Revista Exame

Merck age para levar remédios a quem mais precisa deles

Com quase 350 anos de história, a alemã Merck moderniza sua fábrica no Brasil aposta em programas para ampliar o acesso a seus medicamentos

Guilherme Maradei, presidente da Merck: a energia gasta para fabricar  cada unidade de produto caiu 70% desde 2008   (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Maradei, presidente da Merck: a energia gasta para fabricar cada unidade de produto caiu 70% desde 2008 (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 05h17.

Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 05h17.

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mais antiga indústria farmacêutica do mundofundada em 1668, na Alemanha —, Merck- atua em cerca de 70 países ao redor do mundo. No Brasil, é uma companhia quase centenária — iniciou suas atividades por aqui em 1923, quando começou a produzir solventes e ácidos orgânicos no interior de Minas Gerais. Dez anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde está hoje sua única fábrica no país. O parque industrial, no bairro de Jacarepaguá, recebeu nos últimos cinco anos mais de 160 milhões de reais em investimento para sua modernização e expansão. Com a inauguração da nova linha de produção, no início deste ano, que adicionou  uma capacidade de fabricação de até 1 bilhão de comprimidos por ano, a Merck deu um passo importante para manter-se cada vez mais ambientalmente eficiente, como demonstram os resultados dos últimos anos.

Entre 2008 e 2016, o uso de energia por unidade fabricada caiu 70%, enquanto o de água foi reduzido em 76%. No ano passado, a Merck consumiu 40% menos gás natural do que em 2015, o que contribuiu para diminuir as emissões diretas de gases de efeito estufa em 35%. “Na modernização da fábrica, trouxemos equipamentos de última geração que nos permitirão reduzir ainda mais o uso de recursos e também os custos”, diz Guilherme Maradei, presidente da Merck. “Com isso, também poderemos manter nossos programas de acesso a medicamentos.”

Segundo Maradei, o ganho de eficiência permitiu que a companhia mantivesse, nos últimos seis anos, o preço do medicamento para diabetes que fornece ao programa Farmácia Popular do Brasil, do governo federal, de distribuição a preços subsidiados para pessoas de baixa renda. O diabetes pode levar a complicações como cegueira e amputação de membros e, em 2016, atingia quase 10% dos brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Para ampliar o acesso a medicamentos, a Merck também realiza projetos em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Saúde.

O principal deles é o desenvolvimento de uma nova formulação para o medicamento contra a esquistossomose, doença que afeta quase 240 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Dissolúvel em água para facilitar sua administração a crianças com menos de 6 anos, a nova terapia deverá estar no mercado em 2019. E fará parte do programa global de doações da Merck, que já destinou 200 milhões de comprimidos a 33 países africanos com grande número de doentes.

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DOSES HOMEOPÁTICAS PARA O MERCADO DE ANIMAIS

Pioneira no Brasil em medicamentos veterinários que seguem os princípios da homeopatia, a Arenales tenta superar a resistência dos clientes oferecendo tratamentos de baixo impacto no meio ambiente | Gustavo Magaldi

Arenales, uma empresa farmacêutica familiar especializada em produtos homeopáticos para animais, iniciou suas atividades em Presidente Prudente, no interior paulista,  em 2000. Antes disso, sua fundadora e diretora-geral, a bióloga e médica veterinária Maria do Carmo Arenales, percorreu um longo caminho em busca da autorização legal para fabricar e comercializar medicamentos homeopáticos específicos para animais — um campo relativamente novo no Brasil, mas praticado na Europa desde o fim do século 18, quando o alemão Samuel Hahnemann publicou os primeiros estudos de homeopatia. “Ao me formar veterinária em 1980, fiquei inconformada com a alopatia, que oferecia medicamentos caros e não curava os animais, fazendo com que a eutanásia se tornasse uma verdadeira instituição”, diz Maria do Carmo. “Decidi, então, buscar novas terapias e encontrei a homeopatia, que não tem efeitos colaterais e é muito mais eficaz.”

Depois de crescer, em média, 20% nos últimos cinco anos, a Arenales fabrica hoje cerca de 1 milhão de doses mensais de 130 produtos destinados ao tratamento de bovinos, equinos, caprinos, ovinos e suínos, além de pequenos animais como cães, gatos, aves e peixes. O laboratório instalado em Presidente Prudente é o primeiro do país especializado na manipulação de remédios homeopáticos para animais.

A linha para gado representa metade da produção; e o segmento de animais domésticos, cerca de 15%. “Há muito potencial para crescimento no mercado de pets, mas, infelizmente, ainda existe muito preconceito em relação à homeopatia”, diz Maria do Carmo. O princípio básico é ministrar ao animal doente doses mínimas do medicamento para evitar o agravamento dos sintomas e estimular a reação orgânica para a cura. Segundo ela, a homeopatia pode diminuir em até 95% o uso de antibióticos, carrapaticidas e vermífugos em gados leiteiros, por exemplo. Por não conter componentes tóxicos, os medicamentos homeo-páticos não deixam resíduos no meio ambiente, e suas embalagens podem ser recicladas sem restrições.

A preocupação ambiental da Arenales também está presente em sua fábrica. Todo o lixo gerado pela empresa é separado e armazenado de forma que possa ser reciclado. A água é usada com o máximo de eficiência por meio da captação de chuva e da reutilização da água descartada pelo destilador. Assim, a empresa economiza, por ano, 108 000 litros do recurso. O próximo passo para tornar a fábrica ainda mais amigável para o meio ambiente é a implantação de um sistema de aquecimento solar da água, o que está previsto para 2019.

