Bruno Fabbriani, da BFabbriani: a geração Z paga sem reclamar por aditivos para tornar a obra mais sustentável (Clara Fernandes/Divulgação)
De uma família com tradição de negócios no mercado imobiliário, o carioca Bruno Fabbriani encontrou cedo uma vocação: aos 16 anos, ele fez bicos como corretor de imóveis no Rio de Janeiro. Ao contrário do vislumbrado pelos pais, desejosos de vê-lo no comando da imobiliária da família, Fabbriani decidiu empreender por conta própria em Santa Catarina, aos 25 anos.
Hoje, aos 33, ele é dono da BFabbriani, uma construtora com sede em Itapema, no litoral catarinense, e projetos na região, no Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
A pegada da BFabbriani é erguer residências com apelo sustentável tendo em mente a preocupação de jovens da geração Z. A agenda ESG está por toda parte ali. Inventários periódicos calculam as emissões de carbono das obras — a promessa é compensar a poluição, até mesmo de atividades de suporte, como os showrooms dos decorados, logo na sequência.
Os prédios têm placas fotovoltaicas para a geração de energia. Telas para captação da chuva coletam água para a limpeza de áreas comuns. Tudo isso está incorporado ao preço dos imóveis, sem extras. “Até pouco tempo atrás, o cliente dificilmente pagaria pelos adicionais sustentáveis”, diz Fabbriani. “Hoje, eles são indispensáveis.”
O racional da BFabbriani está de acordo com os achados de uma recente pesquisa da agência Edelman, responsável por analisar o poder de influência dos mais jovens na construção e comunicação de marcas ao redor do mundo. Mais aguerridos a questões sociais e ambientais, os jovens da geração Z não apenas mudam o próprio comportamento de compra como também influenciam fortemente outras gerações. Temas sensíveis, como mudanças climáticas, por exemplo, já afetaram diretamente as decisões de compra de 35% dos jovens brasileiros.
O desafio para a BFabbriani é investir mais em “bônus sustentáveis” nos imóveis entregues daqui em diante. Tudo isso para atrair mais consumidores da geração Z, hoje com participação ainda tímida no mercado imobiliário, mas que provavelmente será o principal comprador daqui a cinco anos, segundo projeções de Fabbriani. “Pode até ser mais caro, mas nesse mercado é preciso pensar na contrapartida, no retorno de longo prazo. Sem mencionar o fato de que os critérios avaliados por esses jovens já influenciam e muito seus pais e familiares que atualmente compram imóveis”, diz.
LEIA TAMBÉM: Como o TikTok está se tornando o principal buscador da geração Z
A preocupação sustentável garantiu à BFabbriani uma boa vitrine de vendas. Apenas em 2022, a soma dos imóveis comercializados pela empresa chega a 250 milhões de reais. Para o futuro, a companhia prepara a inserção de vigas metálicas em construções.
Trata-se de algo que, à primeira vista, promete ser mais sustentável e menos danoso ao planeta, uma vez que evita o desperdício causado pelo uso de vigas de madeira e repercute em menor propensão a erro em cálculos de estrutura, diz Fabbriani, ressaltando que essa parte das obras hoje consome algo como 30% dos custos totais. “Falamos aqui também de um viés ecológico que repercute na questão econômica, algo muito importante para a geração Z, mais atenta a tópicos de saúde financeira”, diz.