, até o final do ano, sua usina de pelotização de São Luís, no Maranhão, onde consegue fazer produtos de concentração mais alta, quase sob medida para cada cliente. Otimista, Schvartsman acredita que a China, principal comprador do minério da Vale, manterá seu programa de investimentos nos próximos anos.

Disso dependerá o crescimento da Vale — e da economia de muitos países.

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