Revista Exame

Fabricante de calçados Grendene atravessa a crise sem perder o sono

Com folga no caixa, a Grendene enfrenta a crise da covid-19 com mais tranquilidade. E já voltou a contratar

Fábrica da Grendene: ajuda aos clientes durante a pandemia (Wellington Macedo/Folhapress)

Fábrica da Grendene: ajuda aos clientes durante a pandemia (Wellington Macedo/Folhapress)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2020 às 05h53.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 15h34.

Na crise, cada centavo pode fazer a diferença — inclusive para as grandes empresas. As companhias com um bom índice de liquidez costumam enfrentar os períodos de turbulência com mais tranquilidade. É o caso da fabricante de calçados Grendene, que se destacou como a empresa com o maior índice de liquidez geral entre as 500 maiores companhias do Brasil no ano passado, de acordo com a edição especial MELHORES E MAIORES 2020, que será lançada em novembro. Esse índice reflete a capacidade de uma empresa de honrar suas ­obrigações financeiras.

“No início da pandemia, quando muitos saíram atrás de crédito, não tivemos essa preocupação”, diz Alceu Albuquerque, diretor de relações com investidores da Grendene. “Nosso caixa era superior a 2 bilhões de reais, o que deixou a diretoria tranquila para navegar na crise.” O número expressivo não é novidade — a empresa é grande geradora de caixa. Em 2020, porém, a pandemia de covid-19 provocou uma queda de 12% na receita líquida da Grendene no primeiro trimestre. No segundo trimestre, o impacto foi ainda maior, por causa do fechamento de muitas lojas físicas, que respondem pela maior parte das vendas do setor de calçados. Para piorar, a principal operação da Grendene fica no Ceará, um dos epicentros do coronavírus no Nordeste, paralisando toda a produção. Resultado: 85,8% de queda na receita líquida em relação ao segundo trimestre de 2019.

Mesmo nesse cenário, a Grendene não demitiu, recorrendo à redução de jornada e ao banco de horas. O caixa alto, nesse momento, permitiu outra estratégia. “Prorrogamos o prazo de pagamento dos clientes para não comprometer o fluxo de caixa deles”, afirma Albuquerque. Eles também parcelaram dívidas e deram descontos aos lojistas. A medida agora rende frutos. “Os clientes nos viram como parceiros e já começaram a refazer pedidos”, diz Albuquerque. A recuperação começou — e a companhia já contratou 1.922 funcionários temporários, além de 302 aprendizes, para dar conta da demanda. Em outubro, devem ser mais cerca de 800 novas contratações.

Embora seja um dado importante, o índice de liquidez geral, por si só, não basta para atestar a saúde financeira de uma empresa, segundo Bruno Lima, especialista em renda variável da EXAME Resear­ch. Em alguns casos, o valor dos ativos pode estar inflacionado e não corresponder à realidade. Empresas com grandes investimentos, por exemplo, podem ter o índice reduzido. “Já aquelas mais cautelosas podem preferir segurar mais o caixa em vez de investir”, diz Lima.

(Arte/Exame)

Acompanhe tudo sobre:ContrataçõesCrise econômicagestao-de-negocios

Mais de Revista Exame

Invasão chinesa: os carros asiáticos que chegarão ao Brasil nos próximos meses

Maiores bancos do Brasil apostam na expansão do crédito para crescer

MM 24: Operadoras de planos de saúde reduzem lucro líquido em 191%

MM 2024: As maiores empresas do Brasil