Revista Exame

As melhores cidades para fazer negócios do Brasil de 2023

EXAME publica a décima edição do ranking das melhores cidades para fazer negócios no Brasil, da Urban Systems, que traz uma redescoberta: os dados do novo censo e seus impactos pelo país

Barreiras, na Bahia: melhor cidade para fazer negócios no agro vive boom de comércio, serviços e imóveis (Divulgação/Divulgação)

Barreiras, na Bahia: melhor cidade para fazer negócios no agro vive boom de comércio, serviços e imóveis (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 19h00.

Entre os milhares de municípios do Brasil, onde investir em novos negócios? Há dez anos, a EXAME busca ajudar empreendedores e empresas a responder a essa questão, com o ranking Melhores Cidades para fazer Negócios.

A pesquisa deste ano tem como o base o Censo 2022. “Isso gerou uma mudança grande, porque a gente vinha com as projeções do Censo 2010. Muitos municípios ficaram de fora, porque passaram a ter menos de 100.000 habitantes, e outros tiveram queda forte de população”, afirma Paulo Takito, diretor da Urban Systems. O estudo levou em conta 319 cidades todos os municípios do Brasil com mais de 100.000 habitantes. Vivem neles 115,6 milhões de pessoas.

Em relação ao ano passado, houve avanço de São Paulo, que passou a liderar em quatro categorias, em vez de duas: Educação, Comércio, Serviços e Mercado Imobiliário. No Agronegócio, a vitória foi de Barreiras, que se consolida como um polo de comércio, serviços e moradia. Outra novidade entre as vencedoras é Joinville, na categoria Indústria. Conheça mais sobre as campeãs nas próximas páginas.


Saúde

Em estreia da categoria, Salvador se destaca por crescimento do número de estabelecimentos no último ano

No último ano, Salvador teve um aumento de 11,8% no total de estabelecimentos de saúde. Entre as novidades estão a duplicação do Hospital São Rafael e a construção do Aliança Star, da Rede D’Or São Luiz, que será uma das instituições mais avançadas do Nordeste. Apesar do aumento da rede, ainda há bastante demanda a atender. Isso levou a capital baiana a ser eleita a melhor cidade para fazer negócios em Saúde. A cidade tem apenas 34% da população com plano de saúde, número considerado baixo na comparação com outras capitais, e um baixo investimento público em saúde por habitante, de 813 reais.

Por outro lado, a cidade tem buscado inovações na saúde pública, como a operação do primeiro hospital por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) iniciada em 2010. De lá para cá, o Hospital do Subúrbio já realizou mais de 1 milhão de atendimentos e teve o contrato de concessão renovado neste ano. “Outro destaque é que Salvador já conta com sistema de prontuário eletrônico nas Unidades Básicas de Saúde, o que facilita a vida de todo mundo, inclusive do setor privado”, aponta Takito. Para atrair mais empresas do setor, a prefeitura investiu em reduzir impostos e desburocratizar procedimentos. “Temos uma política de incentivos fiscais para o setor de saúde, de 2%, o que atraiu empresas privadas”, diz o prefeito Bruno Reis (União). A arrecadação de impostos do setor tem peso importante na cidade: responde por 22% do total de ISS pago no município. Ao mesmo tempo, o setor se beneficia de outras iniciativas da prefeitura. “O prazo de abertura de empresas em Salvador foi reduzido para 4 horas. O poder público pega na mão do empresário e percorre todas as áreas, fazendo com que haja segurança e tranquilidade jurídica para quem quer investir”, diz o prefeito.

