Nelcina Tropardi, diretora de ESG da Dasa: “Fomos a primeira companhia a desenvolver uma jornada para o paciente trans” (Divulgação/Divulgação)
Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.
A chegada de Nelcina Tropardi à rede de saúde Dasa como diretora de Jurídico, ESG, Relações governamentais e Auditoria interna, em outubro, atesta a força que a companhia tem dado ao tema de forma estratégica. “Pouco antes da minha chegada, uma nova política de sustentabilidade foi aprovada pelo conselho de administração, e agora fazemos um acompanhamento periódico, também, em um comitê executivo”, afirma Tropardi. Nas iniciativas ambientais monitoradas, por exemplo, há a maximização do uso de energias renováveis. Em 2022, foi implementado o projeto de geração distribuída, que já conta com cinco usinas solares construídas e outras nove em construção. “O consumo de energia gerada por fontes renováveis, proveniente da migração gradual das unidades para o mercado livre de energia, representou, no ano passado, 88,3% do consumo de energia elétrica total. Superamos a meta de 85% estabelecida para o ano e seguimos trabalhando para alcançar a meta de uso de 100% até 2030”, afirma. Outro compromisso para 2030 é o de ser carbono zero, sendo que atualmente é feita a compensação das emissões de carbono geradas nas operações dos hospitais. “A maior frequência de eventos climáticos nocivos à saúde tem potencial de afetar nossa prestação de serviço. Assim, não podemos deixar de lado esse tipo de preocupação.”
No âmbito social, a executiva destaca iniciativas de diversidade e inclusão. “Fomos a primeira companhia a desenvolver uma jornada para o paciente trans, por exemplo”, diz. Em 2022, 114 pessoas trans foram contratadas pela Dasa e acompanhadas no Programa Acolhe Trans, uma linha de cuidado para lidar de modo integral com as especificidades relacionadas à diversidade de gênero, incluindo, por exemplo, tratamentos hormonais. Outros grupos de afinidade e diversidade também seguem crescendo e movimentando a organização: em 2022, foram mais de 700 pessoas engajadas nas discussões relacionadas aos temas e no desenvolvimento de projetos estratégicos. Isso é um aumento de 113% quando comparado ao ano anterior. Como resultado, foram registrados dados como 40,6% dos cargos executivos ocupados por mulheres e 62% de trainees negros — em 2021 eram 6%. “Nossos times estão em mais de 1.000 laboratórios e 15 hospitais e precisam representar a diversidade do país”, afirma Tropardi. Fora da companhia, a Dasa segue investindo em capacitação de profissionais de saúde, professores e merendeiras em projetos como o da Rede Mondó, na Ilha do Marajó.
Para os pacientes, um avanço de impacto social é o histórico em uma única plataforma para a gestão de saúde. “Isso melhora a experiência do paciente e torna o diagnóstico mais assertivo”, diz a executiva. Outra iniciativa foi o projeto Genov, que sequenciou aproximadamente 21.000 amostras de SARS CoV-2, sendo 14.000 somente em 2022. “Os nossos números são encaminhados para o Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), contribuindo para visões mais abrangentes do monitoramento genômico.” O trabalho foi responsável por identificar no Brasil o primeiro caso da subvariante ômicron XBB.1.5.
Marina Filippe
O Grupo Fleury conta com uma equipe de 60 pessoas dedicadas à temática ESG. Segundo Andrea Bocabello, diretora executiva de estratégia, inovação e ESG, na frente ambiental a companhia se preocupa com as emissões de carbono e a geração energética fotovoltaica. Outro destaque entre as ações da companhia é a preocupação com resíduos biológicos para a redução do uso de tubos de ensaio.
A empresa pretende reduzir em 14,12% o índice de geração de resíduos biológicos, para alcançar 0,0115kg/exame até dezembro de 2023 e em 20,54% até dezembro de 2025, visando diminuir os resíduos para 0,0107kg/exame. Em social, um dos cases é a parceria com a organização não governamental Gerando Falcões para a instalação de cabines de telemedicina em comunidades como a Favela dos Sonhos. “A ideia é oferecer uma alternativa em medicina familiar, na qual é possível cuidar da saúde de maneira preventiva, e não apenas da doença”, diz Bocabello.
O programa entra em convergência com a meta estipulada pela companhia de atingir 1,5 milhão de pacientes das classes C, D e E atendidos por produtos e serviços do grupo ou que sejam impactados pelas ações filantrópicas de atendimento em saúde até 2030. “A grande temática para nós é a democratização da saúde, ou seja, resolver uma questão com sustentabilidade, não só a ambiental mas também a sustentabilidade do sistema de saúde de outros países, não apenas do Brasil”, conclui a executiva.
Fernanda Bastos
Em setembro de 2022, com o aval do conselho de administração, a Rede D’Or aprovou o chamado Planejamento Estratégico ESG — um pacote de ações para avançar com suas políticas socioambientais até 2030. Com o planejamento, o objetivo é traçar uma linha de trabalho para prosseguir com os processos de gestão e de atitudes sustentáveis. A companhia assumiu, ainda, o compromisso de zerar as emissões de carbono até 2050.
Na estratégia da maior rede do setor de saúde do país estão compromissos como a melhoria da eficiência energética e, consequentemente, a redução das emissões de gases de efeito estufa, além do programa de eficiência hídrica nas unidades hospitalares.
Para acelerar o processo, a Rede D’Or se comprometeu a inserir 98% dos atuais hospitais no Mercado Livre de Energia (MLE), alcançando as 74 unidades, que corresponderão a 35.592 megawatts médios de energia incentivada obtida de fontes renováveis. O esforço chegará à área de preparo das refeições, já que o plano inclui a certificação de 50% das cozinhas dos hospitais com o selo sustentável Green Kitchen, que define critérios de sustentabilidade para serviços alimentícios.
Em outra frente de trabalho, a Rede D’Or definiu como meta global alcançar, até 2030, 30% de taxa de resíduos recicláveis. A sedimentação do caminho para um negócio sustentável já gera resultados. Em 2022, a consultoria internacional S&P, voltada para indicadores ESG concedeu à rede hospitalar a melhor classificação entre todas as empresas da América Latina, ocupando o primeiro lugar regional e a quarta posição no setor de saúde no ranking global. Neste ano, a companhia conseguiu integrar a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3.
Paula Pacheco