Cristalino Lodge: conforto e sustentabilidade na Amazônia (Samuel Melim/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 29 de abril de 2021 às 05h20.
Última atualização em 29 de abril de 2021 às 08h41.
A reserva particular na qual o Cristalino Lodge está inserido corresponde só a um trechinho do sul da Amazônia. Mas são mais de 11.000 hectares, uma área quatro vezes maior que Fernando de Noronha. Localizado em Mato Grosso, o hotel tem o mesmo nome do rio que termina quase na sua porta e serpenteia em meio à floresta por 114 quilômetros — a nascente fica no Pará. Para chegar até ali é preciso desembarcar no município de Alta Floresta, Mato Grosso, vencer 1 hora de estrada e depois mais 30 minutos de barco. É o único jeito.
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Os bangalôs são confortáveis e espaçosos.Mas as semelhanças com os hotéis de lazer tradicionais terminam aí. Para começo de conversa, os hóspedes são estimulados a pular da cama quando ainda está escuro. E não só para contemplar o nascer do sol da torre de observação de 45 metros de altura.
O que mais se pratica ali, afinal, são longas caminhadas ou passeios de barco no meio da floresta — e esta acorda cedo. Quanto mais cedo se sai, sempre na companhia de um guia, maior a chance de contemplar a fauna da região em detalhes. É o habitat de nove variedades de macacos e de um terço das 1.800 espécies de aves brasileiras.
Estimula-se também a consciência ambiental dos visitantes. Afinal, engajar os hóspedes na luta pela preservação do planeta é uma das razões de ser do empreendimento. De sua parte, ele recicla o lixo descartável, trata os próprios efluentes e dispõe de 60 placas que captam a energia solar — sim, banho quente e Wi-Fi estão garantidos.
“Só não compramos barcos elétricos porque os que existem não atendem a nossos propósitos”, afirma o empresário Alex da Riva, que comanda o Cristalino Lodge. “O mais importante é a postura que adotamos, que visa contribuir com a conservação da região e a cultura local. É a chave para que o turismo não seja nocivo.”
A pousada Amendoeira segue a mesma pegada, com bangalôs que se aproveitam da ventilação natural e de placas fotovoltaicas que captam a energia solar e a tornam autossuficiente. Situada em São Miguel dos Milagres, em Alagoas, orgulha-se ainda de sua horta orgânica e de adotar práticas sustentáveis como compostagem, reciclagem, redução de resíduos e tratamento de efluentes. Mais: a água da lavanderia é coletada quando chove e os amenities são todos biodegradáveis.
Já o Txai Itacaré, na Bahia, colabora desde que abriu suas portas, em 2001, com o projeto Tamar, cuja missão é monitorar e manejar o nascimento das tartarugas que nascem na região. A nova meta do resort baiano é se engajar também na preservação dos pássaros que colorem e animam o céu daquele canto do país. E o Txai ainda contribui com pequenos agricultores, movimento que tem resultado na recuperação da vegetação nativa e na adoção de práticas de plantio sustentáveis.
No mesmo estado, a pousada Vila Naiá situa-se em Corumbau, dentro da Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Carroula. Com apenas oito habitações, é movida a energia eólica e solar. Trata seus efluentes antes de despejá-los na natureza e dispõe de um viveiro de mudas com espécies nativas — o paisagismo adotado, por sinal, se valeu apenas das plantas que já estavam no entorno, para diminuir o impacto no meio ambiente.
Outro empreendimento sinônimo de sustentabilidade é o Lapinha, spa paranaense a 80 quilômetros de Curitiba. Dos 550 hectares nos quais ele está inserido, 150 estão sendo transformados em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e 30 hectares são usados para o reflorestamento. Todos os efluentes são tratados e devolvidos de forma limpa à natureza, e o spa ainda produz, sem pesticidas ou adubos químicos, boa parte das frutas e hortaliças servidas no restaurante.
Faltou contar que o Cristalino Lodge ficou fechado de março a setembro do ano passado. Para equilibrar as contas, o empreendimento passou a vender pacotes de hospedagem com desconto, para serem usados quando o novo coronavírus der trégua. Parte do dinheiro arrecadado até aqui foi gasta com a compra de 10 toneladas de alimentos, doadas para famílias da região que se viram sem fonte de renda da noite para o dia.
“Apostamos numa retomada forte a partir do segundo semestre, mas enquanto isso temos de olhar para o nosso entorno”, conclui Riva. Aos interessados: as diárias partem de 1.550 reais por pessoa, tirando a taxa de preservação ambiental, de 250 reais. Inclui traslado, refeições e passeios.