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Totvs busca nova receita para continuar no topo

A fabricante de softwares de gestão Totvs reformulou seu modelo de negócios. O objetivo: manter-se atualizada num mercado no qual quem não se renova perece

Laércio Cosentino, da Totvs: preparando o sucessor para sair do comando executivo da companhia em três anos (Leandro Fonseca/Exame)

Laércio Cosentino, da Totvs: preparando o sucessor para sair do comando executivo da companhia em três anos (Leandro Fonseca/Exame)

Raphael Martins

Raphael Martins

Publicado em 6 de novembro de 2015 às 04h56.

Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 12h44.

São Paulo — A área de pesquisa e desenvolvimento das empresas é quase sempre uma das mais sujeitas a sofrer cortes no orçamento em tempos mais bicudos, como o que o Brasil vem atravessando. A paulista Totvs, que produz softwares de gestão, encontrou uma maneira de não cair nessa tentação: seja o ano bom ou ruim, 14% da receita líquida é investida em inovação.

“É uma área estratégica para uma empresa de tecnologia, que não pode parar de inovar”, diz Laércio Cosentino, presidente da ­Totvs. O principal destino dos recursos em 2014 foi o Totvs Lab, centro de pesquisa instalado no Vale do Silício, nos Estados Unidos.

De lá saíram nos últimos anos produtos como o Totvs V12, versão mais recente do principal programa de gestão da empresa, e o Fluig, plataforma que permite aos usuários consultar ou fornecer informações de qualquer lugar por meio de tablets e smartphones. “Nosso negócio é aumentar a produtividade das empresas”, afirma Cosentino.

Os investimentos em inovação ajudaram a Totvs a alcançar uma situação invejável. Segundo o instituto de pesquisas Gartner, a Totvs detém metade do mercado brasileiro de softwares de gestão e é a sexta do mundo nesse tipo de programa. Sua receita líquida chegou a 530 milhões de dólares no ano passado, o que a ajudou a ser a melhor empresa da indústria digital em 2014.

Para manter essas posições, porém, será preciso continuar quebrando a cabeça — nesse mercado, quem não se atualiza corre o risco de perecer. Por isso, a Totvs mudou o modelo de negócios no ano passado.

Em vez de vender os softwares para que os clientes os instalem em seus próprios servidores, passou a oferecer o que o mercado conhece pela expressão “software como serviço”: os clientes passam a pagar um valor mensal de assinatura que dá acesso pela internet aos programas, que ficam instalados em computadores mantidos pela Totvs.

A diferença é que, nesse formato, os clientes fazem investimentos iniciais menores na aquisição de um programa e em computadores. “De início, esse modelo resulta em um crescimento menor de nossas receitas”, diz Cosentino. “Mas, no médio prazo, vamos ganhar uma base de assinantes que proporcionam receitas recorrentes, e isso acaba sendo compensador.”

A mudança não é apenas para os novos clientes: uma das missões da Totvs para este ano é convencer antigos usuá­rios de seus programas a migrar para o novo sistema.

Por enquanto, Cosentino ainda está no comando dessa transição — mas seus planos de se afastar do dia a dia dos negócios já foram anunciados. Em junho, ele indicou o executivo Rodrigo Kede, ex-presidente da IBM no Brasil, como seu sucessor na Totvs.

Nos próximos três anos, Kede vai responder diretamente a Cosentino, que se manterá à frente da companhia — depois disso, Cosentino estuda a hipótese de passar para a presidência do conselho de administração, hoje ocupada por Pedro Passos, um dos sócios da fabricante de cosméticos Natura. São os primeiros passos de uma nova fórmula de crescimento.

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