Nas primeiras posições do ranking, depois de Salvador, vieram Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília e São Paulo. Entre as cidades que não são capitais, destaque para Lauro de Freitas, na Bahia, em sexto lugar; São José, em Santa Catarina, em nono; e Ribeirão Preto, em São Paulo, em 11o. Isso mostra uma descentralização das oportunidades no setor, segundo análise da Urban Systems, que elabora o estudo. O ranking é calculado com base em um Índice de Qualidade Mercadológica (IQM), que aponta quais municípios oferecem melhores condições para as empresas, com base em dados de população, de fluxo de comércio, características urbanas e infraestrutura, entre outros pontos. Na categoria Saúde são analisados nove indicadores, incluindo investimento público em saúde por habitante, total de leitos privados para internação, número de médicos, enfermeiros e obstetras na cidade. Esta é a primeira vez que a categoria faz parte do ranking. Na última década, o setor vem aumentando sua participação na economia. Segundo dados do estudo Conta Satélite de Saúde, do IBGE, o total desembolsado passou de 8% do PIB do país em 2010 para 9,6% em 2019, dado mais recente disponível.


Imobiliário

São Paulo passa por boom de construções na esteira de mudanças no Plano Diretor e ainda tem muito espaço para crescer

A aparência de São Paulo está mudando, e em ritmo acelerado. Ao circular pela cidade, é impossível não ver inúmeras novas torres subindo, muitas vezes em áreas onde antes ficavam galpões industriais ou casas térreas. O fenômeno ganha força em bairros como Pirituba, Lapa, Vila Madalena e Vila Prudente. A mudança no aspecto da cidade é puxada pelo Plano Diretor Municipal, adotado em 2014 e que passou por revisão em 2023. O documento estimula a construção de mais moradias perto de estações de trem e metrô e de corredores de ônibus, os chamados eixos de transporte. Nessas áreas, o zoneamento permite às construtoras fazer prédios mais altos do que em outras partes da cidade, o que tem levado à produção de mais moradias em ritmo acelerado. Com isso, mais pessoas podem viver perto de áreas bem servidas de transporte e serviços, o que traz melhora na qualidade de vida.

“A revisão do Plano Diretor está movimentando a cidade. A gente vai ter menos concentração de apartamentos pequenos, como os estúdios, e voltar a ter uma maior diversidade”, diz Paulo Takito, diretor da Urban Systems Brasil. Em meio a essa efervescência de concreto e guindastes, a capital paulista foi apontada como melhor cidade para fazer negócios no setor imobiliário, segundo ranking da consultoria Urban Systems.

Takito afirma que a cidade continua crescendo, e que ainda tem muito potencial. “São Paulo tem uma demanda para 300.000 domicílios nos próximos cinco anos”, diz o diretor. Ele destaca ainda que a cidade teve crescimento de 5,7% no número de empresas do setor, e um acréscimo de quase 30.000 empregos na área.  Além dos projetos tocados pela iniciativa privada, a prefeitura de São Paulo realiza um amplo plano de construção de moradias populares. “Já entregamos 6.540 unidades, temos 16.200 unidades em construção neste momento, vamos contratar mais 45.000 e pretendemos chegar até o fim do ano que vem com 110.000 unidades”, diz Milton Vieira, secretário de Habitação da cidade de São Paulo. “Isso vai fomentar o mercado para as construtoras, gerar emprego e renda e amenizar o déficit habitacional.” A prefeitura também investe em outras ações, como a regularização fundiária para comunidades que foram erguidas em áreas irregulares.

A cidade vive um momento de alta tanto no mercado para moradia quanto no comercial. De acordo com o Índice FipeZAP, São Paulo é a capital mais valorizada tanto para locação quanto para venda. O preço médio de venda em São Paulo no terceiro trimestre de 2023 foi de 10.659 reais por metro quadrado, alta de 4,78% em relação ao mesmo período do ano passado. O preço médio na capital paulista é bem superior ao número médio do Brasil, que fechou em 8.697 reais por metro quadrado. Já no setor corporativo, a cidade tem registrado um aumento médio anual de mais de 119.000 metros quadrados, segundo dados da consultoria Newmark. “Enquanto acompanhamos os desafios enfrentados nos principais mercados dos Estados Unidos, que têm apresentado retração de demanda, preços e investimentos, São Paulo mostra trajetória de recuperação. A taxa média de vacância dos escritórios está em queda”, afirma Mariana Hananaia, analista da Newmark. “São Paulo é o maior mercado de escritórios da América Latina e do país, mas ainda possui grande potencial de ­desenvolvimento.”