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POR QUE É PRECISO INCLUIR E DIVERSIFICAR

Para a empresa farmacêutica suíça Novartis, valorizar a diversidade dos funcionários é a chave para atender às necessidades cada vez mais variadas e complexas de seus pacientes | Gustavo Magaldi

Nos últimos três anos, a farmacêutica suíça Novartis investiu 222 milhões de reais em pesquisas clínicas no Brasil, beneficiando mais de 30 000 pacientes. Essas pesquisas são fundamentais para desenvolver medicamentos para tratamento e prevenção de diversas doenças. Para a Novartis —criada por meio da fusão da Ciba-Geigy com a Sandoz em 1996, mas cuja origem remonta a meados do século 18 —, tão importante quanto fazer pesquisas é investir no público interno, para formar um grupo de funcionários com talentos diversos. Afinal, a diversidade ajuda a entender melhor os clientes — que também se diversificam cada vez mais — e a identificar suas necessidades.

Um exemplo da bem-sucedida política de diversidade e inclusão da Novartis no Brasil é o assistente administrativo Paulo Policastri, que trabalha na área de marketing e vendas de oncologia. No ano passado, ele publicou um vídeo na internet com um depoimento sobre seus dez anos na Novartis. Na mensagem, que obteve mais de 13 000 visualizações, Policastri ressaltou a importância da inclusão no mercado de trabalho de profissionais como ele, que tem síndrome de Down, e relatou sua experiência como voluntário e palestrante.

Policastri é um dos 30 membros do comitê de diversidade e inclusão — formado em parte por pessoas com deficiência e mulheres —, cujo objetivo é sugerir e desenvolver 25 iniciativas anuais acerca do tema, incluindo programas de desenvolvimento da mulher no trabalho e campanhas de conscientização sobre a importância da diversidade. O comitê, que existe desde 2008, realiza reuniões regulares e atua, entre outros aspectos, na identificação dos problemas enfrentados por pessoas com deficiência na rotina da empresa. Para que cada assunto discutido tenha encaminhamento até uma resolução oficial, um representante da área de gestão de pessoas acompanha as reuniões.

Outro valor corporativo incentivado pela Novartis é a ética. “Nosso lema é que a maneira como são atingidos os resultados é tão importante quanto — ou até mais importante do que — os resultados em si”, afirma José Antônio Vieira, presidente da Novartis. Isso se traduz, no dia a dia da empresa, em treinamentos sobre o código de conduta e na remuneração variável dos executivos, que leva em conta o aspecto comportamental na definição de bônus. O trabalho de reforço da ética está refletido no estudo anual de clima realizado com funcionários. A pesquisa de 2017 revela que 92% do público interno entende o código de conduta e sabe como aplicá-lo; e 90% afirmam que cultivar um elevado padrão ético é mais importante do que atingir metas.

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ALIADOS NO COMBATE AO CÂNCER DO COLO DE ÚTERO

A suíça Roche se une a governos estaduais para detectar precocemente o terceiro tipo de tumor mais frequente entre as mulheres no Brasil — e que poderia ser prevenido com ações simples | Gustavo Magaldi

Fundada em 1896, na Suíça, a Roche atua em mais de 100 países por meio de duas divisões: farmacêutica, na qual se destaca em terapias do câncer, e diagnóstica, na qual é líder mundial em testes diagnósticos in vitro. No Brasil, a empresa está presente desde 1931 e, há dois anos, iniciou a modernização de sua fábrica no Rio de Janeiro, com 300 milhões de reais em investimentos previstos até 2020. Paralelamente, a Roche está usando seu conhecimento na área para convencer governos estaduais a investir na prevenção e na detecção precoce do câncer do colo de útero.

Esse tipo de tumor atingiu 16.340 mulheres no Brasil em 2016 — é a terceira forma de câncer mais comum entre as brasileiras. Em média, de cada grupo de 100.000 mulheres no país, 16 sofrem com o problema e cinco acabam morrendo. Mais de 70% dos diagnósticos são feitos em fases avançadas da doença. Com um detalhe: esse é um dos poucos cânceres que poderiam ser prevenidos com o uso de preservativo e vacinação contra o vírus HPV, que causa a doença.

A Roche, que obtém 65% de suas receitas com terapias oncológicas, está auxiliando os governos de Amazonas e Pará — dois dos estados com maior incidência de câncer do colo de útero no Brasil — a elaborar programas de maior impacto na redução dos casos. A empresa fez encontros com representantes da saúde pública dos dois estados com o objetivo de mapear as barreiras que impedem o diagnóstico precoce da doença. A ação já resultou em 11 projetos regionais, que têm apresentado propostas para melhorar o quadro. A partir de 2018, o Maranhão também entrará no projeto. “Essa parceria mostra que governos e empresas privadas podem trabalhar juntos para resolver problemas de saúde”, diz Rolf Hoenger, presidente da Roche no Brasil. “Se quisermos promover um impacto real, temos de conhecer bem o assunto, e toda parceria é bem-vinda.”

A companhia adquiriu conhecimento prático importante ao realizar projetos sociais no Nordeste. Desde 2013, a Roche apoia financeiramente a realização de atendimentos médicos gratuitos que já beneficiaram mais de 30.000 pessoas de baixa renda de 35 municípios da região. No ano passado, foram realizados pouco mais de 1.000 atendimentos e dois mutirões para prevenção e detecção de câncer de pele e do colo de útero. Essas ações envolveram 70 cirurgias para retirada de lesões e biópsias. Além de contribuir para melhorar a saúde pública no Brasil, a aproximação com governos serve ao propósito da Roche de obter 50% de seu faturamento no país com vendas ao setor público — no ano passado, essa fatia girou em torno de 25%.

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