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Do The Voice à cannabis medicinal: as empreitadas desta carioca em um mercado de US$ 13 bilhões

Ela furou o “clube do bolinha” para entrar no mercado de cannabis medicinal nos Estados Unidos e no Brasil

Caroline Heinz, da FlowerMed: “Precisei trabalhar três vezes mais, ganhando um terço, para ter meu espaço” (FlowerMed/Divulgação)

Caroline Heinz, da FlowerMed: “Precisei trabalhar três vezes mais, ganhando um terço, para ter meu espaço” (FlowerMed/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de março de 2024 às 06h00.

Última atualização em 29 de março de 2024 às 09h49.

Quem via a jornalista Caroline Heinz nos bastidores do The Voice Brasil, programa que ela produzia na TV Globo, dificilmente diria que, 12 anos depois, ela estaria numa posição totalmente diferente: fundadora e CEO de uma empresa de cannabis medicinal.

Ela é responsável pela ­FlowerMed, negócio americano que importa medicamentos do tipo no Brasil. “Depois que produzi um programa ao vivo, entendi que poderia fazer qualquer coisa”, diz. Em 2014, prestes a embarcar para Los Angeles para fazer um MBA, ela descobriu células pré-cancerosas no útero. Viajou assim mesmo e, nos Estados Unidos, fez uma cirurgia que poderia acabar com as chances de engravidar. Foi quando passou a fazer um tratamento com canabidiol para acelerar a regeneração das células do útero. Dois meses depois do procedimento, engravidou.

No processo, de quebra, descobriu o universo dos medicamentos à base de cannabis, um mercado de 13 bilhões de dólares nos Estados Unidos. Seu conhecimento foi aprofundado quando entrou para uma empresa americana para atender um cliente brasileiro que comprava canabidiol. Começou como assistente de vendas e saiu como CEO global, seis anos depois. “Saí, fui atrás do meu sonho e criei a minha própria empresa.”

Era o início da ­FlowerMed, dedicada à venda de cannabis in natura e partes da planta no Brasil. No ano passado, a Anvisa proibiu a importação desses itens. Da dificuldade, Heinz buscou uma nova oportunidade: desenvolver produtos de cannabis medicinal para o Brasil — e vender as flores nos Estados Unidos. Em 2023, atendeu cerca de 3.341 pedidos, aumento de 1.241% em relação ao ano anterior.

“Houve resiliência, principalmente porque esse setor é um grande ‘boys club’”, diz. “Precisei trabalhar três vezes mais, ganhando um terço, para ter meu espaço. Hoje, consegui romper isso pelo meu trabalho e pela minha ­experiência.”

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