Agronegócio

Barreiras, na Bahia, vive momento de expansão de comércio, serviços e mercado imobiliário, e tem espaço para ampliar a produção

Não é comum esperar um voo sentado embaixo de uma árvore ao ar livre. Mas é assim no aeroporto de Barreiras. O pequeno terminal, sem ar-condicionado e com telhas antigas de cerâmica, tem uma lanchonete com mesas ao ar livre como sala de espera. Mas basta prestar atenção nas conversas ao redor para ver que a simplicidade do local está longe de significar pobreza. Ali, sentados em mesas dobráveis de madeira, empresários do agro ligam seus notebooks de ponta para fazer contas, analisam relatórios e falam sobre seus negócios, que envolvem milhões de reais.

A cidade foi eleita a melhor para fazer negócios no agro, segundo ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME. Entre os pontos de destaque, Barreiras teve neste ano alta de 36% na exportação de produtos agropecuários, o que representa 302.000 toneladas, e a cidade tem uma parcela maior de trabalhadores do agro que ganham acima de cinco salários mínimos, na comparação com outros municípios. Com 159.000 habitantes, a cidade viveu um boom nos últimos anos e se consolidou como “capital do oeste”, onde fazendeiros da região gastam parte de seus ganhos. Pelas ruas, espalham-se lojas de roupas, algumas de grifes, restaurantes variados e padarias elegantes. Eles dividem as calçadas com muitas clínicas, de oftalmologia a botox. A cidade, ainda, é sede de várias sucursais de órgãos federais, como o Dnit e a Justiça Federal, e de escolas, o que atrai muitos visitantes de cidades vizinhas todos os dias e gera um pequeno engarrafamento nos horários de pico nos acessos à cidade. “Praticamente todos os pecuaristas da região moram em Barreiras, apesar de as atividades deles ficarem nos municípios próximos”, diz Davi Schmidt, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras.

O mercado imobiliário vive um momento de forte alta. Há desde prédios com apartamentos tipo estúdio até moradias de 400 metros quadrados, que praticamente dobraram de preço na última década e são vendidos rapidamente. “Houve uma grande migração do pessoal do sul para o oeste da Bahia a partir dos anos 1980, e hoje seus filhos estão na idade entre 25 e 40 anos. Estamos produzindo imóveis para essa segunda geração de produtores”, conta Henrique Leão, CEO da construtora Solare, que movimenta atualmente 500 milhões de reais em volume geral de vendas (VGV). “Hoje em dia a expansão das áreas agricultáveis do oeste da Bahia está vindo na direção do Rio São Francisco, e isso vai beneficiar Barreiras, que receberá mais produtores”, diz Leão.

Outra vantagem de Barreiras é a logística. Além do aeroporto, a cidade é um entroncamento de três rodovias federais e duas estaduais. Nos últimos anos, o avanço foi sentido literalmente nas ruas: o total de vias asfaltadas superou 200 quilômetros. “Tínhamos uma inadimplência de 70% do IPTU, e hoje é de 15%. As pessoas passaram a pagar os impostos porque viram que estavam tendo retorno. E a atração de empresas aumentou a arrecadação com ICMS e ISS”, diz Zito Barbosa, prefeito de Barreiras. O avanço agrícola na região começou nos anos 1980, quando novas tecnologias favoreceram as plantações no oeste da Bahia. Luiz Carlos Bergamaschi, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), foi um dos pioneiros. Ele veio de Santa Catarina com o pai, em 1988. O avanço de novas técnicas, como usar mais calcário para corrigir a acidez do solo, fez a produção deslanchar a partir dos anos 1990, com soja e algodão. Hoje, a região tem muitos negócios que envolvem pecuária, feijão, café e cacau. Nas últimas décadas, também houve avanços na educação, como a criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), em 2013. “Aluno nosso já tem startup. Nosso projeto é impulsionar um parque tecnológico”, diz Erick Cajavilca, superintendente de Inovação da Ufob. “Há 15 anos, um pivô jogava água a 4 metros de altura e perdia metade da água por evaporação antes de chegar ao solo. Hoje temos pivôs bem mais eficientes, técnicas de tratamento do solo e de sementes que fazem a região ser altamente produtiva”, diz.


