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Sotaque francês: como a Le Cordon Bleu quer deixar seu legado no Brasil

A centenária tradicional escola Le Cordon Bleu quer deixar seu legado na cozinha brasileira

Biblioteca em homenagem à escritora e jornalista Nina Horta na unidade de São Paulo: culinária para além da prática. (Ricardo Dangelo/Divulgação)

Biblioteca em homenagem à escritora e jornalista Nina Horta na unidade de São Paulo: culinária para além da prática. (Ricardo Dangelo/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 23 de novembro de 2023 às 06h05.

Última atualização em 23 de novembro de 2023 às 17h02.

Julia Child, Eric e Bruce Bromberg, Mary Berry, Vicky Lau, Pooja Dhingra e Gastón Acurio. Todas essas personalidades ajudaram a transformar a gastronomia mundial do seu tempo, da França à Ásia, passando pela América Latina. Para além desse fato relevante, todos têm em comum um grande ponto que os transformou enquanto profissionais: estudaram na centenária escola francesa de gastronomia Le Cordon Bleu. Presente no Brasil há cinco anos, com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, o instituto já capacitou mais de 2.300 profissionais, criando as condições ideais para o surgimento de novos nomes como esses em solo brasileiro. Para os próximos meses, a instituição francesa vai expandir seus domínios, fincando bandeira em Curitiba, Belo Horizonte, Natal e Porto Alegre.

Nessas cidades, o ensino vai seguir o modelo de dupla certificação, em parceria com instituições de ensino superior que fazem parte do grupo Ânima. Desde o meio deste ano, a instituição de ensino oferece dupla certificação dos cursos superiores de gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi (unidade Vila Olímpia). Os professores da Le -Cordon Bleu ministram as aulas para os alunos, além de treinar professores da Ânima, seguindo o padrão internacional do instituto.

A expansão acontecerá a partir de 2024, com aulas nas instituições de ensino superior da Ânima: Unicuritiba (Curitiba), UniBH (Belo Horizonte), Uniritter (Porto Alegre), UnP (Natal), IBMR (Rio de Janeiro) e UniFACS (Salvador), além do campus Mooca da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Atualmente, a Le Cordon Bleu tem 35 escolas em 20 países.

André Cointreau, presidente global da Le Cordon Bleu, avalia que essa expansão faz parte de uma estratégia mundial do instituto de estar presente em mais regiões, o que contribui para o desenvolvimento da gastronomia. “Gostaríamos de estar na Argentina e em mais países na Ásia”, afirma. Para ele, a parceria com o grupo Ânima é uma oportunidade para estabelecer novos parâmetros de qualidade não só do ensino técnico das artes culinárias mas também em gestão de negócios, gerando impacto no mercado local e um legado permanente da escola francesa.

Tradição e história

Para seguir a tradição do instituto francês de também ser um fomentador da cultura para além da gastronomia, a Le Cordon Bleu lançou, no fim de setembro, a chamada Culinary Village, na unidade da Vila Madalena, em um arrojado prédio projetado pela Idea!Zarvos em São Paulo, unindo culinária e história. Um dos espaços, batizado de Cozinha de Experiências e Inovação, é uma área para atividades multiculturais e culinárias. Trata-se de um novo conceito de cozinha, que prioriza design e ambientes modernos e versáteis. Empresas e clientes podem utilizar o local para a realização de eventos personalizados, e contar com o serviço de catering próprio da escola.

Um dos locais com mais memória gastronômica dentro desse espaço é uma ala dedicada à escritora e jornalista Nina Horta, que marcou o cenário da culinária brasileira e faleceu em 2019. A biblioteca conta com mais de 2.500 livros que foram do acervo pessoal da escritora e que ficam à disposição para consulta no local. Qualquer pessoa pode ter acesso a essa rica biblioteca. É dessa maneira, olhando a arte de cozinhar para além das panelas, que a Le Cordon Bleu quer deixar seu legado na história da gastronomia brasileira. 


Monsieur Le Cordon Bleu

André Cointreau: tradição com inovação. (Fabiana Kocubey/Divulgação)

A gastronomia corre nas veias do francês André  Cointreau, presidente global da Le Cordon Bleu. Seu sobrenome é ligado não só ao famoso licor como também ao lendário conhaque Rémy Martin — empresas em que ele, inclusive, trabalhou. No comando da escola de gastronomia desde 1984, foi responsável pelo momento de internacionalização da instituição, levando-a a 20 países. Cointreau concedeu uma entrevista exclusiva à EXAME Casual.

O senhor é reconhecido como a pessoa que internacionalizou a Le Cordon Bleu. Como foi esse processo?

A expansão global da Le Cordon Bleu é um reflexo de nossa história centenária e de nosso compromisso em nos adequarmos ao cenário internacional. Desde nossa fundação, em 1895, valorizamos a essência das tradições culinárias enquanto nos adaptamos às mudanças. Essa expansão tem sido guiada por nossa busca incessante pela excelência educacional. Nos últimos anos, temos migrado para cursos de graduação e de mestrado, e é isso que oferecemos.

Existem variações nos programas regulares nos países em que a Le Cordon Bleu está presente?

Cada escola tem um sabor completamente diferente, uma maneira distinta de fazer. Usando as mesmas técnicas, mas ingredientes diferentes. Uma vez que você tem a matriz de competências técnicas, ela pode ser aplicada de maneiras muito diferentes, respeitando completamente todos os ingredientes.

Há algum país em que vocês gostariam de estar?

Um país fantástico em que poderíamos estar é a Argentina, mas ainda não fomos para lá. Às vezes há países específicos que são joias e por motivos muito específicos não acessamos. Somos sempre bastante cautelosos com a abertura de novas unidades.


*As novas formações da Le Cordon Bleu no Brasil começam apenas em 2024, e não em 2023 como informado anteriormente. O texto foi corrigido. 

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