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Vinessence é a mais nova importadora-butique de vinhos no mercado

A distribuidora se propõe a trazer preciosidades que não custam uma fortuna e vai abrir em breve duas lojas físicas em São Paulo

Mariano Levy, fundador da Vinessence: “Trazemos grandes rótulos, mas pouco conhecidos. De opções óbvias a preços altos o mercado já está saturado” (Leandro Fonseca /Exame)

Mariano Levy, fundador da Vinessence: “Trazemos grandes rótulos, mas pouco conhecidos. De opções óbvias a preços altos o mercado já está saturado” (Leandro Fonseca /Exame)

Daniel Salles
Daniel Salles

Repórter

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 06h00.

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Foram três anos descansando, estudando, administrando a própria carteira de investimentos e matutando sobre os próximos passos. Eis um resumo da vida do argentino Mariano Levy entre janeiro de 2022, quando ele vendeu sua parte da importadora de vinhos Grand Cru para a Evino, até janeiro último.

Com a aquisição, que deu origem à holding Víssimo, Levy precisou se submeter a um período de não competição nesse setor. Ele e o pai, Victor Levy, são os fundadores da Grand Cru. A companhia nasceu na Argentina, em 1998. Em 2002, a dupla se associou a Marcos Shayo para fundar o braço brasileiro da importadora.

“Quando vendi a Grand Cru, ela tinha 130 lojas”, gaba-se Mariano, que já voltou com tudo para o segmento. Em agosto passado ele fundou a Vinessence, que ampliou a oferta de importadoras-butique no mercado brasileiro.

“Preferimos caráter ao hype, honestidade ao modismo”, diz o texto de apresentação da nova companhia. “Se não encanta, não selecionamos. Se não acreditamos, não oferecemos.”

“A Vinessence faz curadoria de verdade”, promete Mariano. “Trazemos grandes rótulos, mas pouco conhecidos. Só importamos vinhos produzidos com número reduzido de garrafas e que chegam com preços convidativos. De opções óbvias e a preços altíssimos o mercado já está saturado.”

Uma das vinícolas no catálogo é a argentina Marchiori & Barraud, de Mendoza. Pertence à dupla que ajudou o célebre vinicultor americano Paul Hobbs a tirar do papel, na mesma cidade, a cultuada Viña Cobos. A Altos Las Hormigas, também de Mendoza, e as chilenas Clos de Luz e Felipe Marin Lo Abarca são outros destaques no portfólio.

Da Itália a importadora traz rótulos de vinícolas como Ruggeri e Serena 1881. Também há produtores da França, da Espanha e de Portugal no catálogo. Para tirar a nova empreitada do papel, Mariano se aliou a Massimo -Leoncini, ex-sommelier executivo da Grand Cru.

O alvo da Vinessence são os restaurantes e os consumidores finais. Ela já caiu nas graças de estabelecimentos como Roi Méditerranée, Osteria e Caffè Sardegna e Santo Grão, e está prestes a abrir duas lojas, uma dentro da Fazenda Churrascada, no Morumbi, e a outra colada ao Zucco, nos Jardins.

“Minha alma empreendedora é muito ligada ao ‘on trade’ e aos consumidores finais”, diz o ex-Grand Cru. Registre-se que, em setembro, ele virou o novo CEO da operação brasileira da Berkmann — sediada no Reino Unido e que vende rótulos de vinícolas renomadas, como a italiana Villa Antinori. “O portfólio de uma importadora complementa o da outra”, explica Mariano, que vai se dividir entre as duas e não descarta uma fusão no futuro.

Cellar, Weinkeller e Chez France

A Vinessence se soma a um segmento formado por importadoras-butique cheias de personalidade, como a Cellar Vinhos. Esta foi fundada em 1995 e deu uma guinada em 2019, quando passou para as mãos de novos sócios, entre eles Rodrigo Malizia e Julia Frischtak.

Com mais de 1.500 rótulos no portfólio, a maioria de origem francesa, ela se propõe a trazer preciosidades que não custam uma fortuna. Leclerc Briant, Domaine du Bouchot e Domaine Bernard-Bonin são alguns dos produtores incluídos no catálogo. Em janeiro do ano passado, a importadora ganhou uma extensão, o restaurante Cellar Cave, na Vila Nova Conceição. Sob o comando da chef Giovanna Perrone, exalta algo que os grandes vinhos e os bons ingredientes têm em comum: um terroir de respeito.

Fundada em 2012, a Weinkeller é especializada em rótulos alemães. Com uma loja física em Pinheiros, pertence ao casal formado pela catarinense Vivien Kelber e pelo alemão Tobias Welsch. Com preferência por vinícolas orgânicas ou biodinâmicas, a importadora foca o segmento premium. Os rótulos mais vendidos, como é de imaginar, são os brancos elaborados com a uva Riesling. É o caso do Westhofener, da vinícola Wittmann. Para quem é fã da uva Gewürztraminer, o Trocken, da Herbert Messmer, é um grande representante da categoria.

Na ativa desde 2012, a Chez France é focada em pequenos produtores, com os quais mantém contratos de exclusividade. Restrita ao segmento B2C, a companhia nunca teve loja física nem pretende. Foi fundada pelo francês Philippe Ormancey, que veio para o Brasil na década passada como presidente na América do Sul de fusões e aquisições da ArcelorMittal. É quem decide o que entra e não entra no portfólio da Chez France. Como o nome já indica, os produtores franceses, como Maison Vollereaux, Domaine La Rouillère e Domaine Dujac, são a maioria. Com o passar dos anos, a importadora também abriu espaço para rótulos de Portugal, Itália, Espanha e Grécia. Mas não espere nada muito mainstream. 

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