Comércio

São Paulo se mantém na liderança do levantamento pelo terceiro ano seguido, com destaque para todos os segmentos do setor

Com crescimento de empregos e da renda no município, São Paulo é a melhor cidade para fazer negócios no setor de comércio, segundo ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME. Esse é o terceiro ano consecutivo que o município lidera no setor, após queda em 2020 durante a pandemia de covid-19, quando Barueri assumiu a primeira posição.

São Paulo teve resultado positivo em todos os indicadores do levantamento, com exceção do crescimento populacional, que apresentou queda com os dados atualizados pelo Censo 2022. Entre os indicadores, a cidade teve os melhores resultados entre crescimento das empresas comerciais varejistas, crescimento das empresas comerciais atacadistas, saldo de empregos no setor comercial varejista e saldo de empregos no setor comercial atacadista.

Para além dos dados de relação que mostram a demanda e a oferta de empregos do setor, São Paulo se destaca pela velocidade para abertura de uma nova empresa, com tempo médio de 12 horas, segundo o Mapa das Empresas do governo federal.

Os dados do levantamento mostram ainda que no primeiro trimestre de 2023 o comércio atingiu o maior resultado do varejo para o período, com receita de 74,9 bilhões de reais, alta de 7,9 bilhões na comparação com o primeiro trimestre de 2021.

Oito segmentos do setor, como lojas de vestuário, tecidos e calçados, lojas de móveis e decoração, tiveram expansão em São Paulo em 2023.

Na avaliação de Fabio Pina, assessor econômico da FecomercioSP, o resultado não surpreende e se explica pelo potencial de demanda da maior cidade do país. “São Paulo atrai grandes negócios pela quantidade de consumidores potenciais. Com uma renda per capita alta e uma grande quantidade de pessoas, São Paulo se torna imbatível no comércio e na prestação de serviços”, diz.

No recorte estadual, o estado de São Paulo concentra 40% das melhores cidades para investir no setor, uma queda de 10 pontos percentuais em relação à pesquisa de 2022. O impacto do Censo 2022, que revelou que a população brasileira cresceu menos que o previsto, mudou a base de demanda do setor por reduzir a estimativa populacional em 221 das 319 cidades analisadas. Na sequência, Santa Catarina foi o estado com maior representatividade na lista, com 11 cidades entre as melhores para fazer negócios no comércio.

Na categoria Comércio, são analisados dez indicadores: empregos no setor com média e alta remuneração; renda do trabalhador do comércio varejista; renda do trabalhador do comércio atacadista; estabelecimentos comerciais varejistas; estabelecimentos comerciais atacadistas; empregos no comércio varejista; empregos no comércio atacadista; crescimento populacional; densidade de banda larga; e renda do trabalhador formal.


Indústria

Joinville está o topo do ranking com avanço do emprego e proximidade de portos e aeroportos, depois de não figurar entre as 100 melhores cidades de 2022

Com um polo industrial referência em Santa Catarina e proximidade de portos e aeroportos, Joinville é a melhor cidade para fazer negócios na indústria, segundo ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME. O município, que não figurou entre as 100 melhores cidades de 2022, desbancou Caxias do Sul.

