Cogna: a maior do setor de educação, a companhia conduziu um grande turnaround na gestão, com redução de dívida e aumento de tíquete médio por aluno (Cogna/Divulgação)
Diretor de redação da Exame
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 22h00.
O ano que passou foi de virada para as maiores empresas de educação do Brasil. Após a migração em massa para o ensino online na pandemia de covid-19, que pressionou receita e margem dos principais grupos, 2024 marcou uma retomada. Foi, digamos, um ano em um novo patamar de realidade. O faturamento aumentou 8%, e o lucro disparou 2.900% entre janeiro e dezembro de 2024 na comparação com 2023. Se em 2023 sete das 13 maiores empresas fecharam no prejuízo, em 2024 apenas duas das 12 maiores ficaram no vermelho. O resultado da Cogna, a maior do setor, passou de 492 milhões negativos para 991 milhões de reais positivos. A companhia conduziu um grande turnaround na gestão, com redução de dívida e aumento de tíquete médio por aluno. A Ânima também voltou ao azul depois de um pente-fino nos custos e aumento de tíquete dos alunos, mesmo com uma leve queda de 1,5% no número de alunos conforme a divulgação de resultados de agosto deste ano.
As principais redes de ensino vêm apostando em produtos premium, como escolas bilíngues e cursos de pós-graduação e de curta duração, conectados ao espírito do life long learning, ou aprendizado ao longo da vida. No caso da Yduqs, o Ibmec, focado em economia e negócios, ajuda nas margens. Outro grande filão é o ensino de medicina, com mensalidades que passam dos 15.000 reais e margens acima de 50%. O número de faculdades de medicina quintuplicou no Brasil nos últimos 30 anos. Focada nesse nicho, a Afya já é a quarta maior empresa do setor e viu o lucro crescer 85% em 2024. A empresa tem 33 escolas espalhadas pelo Brasil, 64% delas nas regiões Norte e Nordeste, onde há mais necessidade de profissionais. Apostar em re-giões longe do eixo Rio-São Paulo cumpre também o papel social de levar atendimento para locais com carência de profissionais.
Em 2025, a aprovação de um decreto que institui uma nova política de ensino a distância (EaD) é a grande novidade no mercado. Em 2024, o número de alunos EaD praticamente empatou com o de alunos de graduação presencial no país: 4,9 milhões ante 5,1 milhões. A tendência é de predomínio a distância: no último ano foram criadas 600.000 vagas EaD e fechadas quase 50.000 vagas presenciais. O objetivo do novo decreto é melhorar a qualidade do ensino, com a imposição de uma carga maior presencial, de conteúdo síncrono e de polos de atendimento mais bem engendrados, com equipamentos como laboratório de informática. As escolas precisarão se adaptar entre 2026 e 2027, um processo que deve abrir novas oportunidades para as redes capitalizadas e bem estruturadas.