Patrícia Lima: o mar virou conexão com Florianópolis (Pedrografia/Arquivo Pessoal)
Repórter de Casual
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 06h00.
Foi no final do ano passado, quase por acaso, que Patrícia Lima, fundadora da Simple Organic, decidiu se aventurar numa atividade completamente nova: o surfe. “Começou bem na brincadeira”, conta. O convite partiu de uma colega de trabalho, e o que era uma curiosidade virou um hobby que, em pouco tempo, se transformou em uma das práticas mais significativas da sua rotina.
Lima sempre morou em Florianópolis, mas, como ela mesma admite, “quem é daqui às vezes aproveita menos a cidade do que quem vem de fora”. A rotina intensa de trabalho e as constantes viagens faziam com que o mar, ainda que tão perto, parecesse distante. O surfe surgiu como uma forma de reconexão com a cidade.
“Foi o que mais me encantou. Sentir que eu estava desconectada do lugar onde eu moro e conseguir me conectar com ele novamente”, diz.
Apesar de se considerar “supermedrosa” e “não ser pessoa dos esportes radicais”, Lima descobriu coragem na prancha. “Você entra no mar, enfrenta. Eu nunca entraria com bandeira vermelha. Hoje em dia, estou lá, com a prancha, encarando”, diz. “É muito bom praticar algo que não te dá o poder de dominar. No surfe, você está vulnerável, depende totalmente da natureza. E isso é lindo.”
A rotina de Lima com o mar é um reflexo do equilíbrio que ela busca entre o trabalho e o autocuidado. As aulas, geralmente às 8 da manhã, acontecem antes do expediente e aos fins de semana. Mesmo no frio, o entusiasmo não diminui. “A roupa de borracha ajuda, e eu não vou abrir mão disso. Faz bem demais.”
Além da relação pessoal com o surfe, o hobby se entrelaça com sua história e com os valores da Simple Organic, marca de skincare que nasceu em 2017 com o propósito de ser uma empresa de “beleza limpa”. “As nossas linhas são livres de microplásticos, fazemos ações com ONGs voltadas para o mar, como a Sea Shepherd. Mas, de alguma forma, eu nunca tinha me conectado com o mar de -verdade. Agora estou.”
Em 2020, a Simple tornou-se parte do portfólio da Hypera e, de lá para cá, cresceu 13 vezes, com um salto de quase 500% no faturamento. Hoje, a Simple Organic possui 20 lojas físicas e está presente nos estados de Santa Catarina, Pará, São Paulo, Ceará, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo.
Lima também compartilha a experiência com a filha, de 12 anos. “No Dia das Mães, nosso presente foi fazer uma aula juntas. Foi incrível. O dia estava perfeito. Eu estava ali com ela e pensei: ‘Não queria estar em outro lugar, com outras pessoas’. Essa é minha definição de felicidade.” A conexão entre mãe e filha se tornou mais uma camada dessa descoberta. “Se eu puder conectar ela com a natureza, vou conectar. Pode ser só um hobby, mas é algo que deixa uma herança positiva.”
A empresária também brinca que o surfe virou um portal para novas ideias e amizades. “Eu quero me conectar com outras mulheres que também surfam. Existem comunidades pelo Brasil em que elas viajam juntas para lugares como a Costa Rica. Esta é minha nova meta de vida: viajar, mas para surfar, não para trabalhar.”
Mesmo com pouco tempo de prática, Lima já sente os benefícios do surfe — físicos, mentais e emocionais. “É um hobby muito novo, mas é o que mais bateu. De tudo que já tentei, nada me conectou tanto.” Hoje, o mar faz parte de sua rotina e de seu bem-estar. Entre uma reunião e outra, Lima planeja encaixar as sessões na semana. “É desafiador, mas, se eu conseguir, vai ser uma vitória. As aulas começam cedo, e dá tempo de voltar para a rotina.” Mais do que um hobby, o surfe virou um símbolo de equilíbrio e autodescoberta. “É sobre se reconectar com o que é essencial, com a cidade, com o corpo, com o mar. É sobre voltar para a raiz.”