Joinville teve um saldo positivo de 1.400 empregos no setor da indústria da transformação, crescimento de 3,7% no número de empresas do setor, aumento de 9,95% na exportação de produtos industriais e concentração de 34% do total de empregos formais da cidade no setor industrial. Para além desses fatores, Joinville está próxima de cinco portos e de três aeroportos, o que dá condições para importação e exportação e atrai empresas para a região.

Para Pablo Bittencourt, economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), o resultado positivo para a cidade se explica pela estrutura industrial diversificada, presença de fornecedores e disponibilidade de mão de obra qualificada.

“Imagine que uma força de trabalho acostumada com processos produtivos de diversos formatos industriais também está habituada a encontrar soluções para problemas eventuais que possam surgir nesses processos de produção”, diz Bittencourt.

O tempo médio para abertura de uma empresa também é destaque no município, com um dia e 2 horas, segundo o Mapa de Empresas do governo federal. O prefeito de ­Joinville, Adriano Silva (Novo), afirma que sua administração buscou diminuir a burocracia e entender outras dores do setor. “Criamos um espaço para empreendedores de todos os tamanhos, não só da indústria, para discussão e orientação sobre abertura e desenvolvimento de negócios na cidade”, diz.

Entre as empresas alocadas na cidade estão Tupy, Schulz, Tigre e Whirlpool, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid. “Temos um setor tão forte que todo mundo deve ter um produto fabricado em Joinville em sua casa”, afirma Silva.

Questionado sobre os planos para o futuro da indústria da região, Silva revela que criou em conjunto com o Sebrae um plano estratégico que inclui a indústria. Esse planejamento identificou que a cidade precisa de mais áreas homologadas para as empresas se instalarem. “Teremos dois novos distritos industriais, um com incentivo fiscal para estimular a viabilidade do projeto, e outro com uma área de expansão urbana para ser um grande pulmão de novos terrenos para atender essa demanda de novas indústrias”, explica.

Apesar de ter a cidade líder do setor, Santa Catarina tem apenas dez cidades entre as 100 do ranking, ao lado de Minas Gerais. A liderança é do estado de São Paulo, com 33% das melhores cidades para investir na indústria — apenas Sertãozinho, porém, está entre as dez primeiras posições. No segundo lugar, o Rio Grande do sul tem 12 municípios entre as principais do levantamento.

Na categoria Indústria, são analisados dez indicadores: empregos no setor industrial; empregos no setor com média e alta remuneração; renda do trabalhador na indústria; estabelecimentos industriais; exportação industrial; distância do aeroporto; distância do porto de exportação mais próximo; paralisações no serviço de água; rodovias federais; e concentração de empregos no setor.


Educação

A cidade de São Paulo retomou a primeira posição em um contexto de avanço do ensino superior à distância com competição entre o setor público e o privado

Com aumento no número de escolas de educação básica e alto índice de empregos formais qualificados, São Paulo é a melhor cidade para fazer negócios na Educação, segundo ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME.

De acordo com o estudo, o resultado é explicado pelo saldo positivo no número de empregos no setor de educação, com 11.805 postos criados, além da concentração de 5,87% de todas as matrículas de educação básica do país no município. O levantamento ressalta ainda o crescimento do ensino superior à distância com competição do setor público e privado, tanto na cidade quanto no estado de São Paulo.

Segundo dados da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), o segmento cresceu 38% em 2023 e já alcança 83.000 alunos. A Univesp abriu dez polos para atender a demanda. Os números mostram ainda que o ensino à distância, principalmente o gratuito, virou uma alternativa para estudantes de escola pública, mulheres e pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos.

Paulo Takito, diretor da Urban Systems, afirma que é importante ressaltar que o levantamento não é sobre a qualidade do ensino, e sim sobre as oportunidades para fazer negócios nesse setor. “Avaliamos demanda, número de matrículas, de estabelecimentos e de alunos por escola. Acreditamos também que, quanto mais empregos qualificados na cidade, maior a possibilidade de os pais valorizarem a educação dos filhos”, explica.

