Juliana Moser, gerente-executiva de marketing da Intelbras (Arquivo pessoal/Divulgação)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 06h00.
A Intelbras, fabricante de produtos e fornecedora de serviços de tecnologia, completará 50 anos em 2026. A empresa terminou agora um processo de rebranding que reorganizou portfólio, posicionamento e linguagem. A transformação, conduzida ao longo de um ano e meio, eliminou 198 submarcas, unificou a identidade corporativa e levou à criação de uma submarca voltada para o consumidor final: Intelbras do Seu Jeito.
O movimento marca a transição de uma lógica de produtos para outra de soluções, estruturadas em três frentes: segurança, conectividade e energia. A estratégia busca consolidar a Intelbras como empresa de tecnologia, reforçando a conexão com consumidores e parceiros sem renunciar à proximidade com os revendedores.
“Chegamos até aqui com uma marca sólida e financeiramente estável. O rebranding foi um passo de coragem para olhar para os próximos 50 anos, organizar diretrizes e modernizar a comunicação”, afirma Juliana Moser, gerente-executiva de marketing à frente da renovação da marca. Acompanhe a entrevista.
Você está há quatro anos e meio na Intelbras. Como surgiu a decisão de fazer o rebranding?
Quando cheguei, percebi a necessidade de organizar as diretrizes da marca. A Intelbras já era bastante conhecida no Brasil, mas pouco compreendida, por causa da amplitude do -portfólio. A empresa era vista como uma fabricante de produtos isolados, e não como fornecedora de soluções. Além disso, as 198 submarcas e logos diferentes dificultavam a comunicação. O rebranding unificou essa identidade, transformando a Intelbras em uma marca monolítica e reorganizando o portfólio em torno do que a diferencia: soluções completas em tecnologia para negócios e residências.
Qual é o objetivo da nova submarca “Intelbras do Seu Jeito”?
Ela aproxima a Intelbras do consumidor final. Enquanto a marca principal mantém uma comunicação mais institucional e técnica, o Do Seu Jeito adota linguagem leve e colorida, usada em canais como TikTok e em campanhas digitais. A proposta é dar autonomia ao consumidor: quem tiver habilidade poderá instalar sozinho; quem preferir poderá contar com a rede de instaladores. É também o espaço em que nos permitimos ousar mais na comunicação.
Quais foram os principais desafios desse processo?
O primeiro foi mostrar internamente quem eram, de fato, os públicos-alvo da empresa. Havia a percepção de que “cada área tem um público diferente”, mas o mapeamento identificou 13 grupos principais, divididos em B2B [empresas], B2C [consumidor final] e SMB [pequenas e médias empresas]. Esse trabalho trouxe clareza para campanhas e portfólio. Outro ponto foi o convencimento interno. A cultura conservadora da Intelbras ajudou a construir uma empresa financeiramente sólida, mas exigiu muitas conversas com conselho, diretoria e presidência para demonstrar a importância de evoluir a marca. O processo foi estruturado em três etapas: definir o que a marca é, o que o negócio faz e como comunica. Durou um ano e meio, entre 2023 e 2024. Agora, em 2025, estamos na fase final, de colocar a comunicação em prática.
No aspecto pessoal, quais barreiras você enfrentou?
Como mulher, foi uma das experiências mais desafiadoras da minha carreira. Precisei apresentar conceitos como branding, marketing e growth a lideranças que muitas vezes não estavam familiarizadas com esses termos. A maternidade também teve papel nesse processo: entrei na Intelbras logo após a pandemia, como mãe de um bebê, e ouvi da empresa que eu deveria ensinar a ter força, coragem e a reconhecer os limites da maternidade. Levei esse aprendizado para o trabalho e, no rebran-ding, incorporei muito essa ideia.
Como manter a conexão emocional em meio a tantas mudanças?
Esse é um traço que não queremos perder. A proximidade com revendedores, distribuidores e clientes faz parte do que chamamos de “jeito Intelbras” e foi decisiva nesses 50 anos de história. O novo -slogan, “Surpreender é nossa tecnologia”, traduz essa essência. Mais do que falar de especificações técnicas, buscamos mostrar como a tecnologia soluciona problemas reais: para uma mãe, pode ser a fechadura facial que abre a porta quando ela chega com o filho no colo; para um produtor rural, a câmera térmica que mede a temperatura de pintinhos e indica a hora de mudar a alimentação. Não adianta falar em câmeras com “25 megapixels e 47 zooms”. A conexão nasce dessa capacidade de atender às necessidades das pessoas, das mais simples às mais complexas — isso é inovação. Entre os territórios de comunicação definidos estão os e-sports e os esportes a motor. Pela afinidade com a tecnologia, a Stock Car se tornou um caminho natural de patrocínio, onde também realizamos ativações para clientes durante as provas.
Como o marketing tem contribuído para os resultados da Intelbras?
Todo o trabalho de marketing está conectado ao funil de vendas. As campanhas institucionais da marca se integram às das unidades de negócio, sempre com foco em conversão. Um exemplo foi a campanha “Para cada grande projeto, a Intelbras tem uma grande solução”, que gerou leads B2B e resultou em contratos com grandes contas, como bancos. Também temos ampliado a presença no e-commerce e com influenciadores, que já apresentam retorno relevante, ao mesmo tempo que fortalecemos a rede de revendedores, responsável por 70% do faturamento. Com eles, o marketing atua em treinamentos, eventos, campanhas de incentivo e comunicação direta por WhatsApp e e-mail, assegurando preparo para instalar e vender nossas soluções.
Quais são os próximos passos?
O maior desafio agora é manter constância, continuar na implantação da comunicação. Já estamos planejando a celebração dos 50 anos, em março de 2026, sob a liderança do novo presidente, Henrique Fernandez, que assumiu em abril no lugar de Altair Angelo Silvestri, após mais de quatro décadas na companhia. Para o segundo semestre teremos a campanha voltada para condomínios e as ações de Black Friday.