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Sobe ou desce? O Google sabe

Como Google e Twitter podem ajudar o investidor a bater o mercado

Ações (Luiz Iria/EXAME.com)

Ações (Luiz Iria/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2011 às 11h48.

Larissa Riquelme. Em 2010, nenhum nome cresceu tanto em buscas de internet no Brasil quanto o da paraguaia eleita musa da Copa do Mundo. Os dados são do Google Zeitgeist, um compilado de tendências de pesquisas divulgado anualmente. Informações desse tipo, durante um bom tempo, serviram de registro histórico sobre pessoas, coisas e eventos que povoaram o imaginário de internautas em diferentes épocas (“Osama Bin Laden” foi recordista em 2001; “iPod”, em 2005). Mas há quem acredite que a coleção de vestígios deixados por usuários na rede pode significar muito mais do que isso. Entre 2004 e 2008, os pesquisadores Paul Gao e Zhi Da, da Universidade Notre Dame, e Joseph Engelberg, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, estudaram o desempenho de ações do Russell 3000, índice que abriga os 3 000 papéis mais valorizados do mercado americano. Em paralelo, pesquisaram o nome de cada uma das ações no Google Trends, ferramenta semelhante ao Zeitgeist que permite que se observe, quase em tempo real, a evolução no volume de buscas. E eis uma descoberta sugerida por esse cruzamento: papéis cujo volume de buscas sofreu altas bruscas, segundo o estudo, tiveram desempenho em média 0,2% superior ao mercado nas duas semanas seguintes. Mais: no decorrer de um ano, o uso de informações desse tipo poderia ajudar um investidor a obter performances até 10% maiores do que as médias dos mercados. Ou seja, se fosse uma ação listada em bolsa, Larissa Riquelme seria provavelmente um dos papéis mais valorizados no Brasil no ano passado.

Ponto de partida

Isso acontece porque a atenção dos investidores é limitada. No momento de investir, eles só são capazes de estudar e acompanhar um número reduzido de ações. E o Google, responsável por 85% de todas as pesquisas na rede, costuma ser o ponto de partida. Em 2009, em meio à ameaça de epidemia de gripe suína, as buscas no Google tornavam possível mapear áreas em que havia maiores riscos de contaminação. Com as ações acontece algo semelhante. “Dados públicos de pesquisa são muito poderosos”, diz Paul Gao, um dos responsáveis pelo estudo. “Essa é uma ciência que está apenas engatinhando.” Nos Estados Unidos, um grupo de gestores já vasculha as informações públicas do Google para ganhar dinheiro. A ideia, em princípio, pode ser replicada em qualquer parte. Para que dados sejam exibidos no Trends, porém, os termos precisam apresentar um volume mínimo de buscas, um valor de corte não divulgado pelo Google. No Brasil, isso significa que a estratégia pode funcionar com papéis bastante negociados, como Vale e Petrobras. O endereço é http://www.google.com/trends.

Recentemente, outro estudo chamou a atenção para a relação que pode existir entre dados gerados por usuários na rede e decisões sobre investimentos. Em 2010, pesquisadores das universidades de Indiana e Manchester classificaram 9,8 milhões de mensagens do Twitter de mais de 2,7 milhões de usuários de acordo com seis estados de humor — “calma” e “alerta” entre eles.  Descobriu-se, mais tarde, que a evolução desses estados se alinhava com o sobe e desce do índice Dow Jones. Mas com um detalhe: faziam isso com antecedência de até quatro dias. A descoberta deu origem a um algoritmo que, acredita-se, seja capaz de prever curvas de mercados financeiros com até 87,6% de precisão. E deu a um dos descobridores da fórmula, Johan Bollen, um novo emprego. Ele é consultor do Derwent Capital, fundo londrino que vai utilizar o Twitter para decidir investimentos. Sua busca por lucro nas redes sociais começará em abril.

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