São Paulo retomou a primeira posição do ranking em um ano em que diversas cidades apresentaram números negativos no setor. A capital paulista, além de subir uma posição, conseguiu não despencar como outros municípios. Florianópolis, que foi líder na edição de 2022, ocupa a 25a posição, e Maricá, terceira colocada no ano passado, desabou para a 79a posição.

Em contrapartida, estados que tiveram um desempenho baixo em 2022 tiveram um salto neste ano. O Rio de Janeiro, 58o colocado no ano passado, assumiu a vice-liderança no levantamento, seguido de Salvador, que pulou de 92a colocada para a terceira posição em um ano.

No recorte estadual, São Paulo concentra 23 cidades entre as melhores para investir em educação, 13 a menos do que na edição anterior. Na sequência aparecem os estados de Minas Gerais, com 18 cidades, e Paraná, com 11.

Na categoria Educação, são analisados 12 indicadores: matrículas na educação básica total; matrículas na educação privada; escolas na educação básica; variação do número de alunos por escola; matrículas na educação superior total; matrículas na educação superior privada; estabelecimentos na educação superior; variação do número de alunos por estabelecimento; empregos na educação; e concentração de matrículas da educação superior.


Serviços

São Paulo reassume a liderança do setor, com destaque para a diversificação econômica e a geração de emprego

Com um saldo de 70.000 novos empregos em 2023 e mão de obra qualificada, São Paulo é a melhor cidade para fazer negócios no setor de serviços, segundo ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME. O município retomou a liderança do levantamento depois de ficar na terceira posição em 2022 e na segunda em 2021. Entre os indicadores que mostram o bom momento do setor em São Paulo estão o crescimento de 5,9% do número de estabelecimentos, a quantidade de empregos com alta remuneração, o que mostra um setor qualificado, e a velocidade de internet banda larga oferecida na cidade.

O estudo destaca ainda que o município tem diversificação econômica, com 3,5 empregos no setor privado para cada emprego na administração pública. Esse indicador considera que, apesar de os empregos no setor público serem positivos pela estabilidade da renda da região, uma maior diversidade de ocupações resulta em mais dinamismo da cidade, o que impacta o consumo e a oferta de mão de obra para o setor de serviços.

Os dados mostram também que o faturamento do setor na cidade atingiu 351 bilhões de reais no primeiro semestre deste ano, aumento de 8,8% em relação ao mesmo período do ano passado. A queda da inflação, a melhora do mercado de trabalho e o reajuste do salário são apontados como vetores para o crescimento dos serviços. Turismo, hospedagem e eventos tiveram um crescimento de 83% e mostram uma retomada forte para níveis pré-pandemia. São Paulo teve diversos shows internacionais e festivais em 2023.

Para Paulo Takito, diretor da Urban Systems, apesar de São Paulo ter perdido a liderança nos últimos anos, é fácil explicar a retomada. “A cidade de São Paulo se destaca na atração de empresas e empregos mais qualificados no setor, se restabelece como polo no turismo de negócios com a retomada dos eventos e se recupera dos efeitos da pandemia”, explica.

No recorte por estados, São Paulo ainda concentra mais cidades entre as melhores para investir em serviços, com 27%. Minas Gerais e Santa Catarina são outras unidades da federação com mais cidades entre as melhores, com destaque para Belo Horizonte, na sexta colocação, e Florianópolis, na quinta posição.

Na categoria Serviços, são analisados oito indicadores: empregos no setor de serviços; empregos no setor de serviços com média e alta remuneração; renda do trabalhador do setor de serviços; estabelecimento de serviços; velocidade média da internet; empregos qualificados; relação entre empregos em serviços e administração pública; e empresas grandes.


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