Bar pé na areia na praia de St. Jean, em St. Barth: para ver e ser visto Walter Bibikow/AGB Photo /
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 05h38.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 05h38.
As praias são tão belas quanto As da Côte d’Azur. A concentração de barcos luxuosos não deixa nada a desejar ao aglomerado de iates e veleiros do Golfo de Saint-Tropez. Nos descolados restaurantes, celebridades pedem seus pratos em francês aos garçons e pagam em euro. Só que não estamos no Mar Mediterrâneo. A Ilha de Saint-Barthélemy, ou Saint-Barth, como é tratada na intimidade, pertencente à França, virou o refúgio de ricos e bem-nascidos do mundo todo com o atrativo de ser um pedaço da Europa, cheio de exclusividade, mas sem pretensão, em pleno mar caribenho — onde é verão o ano todo.
Um dos mais constantes habitués é o russo Roman Abramovich, o bilionário dono do time de futebol inglês Chelsea, que sempre aporta em Gustavia, a capital, seu superiate Eclipse, de 536 pés, sistema de defesa antimíssil e escudo laser antipaparazzo (capaz de detectar possíveis câmeras próximas e disparar um raio de luz nelas, impedindo os cliques). Outros turistas costumam ir até lá para aproveitar a calma do (quase) anonimato sem tanta agressividade, como a cantora americana Beyoncé, o jogador português Cristiano Ronaldo e o publicitário brasileiro Nizan Guanaes.
Há certamente dezenas de motivos para conhecer a ilha, batizada por Cristóvão Colombo, o primeiro a chegar lá, em 1493, em homenagem ao irmão Bartholomeu — e que já foi colônia sueca até voltar ao domínio francês. Com a ajuda de visitantes recentes, selecionamos quatro razões para incluir a ilha em seu próximo roteiro de férias.
1. Chegar já é uma aventura
Se você não for velejando, a única forma de visitar a ilha é ir em um avião de pequeno porte, desses teco-tecos mesmo, que sai de Porto Rico, Anguilla ou Saint Martin. “Uma das coisas de que mais gosto em Saint-Barth é a aventura de chegar lá”, diz o empresário Lucas Albuquerque, um dos sócios da Barthelemy, primeira empresa brasileira de alfaiataria para praia — a marca, o nome denuncia, tem a ilha como inspiração. “A manobra de descida que o avião faz para conseguir pousar é meio assustadora.” Isso, claro, aumenta o charme e a aura de exclusividade do local.
2. Comer bem está no programa
São várias as opções gastronômicas na ilha, como o Bonito, no ponto mais alto de Gustavia e disputado no pôr do sol. “Outra dica é o L’Isola [stbarths-restaurant.com/index.php/item/lisola/], um restaurante italiano que lembra o Gero”, conta Marcos Proença, badalado cabeleireiro que tem uma seleção de celebridades como clientes de seus salões nos Jardins e na Vila Nova Conceição, em São Paulo. “A comida e o ambiente são excepcionais. Por isso é cheio e tem até fila para sentar. O dono de lá tem também uma pizzaria, a L’Isoletta, com um ambiente megacasual e despojado.”
3. Badalação nível Côte D’Azur
“Não deixe de conhecer o Nikki Beach [nikkibeach.com], na praia de St. Jean, um beach club que tem um restaurante com uma vista incrível para o mar e é bem animado, com música o tempo todo”, indica Proença. “Depois das 15 horas, o lugar se transforma em uma baladinha bem legal. E tem o Shellona [shellonabeach.com], outro beach club que fica em Shell Beach, uma praia toda de conchinhas. Também tem música animada e comida megagostosa.” A dica de badalação do empresário Lucas Albuquerque é o Le Ti (tistbarth.com), misto de restaurante e casa de shows, onde é possível ver um espetáculo de cabaré. “À noite, é sempre o mais animado”, diz.
4. Até a farofa é chique
São 16 praias, umas mais calmas, outras mais badaladas, em apenas 21 quilômetros quadrados. “A mais gostosa e mais linda é a praia de Gouverneur, mas ela não tem infraestrutura, então temos de fazer o farofeiro”, brinca a apresentadora Mariana Weickert. “Minha dica é passar em uma das deliciosas delicatessens do centro, comprar umas coisinhas e se jogar num piquenique french style.”
Antes, o que movia o visitante era a geografia. Hoje, são interesses específicos, como gastronomia e religião, segundo Christian Clerc, presidente global dos hotéis Four Seasons | Daniel Salles
Trabalhando em hotéis há mais de 30 anos, 18 deles na rede Four Seasons, o suíço Christian Clerc precisou mudar 11 vezes de cidade. Começou em Gstaad, na Suíça, trocada pela vizinha Lausanne, morou três vezes em -Washington, em Roma, duas vezes em Paris, em Puerto Vallarta, em Chicago e, ufa, em Dubai. Hoje presidente do grupo canadense, Clerc se divide entre Toronto e a capital americana, onde sua mulher decidiu fincar raízes. Em outubro, a rede abriu a filial de São Paulo. As próximas serão as de Boston, Atenas, Filadélfia, Vale do Napa, Los Cabos e sul da Índia.
O que mudou nos hábitos e gostos do viajante nos últimos anos?
O mundo virou uma vila. Antes, o que pesava na hora de viajar era a geografia. Quero ir para os Estados Unidos, para a Itália… Hoje, o que move são interesses distintos, como vinho, comida e religião. Desde 2015 temos um avião para 52 passageiros que faz de quatro a cinco viagens por ano, por duas semanas e meia. Uma delas é focada em alimentação. Inclui da comida de rua em Bangkok a restaurantes três estrelas Michelin. Isso era inimaginável 20 anos atrás.
Com 112 hotéis e contando, como garantir que a rede não tenha falta de personalidade?
Somos o oposto da Starbucks. Não construímos sempre o mesmo hotel como outras companhias. Tirando nossos colchões, que consideramos superiores a todos, os lençóis e as amenities, todo o resto é diferente. Temos unidades instaladas tanto em monastérios do século 12 quanto na maior e mais moderna torre do Bahrein, no Oriente Médio.
Quais foram as situações mais inesperadas que você viveu trabalhando com hotelaria?
Tenho histórias de funcionários que pegaram um avião de Paris para Nova York para buscar um documento de um hóspede. Ou que voaram para encontrar alguém que esqueceu a aliança. Durante o atentado de 11 de setembro, eu trabalhava no Four-Seasons de Washington. A cidade virou um caos, ninguém conseguia ir para o trabalho, os voos todos haviam sido cancelados. Vários funcionários ficaram por mais de 36 horas, voluntariamente. Não precisei dizer nada a eles. Os profissionais souberam na hora o que era preciso fazer.