Alta dos valores chegou a 4,5% nos 12 meses encerrados em julho, com o preço médio do metro quadrado na cidade em 9.569 reais (Leonardo Yorka/Exame)
Marília Almeida
Publicado em 19 de agosto de 2021 às 05h30.
Desde o começo da pandemia, em março do ano passado, o maior mercado do país observa um aumento gradual e consistente dos preços de casas e apartamentos em linha com um quadro de recordes de lançamentos e vendas de imóveis novos.
A alta dos valores chegou a 4,5% nos 12 meses encerrados em julho, com o preço médio do metro quadrado na cidade em 9.569 reais, segundo o Índice FipeZap. É uma taxa de reajuste não vista desde a última fase de expansão do mercado imobiliário nacional, em 2015.
Imóveis em bairros desejados na cidade de São Paulo, como Pinheiros, na zona oeste, e Vila Mariana, na zona sul, tiveram valorização de 9,3% e 7,9% na janela de 12 meses, respectivamente.
Foram comercializadas 64.455 unidades residenciais novas no período de 12 meses até junho deste ano na cidade de São Paulo, uma alta de 38,7% em relação ao mesmo período anterior, segundo dados do sindicato que reúne as empresas do setor, o Secovi-SP. Em todo o ano de 2020, foram 51.417 unidades, o maior volume da série iniciada em 2004 e 70% acima da média histórica.
Do lado da oferta, os lançamentos e os imóveis em construção se concentram em regiões estimuladas pelo Plano Diretor e pela Lei de Zoneamento aprovados, respectivamente, em 2014 e 2016, como eixos servidos por transporte público. São projetos planejados e executados sob a nova legislação que começam a ser entregues apenas agora.
Um exemplo são os cerca de dez lançamentos de apartamentos compactos ao longo da Avenida Rebouças, na zona oeste. Santo Amaro (4.303 unidades) e Vila Mariana (3.332 unidades), bairros da zona sul com ampla oferta de transporte público, lideram em lançamentos nos 12 meses até junho.
Até o fim do ano a demanda na cidade promete continuar a ser tão forte quanto no ano passado, diz o presidente do Secovi-SP, Basilio Jafet. “É difícil prever quando será o fim da pandemia. Mas, como 90% da população adulta na cidade já recebeu pelo menos a primeira dose da vacina contra a covid-19, a pandemia tende a perder a preponderância sobre a economia”, afirma.
O aquecimento do mercado, por sua vez, significa que os preços dos imóveis na cidade deverão continuar a subir no segundo semestre, principalmente porque a disparada dos custos de insumos continuará a ser repassada pelas incorporadoras aos compradores de forma gradual: a alta chega a 17,35% nos 12 meses até julho, segundo o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), da Fundação Getulio Vargas.
O maior mercado do país continuará aquecido, segundo especialistas, mesmo com parte da demanda direcionada para o interior do estado de São Paulo.
A tendência de busca por qualidade de vida, junto com o modelo de trabalho remoto ou híbrido, criou um quadro em que o ritmo de vendas de imóveis no interior supera o de lançamentos. Resultado: queda dos estoques e preços que sobem até 60% ao ano em algumas cidades, segundo dados da consultoria Brain.
São cidades como Itapeva (alta anual de 60,1%), Boituva (51,7%) e São José do Rio Preto (37,6%), com loteamentos abertos. No caso de lançamentos fechados, as maiores altas estão em Itu (54,8%), Boituva (42,3%) e Monte Mor (40%).
Do quarto trimestre de 2019 ao primeiro trimestre deste ano, o estoque de loteamentos em 65 cidades analisadas caiu de 49.198 para 30.014 unidades. Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain, diz que o movimento de ida para o interior já estava em curso, mas foi consolidado pela pandemia. “O movimento é mais forte na faixa dos compradores com 50 anos, com filhos adultos.”
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