Revista Exame

Como o Brasil pode usar o "soft power" de Richarlison nas relações internacionais

“Marca Brasil” é bem-vista em esportes e diversão — mas o branding nacional ainda é ruim em áreas como negócios, governança e sustentabilidade, mostra nova edição do Soft Power Index

Richarlison em amistoso: Brasil lidera na boa imagem em esportes (Antonio Borga/Getty Images)

Richarlison em amistoso: Brasil lidera na boa imagem em esportes (Antonio Borga/Getty Images)

Carolina Riveira
Carolina Riveira

Repórter de Economia e Mundo

Publicado em 22 de março de 2023 às 06h23.

Última atualização em 22 de março de 2023 às 09h29.

Uma multidão vibra com um gol de voleio do atacante Richarlison. Poderia ser no Brasil, mas a cena vinha do Haiti — mais um da lista de países aleatórios cujos vídeos torcendo para a seleção brasileira de futebol pipocaram durante a Copa do Mundo.

O ativo da camisa canarinho é parte dos destaques da “marca Brasil” vistos no Global Soft Power Index, estudo da Brand Finance que mede o valor da marca dos países com base na percepção de milhares de pessoas em todo o mundo.

No ranking geral, o Brasil ficou em 31o de 121 listados (queda em relação à 28a posição no ano anterior). Por outro lado, liderou nas subcategorias “Líder em esportes” e “Divertido”.

“Essas variáveis contribuem, principalmente, para a familiaridade, uma vez que expõem a marca. E variáveis como ‘politicamente estável’ e ‘fácil de fazer negócios’ contribuem para uma maior reputação e influência”, explica Eduardo Chaves, sócio-diretor da Brand Finance no Brasil.

Nessas frentes, o Brasil vai mal. A EXAME teve acesso aos dados que escrutinam a pontuação brasileira e mostram resultado fraco em categorias como “Sustentabilidade” (veja a colocação em detalhes abaixo).

Vale lembrar, o índice não mede necessariamente a realidade, mas a percepção sobre ela. Ainda assim, a mera percepção pode contribuir em ganhos como turismo e investimentos.

Apesar de muito a evoluir, o ranking traz uma boa notícia: com o novo governo tentando dobrar a aposta no papel de boa-praça global, o Brasil poderá se utilizar da consolidada imagem de “país mais divertido do mundo”.

O Brasil da diversão

O Brasil ficou em 31o no índice de soft power, mas é mais ­bem-visto em aspectos culturais

PosiçãoPaísPontuação
1oEstados Unidos74,3
2oReino Unido67,2
3oAlemanha65,6
4oJapão64,9
5oChina64,0
13oRússia54,6
29oPortugal46,5
30oÍndia46,3
31oBrasil46,0
37oUcrânia44,1
40oÁfrica do Sul42,4
42oArgentina42,1
44oMéxico40,8
54oChile39,4
58oColômbia38,9

O Brasil foi o primeiro de 121 países nas subcategorias “Divertido” e “Líder em esportes”

Colocação do Brasil nas categorias

CategoriaLíderesPosição
do Brasil
FamiliaridadeEUA/Reino Unido/ França12o
InfluênciaEUA/China/
Reino Unido
26o
ReputaçãoSuíça/Canadá/ Japão31o
Negócios
e comércio
EUA/Japão/China38o
GovernançaAlemanha/Suíça/ Canadá86o
Relações
internacionais
EUA/Reino Unido/ Alemanha41o
Cultura
e herança
França/EUA/Itália9o
Mídia e
comunicação
EUA/Reino Unido/ Alemanha43o
Educação
e ciência
EUA/Japão/China73o
Pessoas
e valores
Canadá/Suíça/ Holanda25o
SustentabilidadeAlemanha/Japão/Suécia55o

Esta reportagem faz parte da seção Visão Global, disponível na edição de março da EXAME. Leia também as outras notas da seção: 

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